Quero ajudar os meus filhos a serem seguros, fortes e capazes.
As dúvidas em excesso, o medo de errar e a inveja são como ervas daninhas. Talvez esteja a escrever este texto para mim, para relembrar-me do principal. Por vezes esquecemo-nos do mais importante, do mais simples.
E você? Além de saber ponto por ponto estas regras, tem conseguido aplicá-las?
Talvez este texto também esteja a ser escrito para si. Na minha reflexão, organizei estas 10 regras básicas para educar contra a insegurança.
1. Distinga o que o seu filho fez de errado daquilo que ele é. Ele não é trapalhão, apenas entornou o copo de leite. Ele não é distraído, apenas se esqueceu de puxar o autoclismo. Ele não é preguiçoso, apenas ainda não tem o cérebro preparado para poder lembrar-se de todas as suas tarefas. Sei que, por vezes, as pessoas dizem que isto são “só palavras”. Que é “uma questão semântica”. Tenho a certeza da importância destas palavras. Pode pensar que é apenas um pormenor…também não custa tentar, certo? Assim, discipline-se e não confunda: Uma coisa é o que ele é, outra é o que ele fez.
2. Ajude-o a ter uma boa imagem. A imagem corporal é importante. Cuidado com a obesidade infantil. Aprenda, por exemplo, a fazer a sua massa para pizza e encontre o equilíbrio entre a farinha “tradicional” e a farinha integral, à partida, bastante mais saudável.
3. Quando quiser dar uma instrução, ou mesmo uma ordem, tente usar um nome carinhoso no meio da frase.
Educar a confiança é usar um nome carinhoso, mesmo quando se quer dar uma ordem ou fazer um reparo.
4. Ironizar não é o caminho correto na hora de educar. Nomeadamente com crianças mais pequenas, as possibilidades da ironia ser mal interpretada são grandes. Esse problema de comunicação pode minar o amor-próprio. Guarde o sarcasmo para comunicar (brincar) com os seus amigos.
5. Não é preciso (nem saudável) que ele seja sempre o centro das atenções. Mas deixe-o brilhar. Se ele quiser contar uma história ou anedota numa reunião de família, dê-lhe algum espaço. Dê-lhe espaço para brilhar.
6. Se ele lhe disser que está a namorar, mesmo que seja um namoro de brincadeira, até porque ele pode ter apenas 8 ou 9 anos, não dê demasiada importância. Mas também não despreze! As crianças conseguem ter sentimentos diferentes em relação a diferentes colegas. Se ele acha que há alguém especial, não vai fazer disso um bicho- de-sete-cabeças, mas também não vai impedi-lo de falar dos seus sentimentos. Quer dizer, ficamos tristes quando se fala de violência e desprezamos quando os miúdos falam de sentimentos especiais?!
7. Tenha cuidado com os comentários que faz quando está a ver televisão. Se for demasiado impulsivo e falar mal de tudo à sua volta, o mais certo é a sua criança estar a ser educada num meio intolerante. Ser capaz de entender a beleza da diferença, o valor da diversidade, ajuda a compreender melhor o valor da própria individualidade.
Fale com o seu filho sobre ele “ser único”. Esta capacidade de, sem exageros, nos apaixonarmos pelo facto de sermos ímpares, faz maravilhas pela auto-estima.
8. Lembre-se: Só a intenção não chega! Se gosta dele, diga-lhe. Se gosta dele, abrace-o. Se gosta dele, chame-o para perto de si. Se gosta dele, vá para perto dele e brinquem. Se gosta dele, melhore. Se gosta dele, inventem um cumprimento só vosso. Se gosta dele, joguem ao sério. Se gosta dele, fale-lhe do dia em que descobriu que estava grávida.
9. E se um extraterrestre começasse a falar consigo e lhe pedisse para descrever como são as crianças da terra? O que dizia? E se lhe pedisse para falar de si? Quais os seus pontos fortes e as suas qualidades? Esta pode ser uma forma de estimular o seu filho a olhar para dentro. Se soubermos quem somos, seremos mais seguros. Invente formas de ajudar o seu filho a conhecer-se melhor. Claro que é importante conhecer as fraquezas, mas primordial é conhecer as forças! Não queremos crianças arrogantes, mas também não queremos falsas modéstias.
10. Descubra se lhe dá espaço, mas não o abandone. Quando ele pratica desporto, por exemplo, vai assistir porque, no fundo, gostava de estar no lugar dele? Ou ele participa para poder aprender a trabalhar em equipa e melhorar competências? Na atividade extra curricular, ele participa para ter oportunidades de sucesso ou deixa-o lá apenas para poder ir às compras ou ficar preso numa qualquer rede social?
Quero ajudar os meus filhos a serem seguros, capazes de pensar e agir sobre o mundo. A rede de relações em que eles estão inseridos é, por isso, fundamental. A ação dos pais é muito importante, mas pode não ser suficiente. Tenho uma secreta esperança. Seria muito importante estas ideias chegarem também às Escolas, dado o seu enorme peso no desenvolvimento das crianças e jovens.
E, já agora, também seria importante que os nossos filhos pudessem estar rodeados de outros adultos, tais como amigos, tios ou avós, capazes de olhar para si mesmos, e encontrar as suas luzes de qualidade. Pode ser que esses adultos tenham a capacidade de (re) ler estas “regras”.
Pode ser que consigam traduzi-las, de forma a conseguirem aplicar à sua própria formação, ao seu próprio desenvolvimento.
Aceita o desafio?
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