O Raposo, braco alemão de quatro anos, foi recebendo os sinais da chegada de um bebé com grande entusiasmo: mobília nova, objetos estranhos pela casa, cheiros diferentes, muitas visitas, a tutora em casa mais tempo, mais mimo…
A curiosidade levou-o inevitavelmente a explorar todas estas novidades, e um dia roeu a escova nova do bébé. Ficou de castigo fechado na varanda, nunca tinha ficado de castigo. Absorto no pânico, saltou. Saltou de um segundo andar, de uma altura de dez metros. Podia ter morrido; caído de uma altura como aquela deveria ter morrido, mas não. Sofreu um traumatismo craniano e uma hemorragia interna, ficou hospitalizado, passou vários dias a receber tratamentos em casa, e finalmente recuperou.
Com algumas mudanças simples na atitude e na rotina da família (Ver Dogs-and-Babies), o Raposo rapidamente percebeu que tinha sido sempre muito querido pelos seus tutores e que nunca tinha perdido o seu lugar. Poderia ter percebido mais cedo se tivesse sentido que também ele fazia parte da grande mudança.
Já fui acusada, e justamente, de educar os meus filhos como cães, e os meus cães como filhos. Em alguns aspetos, não são tão diferentes assim. Tanto as crianças como os animais de estimação encontram segurança e tranquilidade na definição da sua posição hierárquica, no conhecimento do papel inerente à sua posição na família, e na previsibilidade do quotidiano. Adoram previsibilidade. Sabem onde pertencem, o que se espera deles, e o que podem esperar dos outros. Com esta segurança, encaram confiantes e acima de tudo, calmos, as mudanças que possam surgir.
Hoje, o Raposo é um cão alegre que recuperou a sua paz. Não abandona a guarda do berço por um minuto, e assim continuará: incondicionalmente fiel à sua família que sempre o adorou, e ao seu novo irmão.
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