12 Presentes que vou dar ao meu filho no Natal

12 Presentes que vou dar ao meu filho no Natal

12 Presentes que vou dar ao meu filho no Natal

“Diz-se que tinha 4 páginas, talvez uma para cada área da vida, ou para cada membro da sua família nuclear. Eram 12 presentes. “

Naquela manhã não houve espaço para “ah e tal, não festejo, é só consumismo” muito menos para “ah e tal, eu não sou crente…“.
Naquela manhã, aquele pai sentiu fundo, qual revelação, algo transformador. Sentiu que alguns lugares comuns têm muita razão de existirem. A vida passa a correr. A vida são dois dias. A época natalícia é especial. É verdade!

Por isso, tudo ganhou novo brilho. As luzes na rua, as luzes nos olhos...

As canções já não eram repetidas, o Pai Natal já não era vermelho e branco, a rena já não era patrocinada e o coro de Santo Amaro de Oeiras soou como há muitos anos não soava.

E falava-se do menino.

A partir daí,  essa manhã começou a ser chamada por esse pai de “a tal manhã”. Na tal manhã, ele foi para um promontório ali para os lados do Guincho e fez uma lista.

A lista.

Diz-se que tinha 4 páginas, talvez uma para cada área da vida, ou para cada membro da sua família nuclear. Não se sabe ao certo. Até porque também não é certo o conceito de família nuclear. Eram 12 presentes.
Enfim, o importante é a circunstância da folha ter sido resgatada.
Naquela folha lia-se uma lista.

12 Presentes que vou dar ao meu filho no Natal

1 – Outra bola

Ele gosta. E esta vai ter truque. Vai ter magia. Terá que ser usada por mim e por ele, num jogo partilhado, pelo menos uma vez por semana. Se não, vai explodir.

2 – Uma máquina fotográfica

Com magia também. Tem que nos tirar uma foto, onde estejamos sujos de terra, pelo menos de 15 dias em 15 dias. Se não, ela explode também.

3 – Uma faca

Porque sou daqueles pais que acha que não se deve criar filhos de forma demasiado “asséptica”. Eles também têm de ter noção dos perigos. Pronto, não é um facalhão. É um canivete. E esse canivete tem viagens marcadas para Monsanto. Tantos passeios para fazer com o meu filho…eu, ele e os respetivos canivetes nos bolsos. Não vá aparecer um tigre. 
E se ficarmos mais de um mês sem uma caminhada em Monsanto, já se sabe, acontece magia e o canivete transforma-se numa praga de formigas (só para não repetir o “explodem”).

4 – Um espelho

Esta já a vi na lista dele. Nem preciso explicar. Ele tem pinta, gosta de se vestir bem, de se arranjar, de se pentear, de colocar o seu gel e o perfume próprio para os seus 8 anos. E a minha vertente de psicólogo, claro que é capaz de fazer uma metáfora à volta do espelho e da auto-estima.
Sabemos que gostar de si mesmo é mais de meio caminho para gostar dos outros.
E precisamos tanto de pessoas capazes de gostar dos outros.

5 – Um telefone Móvel

Dois copos, um fio, cera de vela…
Sabem fazer, certo ? Caso não saibam…fico preocupado. E lá está, excelente metáfora para a comunicação, ao mesmo tempo um hino à reciclagem.
E precisamos tanto de pessoas ocupadas com o ambiente.

6 – Uma rosa 

Para ele dar à mãe. Ao respeitar a mãe, vai respeitar todas as mulheres. Assim espero. Eu junto outra rosa e dou também. Assim ele vê-me a respeitar a mãe (não pela rosa, mas pela atitude diária!) e fica mais capaz de respeitar todas as mulheres da vida dele. E essas rosas têm magia. Não são flores de dentista, como diz o mundano Gladíolo no Rapaz de Bronze. A magia é murcharem. Desta forma lembram-nos que temos uma renovação a fazer. A renovação é diária. No Natal reforçamos essa necessidade. Nascimento. Renascimento. Murchar, renovar…

7 – Um “Sim”

Sim, traz o teu amigo para dormir cá. E Sim, podes ir com os avós. Sim, gosto muito de ti. E Sim, és sensível. Sim, és muito querido. Sim, vou deixar-te ter vitórias próprias. E Sim, tenho orgulho na surpreendente criança, capaz de me deixar a transbordar de orgulho. És tu, meu filho.

8 – Um “Não”

Um não, sem hesitar. Com firmeza. Não, não podes falar assim para a tua irmã. E também Não falas assim para ninguém. Não podes esquecer a importância dos educadores formais, como os teus professores. E dos outros educadores, como o Senhor Pedro (e o Senhor Mário), por exemplo, capazes de te receber à porta da Escola com um sorriso. Ou da senhora da secretaria de quem não me lembro o nome, mas cuja importância é enorme e o empenho é excelente. 

9 – Umas Cartas (que tu gostas e eu não me lembro do nome)

Há espaço para o fútil, desde que haja espaço para os valores. Porque também não acredito em pais assépticos. 

10 – Roupa nova

Roupa nova daquela mágica. A roupa mágica, quando entra na gaveta, faz a roupa usada (e em bom estado) ser doada. 

11 – Decorar

Vou decorar uma música de Natal, um onze ideal, uma passagem de um livro que me inspire, um Salmo, o nome do tal amigo que está prometido vir cá dormir um dia destes. E depois digo-te filho. Ah, e decoro também o nome das senhoras da secretaria! 

12 – Um x num mapa

E esse x vai marcar o local onde o meu avô me levou a passear, para fazer tempo, enquanto os meus pais enchiam a árvore de Natal com amor. Vai marcar o local onde estão enterrados os nossos mortos. Porque a memória deve ser alimentada. Vai marcar o local onde arranquei o meu primeiro pinheiro. Vai marcar o local onde me ensinaram noções ambientais e onde chorei porque não se arrancam pinheiros. 
Está frio neste promontório. Prometo trazer-te cá. Se calhar até vai ser na tal noite.

 

Gosto de iniciativas “sem tretas” e com alma. Como a Up to Kids, por exemplo.

A criação do Mundo Brilhante permite-me visitar escolas de todo o país e provocar os diferentes públicos para poderem melhorar. Agitamos. Queremos deixar marcas.

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