Aprendemos a falar com meses de idade e a ouvir quando estamos ainda na barriga da mãe. O nosso olfacto desenvolve-se também na mesma altura. No entanto, um dos nossos sentidos mais importantes só se desenvolve na sala de aula.
São os professores que nos ensinam a olhar. A observar o mundo que nos rodeia, a perceber a vida, as oportunidades. A entender como as coisas funcionam (ou deveriam funcionar).
É na sala de aula que as crianças aprendem a ler – talvez um dos maiores poderes já dados ao ser humano. E quando uma criança aprende a ler, cria asas.
É na sala de aula que as crianças aprendem a primeira letra do alfabeto e aprendem a junta-la a todas as outras. São os professores que ensinam às crianças a importância da comunicação e como as palavras têm vida.
É na sala de aula que os miúdos sonham em seguir os exemplos dos seus professores, talvez já sabendo que a educação pode mudar o mundo. O meu, o teu, o de todos os que nos rodeiam.
Vivemos numa sociedade de classes – o que torna tudo mais desequilibrado. Para piorar o quadro negro da educação as escolas públicas sofrem o peso da incapacidade dos políticos, bem como das suas genialidades para nos tirar o dinheiro dos quadros, dos giz, dos lanches, do inglês e do salário de quem possibilita que tudo isto aconteça.
As crianças que sonham um dia partilhar o que aprenderam ainda não sabem o que há por trás do sorriso de quem as olha com afecto desde o primeiro dia de aulas. Atrás do amor que sustenta a missão do professor – e que é certamente o que o faz continuar, há uma vida dura e cheia de recomeços.
Os salários que não chegam para as contas, a falta de estrutura para trabalhar, o peso de levar às costas a responsabilidade de educar crianças que já nascem destinadas ao fracasso e a dificuldade de convencê-las de que isso não tem de ser verdade. Será simples a missão de quem educa?
Precisamos de assumir esta luta em conjunto com os professores e educadores, com os directores das escolas e os orientadores e procurar uma solução como quem procura a cura de uma doença. O défice na educação é a doença da sociedade e quem morre não somos nós, mas os sonhos daqueles que ocuparão as Câmaras e todos os outros cargos por aí.
Se a educação não pode salvar o mundo, quem mais o fará?
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Por Ju Farias, em A soma de Todos os afetos
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