
A Adolescência
As 4 atitudes básicas a desenvolver para assegurar uma boa relação com o seu filho adolescente
A adolescência é o pináculo da transformação. Ancestralmente e actualmente ainda em várias culturas era um período da vida do ser humano altamente valorizado e trabalhado pelas comunidades, em que os indivíduos eram intensamente orientados e acompanhados para a passagem à vida adulta. Actualmente, esta dinâmica desintegrou-se e tornou-se desértica.
Nas sociedades ocidentais actuais, a adolescência passou a ser um período como qualquer outro do desenvolvimento humano. Grande parte dos adolescentes sai da infância sem rumo, objectivos ou propósito. A desconexão que caracteriza este pico de mudança, transformação tão importante e decisivo leva a que os adolescentes vivam, muitas vezes, vidas vazias de conteúdo, vazias de sentido, de propósito. Muitos vivem abandonados de si próprios, de sonhos, de perspectivas, pairando apenas no lugar da aparência e do mundo virtual. Vivem desagregados de si. Vivem desenraizados do presente, numa ausência permanente do aqui e do agora, numa fuga constante para mundos de alheamento caracterizados quer pelo abuso de substâncias psicotrópicas, quer pelo abuso do meios de telecomunicação. É a derradeira fuga de si e do mundo real. O sofrimento é intolerável e o prazer é indispensável, desde que intenso.
E como encaram os pais esta realidade?! O que sentem com esta desorientação?!
A gestão parental da adolescência requer, de facto, muita entrega e dedicação. Requer tempo de reflexão e de aceitação. A base desta gestão assenta na relação que os pais mantêm com os filhos adolescentes e esta relação implica que existam desde cedo 4 atitudes básicas por parte dos pais:
Observar, escutar, aceitar e orientar.
1. OBSERVAR
Observar o que o seu filho anda a fazer. Quanto mais souber da vida do seu filho, melhor conseguirá lidar com ele e orientá-lo.
É importante saber o seu horário das aulas, saber onde vai depois das aulas, ver os cadernos, os trabalhos de casa, saber as datas de todos os testes, trabalhos e fichas.
Conhecer todos os amigos com quem se dá e se possível acolhê-los em casa.
2. ESCUTAR
Ouvir o mundo interno do seu filho. Quais as suas angústias, medos, sonhos, inseguranças. Quanto mais ouvir e conhecer o seu mundo interno, mais profundamente o conhecerá e melhor poderá entender as suas dinâmicas.
É importante ouvir as suas ideologias, crenças e formas de pensar, sem desvalorizar ou ridicularizar.
3. ACEITAR
O conflito geracional é transversal a todas as culturas e épocas. São os adolescentes de hoje que mudarão paradigmas, padrões e farão evoluir a humanidade. Existe um choque natural entre os padrões distintos de duas gerações, mas por mais difícil que seja, é indispensável conhecer e entender os que eles trazem de novo e aceitar.
O sentimento de que são vistos, escutados, aceites e entendidos dar-lhes-á confiança e sentido de compromisso com os pais ou educadores, para que se deixem ser orientados com respeito e confiança.
4. ORIENTAR
Se a observação, escuta activa, a aceitação e o entendimento são fulcrais para a relação pai/educador-adolescente, a orientação firme é também essencial. O adolescente tem que cumprir com as suas obrigações, na escola, em casa e nas diversas áreas da sua vida. Deve ser orientado no sentido do auto-conhecimento e contacto consigo próprio. Saber o que gosta, quais os seus talentos, motivações e dificuldades. Este conhecimento de si-próprio é indispensável para que se mantenha recto e coerente desde cedo com a sua essência, independentemente das múltiplas identidades que possa assumir na adolescência com os grupos de pares e ídolos.
A imposição de limites na adolescência tem que iniciar precocemente. As saídas à noite, as saídas com amigos devem que ser aceites com conhecimento pormenorizado de quem são os amigos, para onde vão, qual o programa e uma hora para chegar deve ser negociada. Dentro da liberdade deve ser imposta a responsabilidade de ter que cumprir com alguns limites. O adolescente irá sentir a segurança necessária e interiorizará a noção de que a liberdade implica ser responsável por si, pela sua conduta e atitude.
Os recursos de toda a camada adolescente são poderosíssimos para a evolução humana e das sociedades. A riqueza de capacidades, de criatividade, de inovação, de transformação é importantíssima para o crescimento global das comunidades. Os adolescentes são um contributo de extrema relevância que urge ser aproveitado e optimizado. O trabalho com os adolescentes deve ser investido para que haja uma boa canalização de todo o seu potencial.
Vamos a isso!
Nesta permanente procura , dedicou-se ao estudo consciência Humana, tendo-se formado em Psicologia Clínica e feito várias formações no âmbito desta temática.
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