Olha-me aquela mãe…
… a dar de mamar sem se tapar, sem se ir esconder num canto, que falta de decoro!
… a dar de mamar com o bebé todo tapado, todo abafado, pobre criança!
Olha-me aquela mãe…
… sempre com o bebé ao colo, não o deixa chorar, vai crescer mimado e dependente!
… a deixar o bebé chorar, que horror, vai crescer a sentir que não teve o amor da mãe!
Olha-me aquela mãe…
… a dar banho ao bebé todos os dias, nem deixa a pele repousar!
… a dar banho ao bebé dia sim dia não, que falta de higiene!
Olha-me aquela mãe…
… a deixar a miúda mexer na terra e sujar-se toda, está a crescer sem limites!
… a proibir a miúda de mexer na terra, vai crescer a sentir-se aprisionada!
Olha-me aquela mãe…
… a deixar-se engordar durante a gravidez, está mesmo a desleixar-se!
… a manter-se magra durante a gravidez, o bebé assim não vai crescer!
Olha-me aquela mãe…
… o dia inteiro em casa e tem tudo em pantanas, que preguiçosa!
… tem a casa sempre impecável, não deve ligar nenhuma ao bebé!
Olha-me aquela mãe…
… a escolher pessoas da família para padrinhos, esses já têm o grau de parentesco a uni-los!
… a escolher amigos para padrinhos, a família deve estar sempre em primeiro!
Olha-me aquela mãe…
… a deixar que toda a gente pegue no bebé, de colo em colo, ele assim fica agitado!
… sempre a fugir com o bebé para que ninguém lhe pegue, aposto que vai ser um anti-social!
Olha-me aquela mãe…
… a deixar o bebé dormir na cama dos pais, eles habituam-se e jamais irão para a deles!
… a pôr um bebé tão pequeno no berço, eles precisam tanto de estar em contacto com os pais!
Olha-me aquela mãe…
… a obrigar todos a lavarem as mãos antes de tocarem no bebé, ele assim não ganha defesas!
… a deixar que todos mexam no bebé sem lavarem as mãos, ele assim vai adoecer!
Olha-me aquela mãe…
… vai jantar fora com o marido e deixa o bebé tão pequenino abandonado ao cuidado dos outros!
… sempre fechada em casa, nunca sai para jantar, não larga o bebé, está obcecada!
Olha-me aquela mãe…
… a furar as orelhas do bebé, a sujeitá-lo a tanta dor só por vaidosice!
… a adiar furar as orelhas do bebé, depois custa-lhes mais!
Olha-me aquela mãe…
… sempre a dar a chucha ao bebé, vai ficar com os dentes todos tortos!
… a esconder a chucha do bebé, pobrezinho, não tem com o que se consolar!
Olha-me aquela mãe…
… a falar calmamente com a filha enquanto esta faz uma birra enorme, que crianças tão mimadas!
… a dar uma palmada à filha só porque fez uma birra, não tem paciência nenhuma!
Aos olhos de alguns vais ser sempre “aquela mãe”. Cabe-te decidir se queres ser “aquela mãe” que faz o que os outros acham certo, indo muitas vezes contra o seu instinto e tudo aquilo em que acredita, ou “aquela mãe” que, ainda que sendo criticada, é feliz e faz os seus filhos felizes.
Confia em ti, mesmo que por vezes sintas que estás a fazer asneira.
Tu és capaz, não vais acertar à primeira, por vezes nem à terceira. Com o tempo vais perceber o que resulta com vocês, quais são as opiniões que vale a pena escutar e aproveitar e quais as que devem ser recebidas a sorrir e acenar (como os pinguins do Madagáscar) enquanto por dentro mandas a pessoa ir comer um peixe balão mal confeccionado. Independentemente do caminho que escolhes seguir, do tipo de práticas parentais com que te identificas, jamais serás compreendida por todos. O que uns aplaudem, outros apupam; não faz mal que assim seja, os únicos aplausos de que precisas são os dos teus filhos, aqueles que se traduzem em sorrisos e gestos de amor e te ecoam na cabeça quando à noite a pousas na almofada.
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Carta às mães mais que perfeitas.
A entrada no mundo da maternidade rapidamente se revelou menos “purpurino-brilhante” do que havia imaginado. Poderei ser uma mãe que se sente completa, com disponibilidade para a sua prol, se não cuidar de mim enquanto mulher? Poderei ser uma mulher feliz se não me sentir uma mãe livre?
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