São muitas as vezes que nesta praia existencial, sonho com voos para terras longínquas, na procura de alimento para a minha alma.
E desta vez as asas trouxeram-me até Timor Leste, concretizando assim um desejo há muito sonhado. Deste lado do Mundo, num país ainda bebé, encontrei o que muita gente chamaria de “pobreza”.
Deixem-me que vos diga que, às vezes, fico parada no sentir … No sentir dos cheiros multicolores, que me entram pelas narinas e me inebriam … tal e qual café da manhã!
No sentir doce do “bom dia a todos” que recebo de mãos dadas com um leve curvar do tronco, do povo timorense.
Este povo feito de humildade que agradece a Deus com fervor, que acredita na verdade e no lado bom do ser humano.
Este povo que se veste de simplicidade, a quem falta tudo mas que TUDO tem. É delicioso sair à rua empoeirada e perder-me no meio de uma multidão de crianças, que caminham para as escolas. Aqui, os professores são olhados como mensageiros do saber … com muito respeito!
Chego à escola e sou rodeada de crianças, que me sorriem com o coração espelhado nos olhos. As mais pequeninas, procuram a minha mão num aconchego gritando …”Bom dia, Professora”.
Não sabem português, mas adoram a escola, porque encontram aqui o colo que precisam, os brinquedos que não têm em casa, o espaço limpo e a merenda que lhes aconchega o estômago.
Cada dia é um desabrochar, que me enche o coração e me faz feliz. São tantas pequenas coisas que me sustentam … tantas!
É aqui o meu lugar, é este o oxigénio que me faz viver. As coisas vulgares da vida não deixam saudades.
Deste lado do Mundo, encontrei o verdadeiro sentido da VIDA!
Imagem@panoramio