8 dicas para manter a “luz” do seu filho acesa

8 dicas para manter a “luz” do seu filho acesa

Nesta época natalícia lembre-se de colocar a luz não só à volta da árvore de natal, mas também nas mãos dos seus filhos!

As crianças espantam-nos, com a sua capacidade de aprender, de se relacionar e são elas, muitas vezes, o centro das nossas atenções. Já deu por si embaraçado, em certas situações, porque parece que o seu bebé se mete com toda a gente que o rodeia, puxando qualquer um para a brincadeira?

Deixe-me contar-lhe um segredo: ele faz isto porque confia em si. Quando o “deu à luz”, estava de facto a dar-lhe uma luz, que se mantém acesa sempre que responde às necessidades do seu bebé. Por vezes esta luz fica mais fraca, e é nestas alturas que o seu filho a procura, em busca de conforto, satisfação e segurança.

A forma como você responde a estas necessidades determina a relação que tem com o seu filho, as relações que este vai ter no futuro com outras pessoas e a sua própria saúde mental (Carr, 2006; Bowlby, 1969).

A confiança do seu filho em si e nos outros desenvolve-se muito cedo, durante a infância, ao acreditar que é uma criança merecedora de amor, carinho e atenção, capaz de levar os pais a responderem às suas necessidades e, por outro lado, acreditar que os outros vão estar disponíveis e prontos a dar-lhe apoio e proteção (Ainsworth & Bowlby, 1991).

Ninguém conhece o seu filho melhor do que você, o que o torna um especialista nas necessidades deste.

Os seguintes pontos vão ajudá-lo a manter a luz do seu filho acesa:

  1. Leia ou cante para o seu filho.
    É curioso, mas os bebés adoram ouvir as nossas vozes e tentam imitar os sons que fazemos (Piaget, 1962). Um aspeto muito importante é que a voz do pai e da mãe são capazes de confortar o bebé (Keener, 2009; Palmer, 2009). Mãe, pai, as vossas vozes são uma verdadeira almofada!
  2. Enquanto lhe muda a fralda, olhe o seu bebé nos olhos, fale com ele e sorria.
    Ao fazê-lo, está a tornar um momento de prestação de cuidados num momento íntimo entre mãe/pai-bebé, e acredite, ele vai gostar destes pequenos momentos!
  3. Estabeleça contacto físico: é muito importante, principalmente nos primeiros anos, abraçar ou agarrar o seu filho.
    Tal permite deixá-lo confortável com o toque e é uma linha direta para que o seu filho sinta afeto, conforto e proteção (Palmer, 2009).
  4. O seu bebé precisa de tempo consigo próprio a fim de compreender que é independente.
    Esta situação é, ao mesmo tempo, geradora de stress para a criança (e até para os pais!) (Hogg, 2006). No entanto, existem experiências seguras que pode fazer a fim de o ajudar a ganhar esta noção. Encontre momentos em que pode deixar o seu bebé num local confortável, com alguns brinquedos próximos.
    Deixe-o sozinho por um curto espaço de tempo e observe enquanto ele explora o que o rodeia, aprendendo a estar sozinho e a entreter-se a si mesmo. Pode, gradualmente, tentar aumentar a quantidade de tempo, no entanto esteja atento aos sinais do bebé, regressando antes de ele ficar agitado ou começar a chorar.
  5. A partir do momento em que ele começa a conseguir sentar-se, sente-se com ele e brinque!
    Brincar é uma das mais importantes atividades quando se é um bebé e à medida que crescemos, estimulando a aprendizagem (Palmer, 2009; Hogg, 2006) e é, para os pais, uma boa porta de entrada para o mundo interno do seu filho. Observe-o enquanto brinca, mas seja ativo também, participe na brincadeira.
  6. Passe tempo com o seu filho.
    A qualidade não basta, é também através da quantidade de experiências relacionais consigo que o seu filho se desenvolve de forma equilibrada (Flemming, 2005).
  7. Caros pais e mãe, se para além de cuidadores desta criança, vivem também em casal, não se esqueçam disso.
    Os conflitos na vossa relação têm impacto na relação que estabelecem com o vosso bebé. Não é fácil ser pai ou mãe e assumir outros papéis em simultâneo, por isso é sempre importante lembrar que, enquanto pais, são uma equipa, que deve funcionar até mesmo quando já não existe um casal.
  8. E como o natal é uma época que nos junta a todos enquanto família, lembre-se:
    assim como os pais fortalecem a relação com os filhos estando atentos às necessidades destes, a própria família assume uma importância central no desenvolvimento do seu bebé. Ele precisa de sentir que os adultos sabem colaborar entre si para assegurar a proteção, conforto e segurança permanentemente (Byng-Hall, 1995).

