Ontem, às portas de Lisboa, no Auditório da Biblioteca Municipal do Pinhal Novo, um grupo de pais fez algo em prol do futuro dos filhos. Algo a acrescentar ao já hercúleo esforço que é educar.
Dezenas de Pais e Encarregados de Educação deram o exemplo e saíram de casa para um evento formativo. Para uma Palestra. Uma “aula” para adultos. Ou Conferência, se preferir. Voltaram à Escola. Sinais dos tempos. Belos sinais dos tempos! Sinais da evolução. Os Pais querem fazer melhor, e educar no século XXI, exige mais armas.
Qual foi a última vez que leu um livro sobre pedagogia?
Qual foi a última palestra em que se entregou de corpo e alma?
O que tem feito para melhorar como Pai?
Na manhã seguinte, imagino que estes Pais puderam contar aos filhos sobre a aventura de terem ido à Palestra. Por causa deles. Porque desejam o melhor para eles. Porque o saber ocupa lugar! Ocupa lugar no pódio das preferências do Pai atento e positivo.
Também quero ser esse Pai.
Quero ver os meus filhos nas primeiras filas dos eventos interessantes. A vida não está só nos Programas Escolares, escolher os eventos certos abre horizontes. Há mais dados fundamentais fora dos manuais escolares do que nesses manuais. Temos de os saber procurar e devemos capacitar os nossos filhos para essa busca. Dar o exemplo e ir a uma palestra, é capacitá-los.
Os Pais presentes na sessão, entenderam que para mudar é preciso agir! Ir à Palestra foi o primeiro passo.
Estes Pais deram uma energia gigante ao psicólogo e palestrante, através da postura positiva com que estiveram. Debateram alguns temas com o companheiro no caminho para casa. Elogiaram. Criticaram. Refletiram. Foram provocados. Cresceram.
No final, os filhos ganharam!
Infelizmente, estas ações nem sempre são notícia. O bom, não vende. A fofoca tem mais audiência. É o país no seu pior. Há inveja. A cultura é mal tratada. Enchem-se pavilhões com música de qualidade duvidosa. Há o culto da figura pública. Muitas vezes perdem-se os valores daquilo que é realmente importante.
Enche-nos a alma de esperança ver que há Pais que desejam melhorar. Esse é o melhor retorno para quem, como nós, vive profissionalmente com a obsessão de dar ferramentas para o desenvolvimento cerebral e da personalidade das crianças e jovens. Ultrapassamos todo os aspectos piores do país quando vemos associativismo a sério como o da Associação de Pais promotora do evento.
Participa numa Associação de Pais? Já pensou em criar uma? Pelo protagonismo ou por missão? Crítica de forma construtiva ou é “bota abaixo”? … Os filhos não precisam de “bota abaixo”.
Claro que há arestas a limar. É claro que as Associações falham. Só não falha quem fica em casa no sofá.
E quem saiu do sofá ontem, pode participar e refletir sobre temas importantes:
- Tempo de qualidade;
- Brincar bem;
- Entender que estar presente de corpo e alma faz toda a diferença na hora de brincar com os filhos;
- Refletir sobre as horas que roubamos ao sono, sobre o nosso ritmo e sobre o ritmo de aprendizagem dos nossos filhos.Ontem, fizemos mais do que aprender:
- Revimos os passos da escuta ativa;
- Falámos da importância da entoação na hora de usarmos as palavras quando brincamos;
- Reforçámos a ideia da importância de entrar em silêncio no quarto dos filhos, enquanto eles arrumam a mochila da escola e esperar pela iniciativa deles, para nos tornarmos extraterrestres. “E então?” “O que fizeste?” “Ai é? Como foi?” Vamos perguntar para desenvolver o cérebro;
- Também expulsámos a inércia;
- Entendemos nas palavras (por vezes apressadas) do palestrante que há muita (demasiada?) informação para digerir e assim ficámos com vontade de aprender mais;
- Refletimos sobre o brincar com pistolas. Pistolas de brincar, claro;
- Matámos uma vaca;
- Vimos uma demonstração de exercício.
Educar com pouco tempo é possível.
Ontem, às portas de Lisboa, no Auditório da Biblioteca Municipal do Pinhal Novo aconteceu algo que pode acontecer em qualquer Escola, caso haja vontade. Caso haja o espírito de se “ser pelos miúdos”. O espírito de ajudar os Pais.
E, para terminar, porque já me alonguei, pergunto-me:
Quantos Pais terão ficado inspirados para fazer o jogo da vela?
Quantos terão ficado ainda mais certos de que estão no bom caminho?
Quantos ouvirão de hoje em diante e nas suas cabeças, a voz do psicólogo a dizer que se deve escutar o silêncio dos adolescentes?
Quantos terão achado piada à estória do elefante e das inteligências múltiplas?
Quantos já não se lembram de nada…
E você que não foi, já matou a sua vaca? 🙂
A criação do Mundo Brilhante permite-me visitar escolas de todo o país e provocar os diferentes públicos para poderem melhorar. Agitamos. Queremos deixar marcas.