
A escola reabriu, viva a escola!
A escola reabriu, viva a escola!
Nunca como nos últimos tempos fomos obrigados a pensar na escola e na sua importância.
Seja qual for a idade dos nossos filhos, o facto de nós, pais, termos de ter assumido o papel que habitualmente é desempenhado pelas escolas, fez com que muito a vissem pela primeira vez como ela é: essencial.
Vimos os nossos filhos crescerem privados da normalidade dos seus dias e vimos, acima de tudo, como o trabalho de equipa é importante. Como os educadores, auxiliares e professores fazem um trabalho excepcional e tantas vezes desvalorizado na educação dos nossos filhos.
Foi duro para muitas famílias (seja por falta de condições de espaço, de equipamentos, de estrutura familiar, de tempo), tantas a passarem por alterações dramáticas nos seus rendimentos e na forma como estavam inseridas no mercado de trabalho, foi muito duro para as crianças e foi também dramático para quem ensina.
Não é a mesma coisa ensinar à distância.
Não se consegue chegar da mesma fora às crianças, não se consegue estimulá-las da mesma forma, não se consegue ensinar o mesmo que se ensina cara a cara, mesmo estando ela coberta por uma máscara.
Foi com alguma preocupação que encarei este segundo confinamento, porque a minha filha de seis anos está ainda a aprender as letras, a ler, a somar… o básico. E preocupou-me que esta fase tivesse efeitos a longo prazo. Tanto eu como o pai tentámos minimizar a ausência da escola, fizemos um esforço para que a aprendizagem decorresse da melhor forma, sem percalços mas também sem pressões (quem é que aprende seja o que for estando pressionado?).
E quando olho em volta vejo, por exemplo, a minha prima que este ano vai fazer os exames nacionais do 12º ano. Vejo a preocupação dela, porque admite que não aprendeu o que precisava, que sente uma dificuldade enorme em interiorizar a matéria. E ela é boa aluna, aplicada e esforçada. E os alunos com mais dificuldades, como seguirão em frente?
Para muitos, este segundo período somou muito pouco conhecimento.
E para muitos também é já o segundo ano consecutivo em que se veem privados de aulas presenciais, tão necessárias à aprendizagem.
Veremos os efeitos que a pandemia terá nos nossos jovens, seja na forma como socializam ou tiveram de aprender a socializar, seja nas implicações na saúde mental e física de tantos, seja também nas bases que levam da escolaridade obrigatória.
Hoje, quando levei a minha filha à escola notei uma enorme diferença na quantidade de pessoas que estão na rua. Vi muitos miúdos mais velhos. E senti uma atmosfera de alívio.
Para muitos será um bálsamo regressar, ver de novo os colegas, os professores. Sentir que a vida continua, apesar de estar tão diferente.
Como pais, precisamos estar atentos para os sinais e efeitos destes (longos) meses. E muito agradecidos aos educadores do nosso país.
Entretanto, lembremos que o vírus continua aí e que também depende de nós não voltarmos a entrar em confinamento geral.
E registemos os sorrisos dos nossos filhos a correrem para a escola.
Não tem preço.
Para eles e para nós.
A escola reabriu, viva a escola!
image@weheartit
Autora orgulhosa dos livros Não Tenhas Medo e Conta Comigo, uma parceria Up To Kids com a editora Máquina de Voar, ilustrados por aRita, e de tantas outras palavras escritas carregadas de amor!