A ansiedade no controlo das emoções
Ansiedade.
Que “bicho” é esse que entra sem pedir licença, controla e comanda a nossa vida, sem ter tipo permissão para tal?
Muitos pacientes chegam agora ao consultório com a mesma queixa! Muitas crianças sofrem diariamente com uma ansiedade que não compreendem nem conseguem explicar. Quando perguntamos a uma criança se sente ansiedade, ela invariavelmente pergunta:
O que é isso?
É como um aperto estranho no peito que parece que não nos deixa respirar bem e que atrapalha todo o nosso dia… – Isso é ansiedade? Bem eu odeio isso!
Todos odiamos esse dragão felpudo que nos aperta e não nos deixa em paz.
Mas o que é a ansiedade afinal?
É um impulso! Uma resposta do corpo a determinados estímulos ambientais que provocam uma série de reações cognitivas, sensório-preceptivas e neurovegetativas, relativas ao Medo, principal emoção envolvida nas experiências de ansiedade. Neste sentido, a ansiedade é positiva porque nos alerta para o perigo, garantindo a nossa sobrevivência.
Mas, nem sempre é assim que acontece.
A ansiedade invade tanto o terreno do “normal”, quando existe um medo real, ao qual eu preciso e devo estar atenta, como o terreno do “patológico”, em que o medo é desconhecido e não existe razão aparente para a ansiedade, ou pior, para os ataques de pânico.
Ouvimos frequentemente as pessoas referirem, mas qual medo, medo de quê?
Têm razão. Este medo não é racional nem conhecido. Simplesmente existe em nós, faz parte da nossa estrutura e está relacionado com as etapas do nosso desenvolvimento em que por algum motivo o direito de existirmos e de nos sentirmos seguros e amados ficou comprometido.
A ansiedade no controlo das emoções
É muito difícil entrarmos em contacto com as nossas emoções. Parecem ser avassaladoras e limitantes. Um dia uma criança disse-me:
– Sobre isso, eu não quero falar mesmo porque prefiro ignorar esse assunto. Sempre que penso nele dá-me vontade de dormir!
Parece realmente mais fácil ignorar e criar mecanismos que aparentemente nos defendem de nós próprios. No entanto, na construção de todos esses meandros de fuga, surgem vários sintomas corporais que não conseguimos controlar e que são sempre uma resposta á nossa insegurança interna, ao medo irracional que tentamos disfarçar, mas que o corpo teima em revelar.
São inúmeras as formas de auto-regulação possíveis para cada um de nós mas o primeiro passo é, sempre, aceitar e incluir sem críticas. Olhar para os sintomas como uma janela de oportunidade.
“Continua a precisar de se autorregular através da dança. Chegou e pediu para colocar a luz mais baixa, a música da Violetta e fazer bolinhas de sabão enquanto dançava em frente ao espelho. Disse-lhe que me parecia que sempre que ela estava mais triste, usava a dança como forma de se regular. Respondeu que a vida dela não está fácil. No fundo sente-se um pouco rejeitada e tem medo. Precisa de ser ver e de ser vista. Enquanto dança em frente ao espelho, vê-se e gosta do que vê. Eu tenho que ficar sentada perto dela e ir fazendo bolinhas de sabão que acrescentam liberdade e paz ao cenário que ela construiu.”
Neste caso é a dança que abre a porta para o mundo das suas emoções e ajuda a fazer a ponte entre o interno e o externo.
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Considero a psicoterapia como uma ferramenta fundamental no desenvolvimento pessoal, na qualidade de vida e de relação com os outros. A psicoterapia é para todos e não apenas para alguns.