Eu só tenho um filho e agora?
Hoje escrevo num tom mais pessoal do que é habitual.
Sou mãe de um rapaz de 7 anos e não terei mais nenhum filho.
Sou irmã, por isso, conheço o contrário de ser filho único.
Socialmente pergunta-se demais e quer saber-se tudo: quando casas, com quem casas, quando tens o primeiro filho, quando tens o segundo e porque não o terceiro? Socialmente é duro lidarmos com a pressão para tudo. Para ser super mãe, super mulher, super amante, super filha, super profissional … manter a casa em ordem, enfim, são tantas as exigências que ou nos colocamos um pouco à margem, fechamos os ouvidos e fazemos o que o nosso coração e razão nos dizem ou então vivemos em permanente sofrimento.
Eu não sou mãe perfeita mas sou certamente a melhor mãe que o meu filho espera. Não lhe vou dar um irmão, o que parece criminoso hoje em dia. Respeito quem tem 2, 3, 4 filhos e espero respeito quando opto por ter 1.
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Tempos houve em que os filhos “morgados” eram bons partidos. Vamos à história e encontramos imensos relatos e ainda hoje ouvimos pessoas, sobretudo mulheres, dizerem, “o meu marido era morgado, por isso, casei bem”. Os morgados eram herdeiros únicos.
Hoje, na ditadura da perfeição, não cabem os filhos únicos.
Pois eu, hoje mesmo, quero aqui afirmar que a decisão do número de filhos que se traz ao mundo cabe ao casal e apenas ao casal. Que nem sempre as decisões são controladas porque a biologia conta muito. Que os filhos únicos não estão condenados ao egoísmo selvagem nem à solidão ou a um qualquer karma. Os filhos únicos têm o mesmo futuro que os outros e o futuro é incerto para todos.
Haja amor, atenção e respeito e todos serão bons filhos se nós formos bons pais.
Sem culpas, sem ressentimentos, sem aflições.
Somos como somos e temos os filhos que temos.
Imagem@Flema
21 comentários
Olá Patrícia.
Escrevi sobre filhos únicos no meu blog. Sou filha única, neta única e a minha filha, também de 7 anos, é (ainda?) única.
Lê aqui e diz-me se concordas. Obrigada.
http://a-uva-passa.blogspot.pt/2014/11/filhos-unicos-queda-de-um-mito-by-uva.html
Adoro quando se levanta uma falsa questão só para provocar mais uma polemicazinha da treta…Sou casado, com dois filhos e antes de casar vivi vários anos em união de facto. Tudo isso foi por opção minha e da minha mulher, exclusivamente. Nunca na vida senti qualquer pressão digna desse nome quanto a essas ou outras opções, muito simplesmente por nunca ter tido vergonha de as ter tomado, e isto porque as mesmas nunca causaram dano a terceiros.
Quando a sociedade aprender a pressionar até à exaustão aqueles que verdadeiramente atentam contra ela – refiro-me àqueles que mais atentam e se conseguem sempre esquivar à “pressão” da Justiça – então talvez aí eu comece a borrifar-me para a pressão que exercem sobre mim. Até lá, quero é que esta sociedade ignorante-por-opção, chica-esperta e egoísta vá dar sentenças para o raio que a parta.
Cara Patrícia, deixe-se de tretas, se se vai dar ao trabalho de escrever um texto, que seja sobre algo que valha mesmo a pena.
Eu tenho apenas um filho! Um milagre de 4 anos que nasceu apesar da doença que tive! E não posso ter mais filhos, apesar de ter dois irmãos com quem tenho uma cumplicidade imensa.
É o que tenho! É o que eu amo! E é a quem me dedico todos os dias.
E só quem não pode ter mais filhos, porque a biologia não deixa, sabe o que se sofre e o que significa ter um único filho!
Somos um país de filhos unicos, porque somos uma geração de egoístas. Somente!
Questão difícil, porque é apenas pessoal. Eu entendo que se planeie ter 3 filhos, mas não entendo que se planeie ter apenas um. Isto porque um filho traz tantas alegrias e bênçãos que não entendo como alguém pode pensar que basta um para darmos vazão a todo o nosso amor. Depois acho que uma criança que cresce como filho único acaba por padecer do “síndrome do filho único”, e isso não é bom nem para o filho, nem para os pais, nem para quem tem de conviver com o filho único. Conheço muitos filhos únicos, inclusive fui apaixonada por um e nunca tive nada a apontar-lhe por isso.
