O corpo é uma expressão do nosso inconsciente e fala sobre todas as emoções que não puderam ser expressas. Fala sobre a nossa história de vida, sobre a forma como nos adaptamos à nossa família e ao meio ambiente, sobre tudo o que precisamos de ir deitando para “trás das costas” como forma de sobrevivermos. Fala sobre tudo o que o coração sente mas a mente desvia e disfarça…
Qualquer bloqueio energético afecta o nosso movimento, postura, crescimento, estatura, tom de pele, temperatura e fluxo energético. Se na nossa história existe energia que é retirada de uma parte do corpo, essa parte desenvolve-se menos. Pode ser mais fria ao toque, pode ter menos cor, pode mover-se para dentro ou ser atirada para fora sem limites. Estes padrões de tensão corporal fazem parte da história congelada de cada pessoa. Cada padrão de tensão, bem como o tipo de emoções que ficam retidas, falam sobre nós. São as nossas couraças, a forma como o corpo reagiu e se adaptou às várias situações. Podemos considerar as tensões do corpo, como uma série de contracções, criadas em situações de emergência, cujo efeito é limitar o movimento, a respiração e o sentimento, como única alternativa de acção disponível.
Essas contracções por vezes tornam-se crónicas e dividem o corpo em segmentos separados.
Wilhelm Reich criou a partir da psicanálise uma nova abordagem terapêutica com intervenções a nível corporal, denominada de Vegetoterapia ou Orgonoterapia, na qual, descreveu 7 segmentos corporais, para os quais desenvolveu uma intervenção específica que visa reestabelecer o fluxo energético perdido. Um fluxo que ficou perdido ou retido, algures no nosso desenvolvimento e que precisa ser resgatado.
Infelizmente para nós, seres racionais, esse fluxo não se resgata apenas através da mente. É preciso ir ao corpo. Desenvolver a nossa consciência corporal, para com ele e através dele refazer etapas que por algum motivo ficaram comprometidas. É uma intervenção a nível verbal e não-verbal.
Na verdade, algumas das situações traumáticas foram vividas na primeira infância, época à qual a nossa memória intelectual não consegue aceder, o que torna o trabalho apenas ao nível do verbal bastante limitado. O nosso corpo esforça-se por nos dar essas informações, por vezes de forma delicada, outras vezes através de somatizações, mas nós não estamos preparados para sentir e ouvir essa forma de comunicação que nos é desconhecida e negligenciamos esta via preciosa no nosso percurso de auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal. São “insights” que o nosso corpo nos dá e que muitas vezes nos permitem compreender algo que até à data nos parecia incompreensível. Porque é que eu reajo desta maneira? Porque é que eu preciso tanto do reconhecimento por parte dos outros? Porque é que, por mais que faça e que os outros me façam, nunca me sinto verdadeiramente satisfeita?
Porque é que eu descarrego na comida todas as minhas frustrações?
Ouvir o corpo é poder comunicar com o nosso inconsciente. É tornarmo-nos todos os dias pessoas mais conscientes do nosso ser, da nossa história e da nossa caminhada.
Ana Galhardo Simões, Psicoterapeuta Corporal, para Up To Kids®
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Considero a psicoterapia como uma ferramenta fundamental no desenvolvimento pessoal, na qualidade de vida e de relação com os outros. A psicoterapia é para todos e não apenas para alguns.