5 motivos porque digo palavrões à frente dos meus filhos
Há três anos atrás, o meu marido fez uma promessa unilateral aos meus filhos: cada vez que um de nós dissesse um palavrão poríamos 20cts no frasco das asneiras. Se algum dia o frasco estivesse cheio, o dinheiro ficaria para os miúdos. Quando me transmitiu esta decisão, eu só tive duas coisas a dizer, primeiro que tudo: WTF? E segundo: ´Tás a gozar?!
Meti logo 10€ no frasco e disse-lhes que era um adiantamento para o verão. Os miúdos ficaram baralhados, até porque ainda não têm a noção do valor do dinheiro, e acham que tudo o que são notas vale milhões de euros.
O meu marido, foi mais fiel ao prometido. Antes de chegar ao outono já quase tinha acabado com as nossas poupanças! Por isso, depois dos miúdos fazerem a primeira divisão do dinheiro, sim o frasco estava cheio, alteramos a política dos palavrões lá em casa. As asneiras voltaram livremente e podíamos dizer qualquer merda que nos apetecesse sem nos justificarmos.
Aqui estão as cinco razões que nos levaram a pensar assim:
1. Porque somos adultos
Claro que isto não traz exactamente as vantagens que o meu “eu de 11 anos” imaginava que traria. (Eu via-me com um ar blasé de copo de vinho na mão a conversar com o meu ator preferido sobre a minha menstruação, enquanto conduzia um carro de golf numa praia deserta.)
Mas um dos verdadeiros benefícios de ser adulto, é que somos totalmente livres para dizer o que nos der na real gana, sem sermos castigados! São os benefícios da idade!
2. Porque eles são crianças
Claro que eu sei que é importante sermos um bom exemplo para os nossos filhos. E é por isso que eu visto umas calças quando os vou deixar ao colégio, apesar de no inverno nem sequer ser necessário porque com o casaco comprido só Deus sabe o que tenho por baixo! Mas enquanto eu estiver no comando, e os estiver a orientar no seu crescimento eles têm de perceber que eles não são adultos e eu sou. Por isso, em relação a determinados assuntos usamos o chavão “faz o que eu digo e não faças o que eu faço”. Por isso eles não estão autorizados a dizer palavrões, a conduzir, a usar a torradeira, a atravessar a estrada sozinhos, nem a beber minis antes do jantar! Um dia poderão fazer tudo isto. Por agora não, mas eu gosto de mostrar-lhes algumas destas merdas para ficarem já com água na boca!
Porque com crianças é só conversas de bebés, eufemismos e códigos cutxie cutxie indecifráveis. Fazer ó-ó, o papão, ter dó-dóis, dar tau-tau, ir papar… e por aí fora! O beneficio de praguejar estrategicamente é que se acaba com essa algaraviada toda. O meu filho de 8 anos fez propositadamente a irmã chorar. Eu sentei-o, olhei-o nos olhos e disse-lhe calmamente: “Pára de agir como um merdas para a tua irmã!” Pestanejou duas vezes e percebi que a mensagem tinha chegado a bom porto. E nem sequer andei aos alhos e bugalhos!
3. Porque a parentalidade é todo um conjunto de momentos WTF!
Eu sinto que preciso de dar voz aos meus sentimentos: quando enfio o lego do Batman, outra vez, pelo calcanhar acima, quando tenho de tirar palmilhas da retrete entupida (mas mãe, pensava que eram toalhetes), quando tenho ficar até às 1h da manhã a fazer 24 cupcakes para a festa da escola às 8h (mas mãe, pensava que tinha avisado), quando tento perceber a matemática do 3º ano (esquece!), quando tenho de atravessar três faixas em plena auto-estrada porque os miúdos estão a ter uma discussão/luta de morte sobre quem é que gosta mais de queijo, então eu preciso que que fiquem todos com o raio da boca calada, e que se deixem de merdas e sosseguem, enquanto a mãe resolve a situação!
4. Porque eu já desisti de tantas merdas!
No pico da maternidade, eu já sacrifiquei as noites de sono, a sanidade mental, mamas felizes, conhecimento musical, oportunidades de carreira, unhas impecáveis, todo o nosso dinheiro, andar na moda, actualização sobre o mundo, a energia para conseguir fazer uma maratona de séries de TV, calças slim, e por aí fora.
Devia abdicar do meu estilo de comunicação e forma como me exprimo genuinamente? Foda-se, não vai acontecer!
Por isso se vocês mães, conseguiram de alguma forma trazer os vossos queridos filhos a este mundo, sem uivar e gritar todos os palavrões que sabem, e têm conseguido manter o decoro durante a privação de sono, o desfralde, e a beleza da pré-adolescência, então, dou-lhes os meus sinceros parabéns!
Mas nesse caso, se calhar o melhor é pôrem-lhes uns tampões nos ouvidos quando forem brincar a minha casa, porque aqui são capazes de ouvir algumas palavras de meninos crescidos!
Por Kate Levkoff, em Scary Mommy
Traduzido e adaptado por Up To Kids®
imagem@Wylder Levkoff, Age 8
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2 comentários
Ahaha, não consigo parar de rir!!! (excelente tradução)
Não é um bom exemplo, nem um bom motivo. Também digo asneiras, mas em frente a crianças e mesmo a jovens, só mesmo em último recurso. Tudo bem que não considero agressão verbal sobre as crianças, como muitos repudiam, mas é uma questão de educação. A asneirada ouvida muitas vezes, mesmo que proibida pelos adultos, depois vai ser repetida com os amigos, com os colegas … e muitos não terão a liberdade condicionada e acharão muita piada à partilha da badalhoquice social.
Que existam coisas que os adultos fazem à frente das crianças, mas que é exclusivo da idade (beber vinho, fazer contabilidade doméstica, conduzir, ficar acordado até altas horas, ver filmes de terror, etc) é uma coisa, agora, asneirar como quem respira, dar calinadas na gramática a toda a hora, sem se preocupar em corrigir e outro tipo de maus exemplos, só porque é adulto … É muito mau, pois vai-se permitir, pela linha de ideias, que quanto mais velhos se tornarem mais liberdades e irresponsabilidades atingem e não é uma boa mensagem de educação.