A minha ideia de felicidade é a de uma casa onde se PARTILHE, onde a marca dos ténis, que me recuso a pagar a etiqueta, seja distribuída em sapatos para mais crianças. Quem sabe adoptar, como se falou aqui, porque não é só tirar-se recursos ao mundo, há que retribuir, e que modo melhor para retribuir se não pegando numa criança e alimentá-la, porque podemos? Acho que as pessoas que só têm um filho para irem comprar-lhe o pulôver à Massimo Dutti têm as prioridades de vida toda trocadas. Poderiam ter três e ir à Zippi ou ao Jumbo, que também tem roupas de criança, ou mesmo à feira dos ciganos. Será que esses filhos não seriam igualmente felizes? Não seria que seriam até menos “insatisfeitos” com o mundo?
Isto provavelmente é síndrome meu, que cresci com quatro irmãos mais novos, e nos amamos todos incondicionalmente. Porque depois há aqueles irmãos que “eh”, ou que se esgatanham por causa duns trocados quando morre alguém.
Espero não ofender ninguém, fui apenas honesta na minha opinião.
Viva à adopção!! Abaixo o consumismo absurdo de hoje em dia para com as crianças! Violettas, Hannahs Montanas, tecnologia, roupas de marca, concertos fúteis que só contribuem para a cultura de idolatria infundada da actualidade…
Por acaso a única coisa que concordo é que o nº de filhos só tem a ver com o casal, mais ninguém tem nada a ver com isso!
Agora dizer que quem tem um filho é olhado de lado? É mais o contrário! Nesta crise basta pensar-se no 2º que nos cai tudo em cima! Eu já vou no 4º e todos me acham louca desde que engravidei da 2ª 😉
Gostei imenso deste texto da Patrícia Ervilha porque é honesto, sincero e despretencioso. Acho que as pessoas devem seguir as opções que fazem e só ao casal é que cabe deliberar sobre a família a construir. Pessoalmente fui filha única (agora já sou avó) e tive sempre pena de não ter tido irmãos/irmãs porque fiquei com a ideia (talvez errada) que, quando temos irmãos, somos obrigados a confrontar-nos com situações de stress, de “guerrinhas” entre uns e outros e acabamos por ter um sentido de sobrevivência mais apurado, ou seja, uma aprendizagem para a vida. Para além disso há o reverso da medalh: aprender a partilhar, a ser tolerante e a ter o sentido de entre-ajuda e de hierarquia entre irmãos. No fundo, acaba por ser uma escola da vida. Como referi tive sempre pena de ser filha única (apesar de ter pais espectaculares) e só mais tarde soube que, afinal, os meus pais tinham sempre pensado em ter mais filhos não fora um problema de saúde da minha mãe… Daí tirei uma grande lição: não emitir juízos de valor gratuitos relativamente às opções dos outros. Cada um deve viver a vida ao seu ritmo, da melhor forma que puder e souber. E, sobretudo, ser feliz. E eu sou. Muito.
O número de filhos que se tem é sem dúvida uma opção do casal, e cada um terá os seus motivos. Nos dias que correm ter um único filho é quase o mais comum, e é uma opção que a sociedade encara como bastante racional. Experimente dizer que tem 4 filhos, nesse caso é que é olhada com estranheza, ao mesmo tempo que enaltecem a «coragem» , encontram logo mil uma razões que justifiquem o facto de elas próprias não terem tomado a mesma opção. Ter um único filho é o caminho do conforto e da segurança para os pais, mas para mim que não tive essa opção acho que ter alguém que nos acompanha na vida (irmãos) é extraordinário.
Sou mãe de dois, gostava de ir ao terceiro, e gostei muito do seu texto. Conheço pessoas com muitos irmãos que são egoístas e filhos únicos que não o são. A educação que damos aos nossos filhos é o fundamental, e se puderem crescer com outras crianças, na família alargada e núcleo de amigos, ainda melhor! Beijinhos
Tenho um único filho há quase 10 anos. Já eu, não sou filha única, tenho um irmão mais velho… no entanto, nem o meu filho tem falta de companhia ou falta de oportunidade de socializar, nem eu fui mais extrovertida ou generosa porque tive um irmão…
Espero ter outro filho(a) mas primeiro preciso de assegurar que tenho condições para dar uma vida digna e confortável aos dois. Mais vale optar por um só, que “meter” filhos aos mundo sem ter como os criar (tempo, dedicação, paciência, dinheiro, etc). 😀
Liberdade de escolha acima de tudo. Quando a biologia o permite claro! Felicidades!