No natal falamos em esperança. Que a esperança dos nossos bebés em relação aos outros e ao mundo seja renovada, mantendo a luz acesa.

 

 

 

Ainsworth, M. D. S., & Bowlby, J. (1991), An ethological approach to personality development.
American Psychologist, 46, 331-341.
Bowlby, J. (1969). Attachment and Loss. Volume 1.London: Hogarth Press.
Byng-Hall, J. (1995), Creating a Secure Family Base: Some Implications of Attachment Theory
for Family Therapy. Family Process, 34: 45–58.
Fleming, M. (2005). Um modelo em dupla hélice do desenvolvimento psicológico:
vinculação/separação ao longo do ciclo de vida. In Entre o medo e o desejo de crescer:
Psicologia da adolescência (p. 22). Porto: Edições Afrontamento.
Hogg, T. (2006). Prolonged Separation Anxiety: When Attachment Leads to Insecurity. In The
Baby Whisperer Solves All Your Problems: Sleeping, Feeding, and Behavior--Beyond the Basics
from Infancy Through Toddlerhood (pp. 80-88). Atria Books.
Keener, A. P. (2009). Growth and Development. In Caring For Kids: Hard-to-Find Facts for
Parents About Child Health & Development (p. 65). Riley Children’s Foundation.
Palmer, F. L. (2009). Crying and Caring. In The Baby Bond: New Science Behind What’s Really
Important When Caring for Your Baby (pp. 43-68). Naperville, Illinois: Sourcebooks, Inc.
Piaget, J. (1962). Play, Dreams and Imitation in Childhood. New York: Norton.

Prática privada online na Irlanda e Portugal – terapia individual com adultos, aconselhamento parental na adolescência e terapia de casal.

Ângelo Simões é psicólogo certificado pela Ordem dos Psicólogos Portugueses e Psicólogo Europeu Registado.

4 thoughts on “8 dicas para manter a “luz” do seu filho acesa
  1. A luz das crianças fica mais intensa (choram…gritam…chateiam) quando a luz dos pais começa a afrouxar…porque se preocupam connosco e querem que vejamos com clareza! Por vezes o cansaço e a saturação não nos deixa perceber que a sua intensidade é só, e apenas, para dar luz ao espaço que nos envolve! Pensem nisso papás e quando o filhote começar a ficar muito aceso verifquem as vossas baterias! Ângelo não escrevi como no outro dia mas era esta a ideia que te queria passar…e foi o meu filho de 2 anos que me segredou ao ouvido!!!

  2. A luz das crianças fica mais intensa (choram…gritam…chateiam) quando a luz dos pais começa a afrouxar…porque se preocupam connosco e querem que vejamos com clareza! Por vezes o cansaço e a saturação não nos deixa perceber que a sua intensidade é só, e apenas, para dar luz ao espaço que nos envolve! Pensem nisso papás e quando o filhote começar a ficar muito aceso verifquem as vossas baterias! Ângelo não escrevi como no outro dia mas era esta a ideia que te queria passar…e foi o meu filho de 2 anos que me segredou ao ouvido!!!

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