Ah e ve la se tu e o teu marido fazem um favor ao teu filho quando se virem a ficar xexes metam-se num lar sem muita bulha para o teu filho não ter de perder muito tempo p tomar conta de vocês (afinal é só um coitado) e ter tempo sim para disfrutar da alegria da paternidade varias vezes porque apesar dos filhos unicos terem fama de serem egoistas afinal não somos
Meu Deus, eu sou filha única e não me queixo de nada…tem vantagens e desvantagens. Sempre socializei, tenho amigos que são como irmãos, os pais deles são como meus pais também. Nunca me senti mal por isso. Sim, gostaria de ter irmãos, mas entendo perfeitamente a posição dos meus pais (tinha e tenho problemas de saúde graves e não quiseram arriscar). Quanto ao cair-nos tudo em cima? Se tivesse de tomar conta dos meus pais, fá-lo-ia com todo o gosto, sozinha… Podemos é afirmar que infelizmente, no seu caso, caiu-lhe tudo em cima, menos a educação….
Olha patricia para tares aqui com este discurso mais valia era nao teres tido filho nenhum porque realmente nem te passa pela cabeça o que é ser filho unico, é muito giro porque vem tudo para nos mas é que vem mesmo tudo por exemplo quando te zangares com o teu marido o teu filho vai ter isso tudo so para ele nem irmao p falar ou dividir e pior quando tu fores velha vai ser ele que vai ter de tomar conta de ti e do teu marido sem um irmao p ajudar… e teres o rotulo de seres mimado e nervoso só porque es filho unico passa-te pela cabeça o que é? E saberes que as pessoas tem razão e tu sentes-te assim e ate te irrita ser assim porque sabes que te condiciona te poem nervosa e não tens como evitar? … Se não sabes o que é ser filho unico como podes fazer isso ao teu filho? Ja sei os teus irmãos puxavam-te o cabelo… devias ter vergonha e ainda mais em vires a partilhar isso para a net…
Você deve ser uma filha muito traumatizada!!! E também muito amargurada!!!! Credo…
Reblogged this on Escritamente de Patrícia Ervilha and commented:
A crónica mensal em Up To Lisbon Kids.
gostei muito mas tem um erro: um morgado é um filho varão primogénito~. podia ter 10 irmãos e irmãs que o legado da família era herdado só por ele. é maravilhoso ter irmãos sim, mas nem sempre acontece e tem que se viver feliz com isso!
Olá Paula, Em parte tem razão mas no sentido mais informal e mais popular, os filhos únicos são também designados morgados. Deixo aqui o link com os significados, espero que não leve a mal. Agradeço as suas palavras!
http://www.priberam.pt/dlpo/morgado
obrigada pela informação que desconhecia, apenas conhecia morgado como filho varão primogénito. sempre a aprender! 🙂
e ser filho único hoje em dia não é como antigamente onde os filhos únicos eram espécies raras, tidos como mimados, egoístas e egocêntricos. nunca passarão pela maravilhosa (ou não, depende dos casos) experiência de ter irmãos mas nem todos passamos pelas mesmas experiências e tentamos ser felizes na mesma. a pressão da sociedade é que chateia em tudo: temos que ser sempre iguais à maioria e somos todos tão diferentes. torna-se cansativo para quem não ambiciona as mesmas “burguesias” as perguntas e olhares por sermos diferentes!
🙂
Embora seja a ovelha ranhosa aqui nos comentários – só Senhoras, enfim… – deixo uma dica para putativa reflexão e já que de filhos se escreve, e apesar de só conhecer virtualmente a Patrícia Ervilha. Tendo dois filhos maiores, amb@s Jornalistas, decidi/decidimos, a minha Mulher e eu, adoptar o ano passado uma criança. Aconteceu. Era um garoto subnutrido dos arredores de Maputo (bairro da Mafalala), orfão de pais desde os 3 meses, ambos assassinados na guerra Frelimo-Renamo, de raça negra. Já publiquei as fotos dele antes e depois na página do FB. Faz 3 anos em 24 de Julho, já fala português e inglês (a mãe é inglesa), está um espanto de criança, os amiguinhos dele, do bairro de origem, já vieram estar com ele, e vice-versa, seria para aqui um tumulto de palavras se escrevesse tudo. Paz.