Muito se tem falado e escrito sobre a relação pais-filhos, no entanto, pouco ainda se sabe e se estudou, até ao momento, sobre as relações entre irmãos e nomeadamente sobre a influência dos mais velhos no crescimento e desenvolvimento físico e psíquico dos mais novos.
Será que existe uma influência?
Qual será o papel dos irmãos mais velhos no crescimento dos irmãos mais novos?
Em que se manifesta esta influência? É uma influência positiva ou negativa?
As relações dos irmãos são marcadas por vínculos e emoções fortes, como a amizade, a cumplicidade e/ou zangas e rivalidades. Estas relações são marcadas por diferenças individuais de personalidade e pela diferença de idades.
Sendo reguladas e mediadas pelos pais, principais modelos de referência e a quem cabe o importante papel da educação, as relações entre irmãos, parecem constituir um lugar protegido e seguro, para aprender a interagir com outras crianças, aprender formas construtivas de resolver desacordos e problemas e a regular emoções positivas e negativas.
Os irmãos mais velhos, são muitas vezes cuidadores, figuras de suporte e amigos e as relações que estabelecem com os irmãos mais novos, são mediadas pela socialização, por comportamentos de ajuda em diferentes tipos de tarefas, por actividades de cooperação e por brincadeiras e desafios que proporcionam o desenvolvimento cognitivo, social, emocional e físico.
Assim, embora muitas vezes estas relações, sejam verdadeiros desafios e por vezes, verdadeiros testes à paciência dos pais, estes devem proporcionar, desde o início, uma relação favorável entre irmãos, devendo estimular a relação, o respeito mútuo, a cooperação e a habilidade para resolver problemas.
Termino, com o testemunho de 3 mães e também irmãs:
Carolina, 32 anos. | Irmã de dois rapazes | Mãe de uma rapariga e de dois rapazes
“Os irmãos mais velhos “puxam” pelos mais novos. São modelos, são heróis, são mais fortes e mais capazes aos olhos dos mais novos.
Os mais novos seguem os mais velhos, vão atrás deles para brincar, seguem-nos com o olhar e correm para os apanhar, mas também lhes “roubam” os brinquedos e destroem as construções de legos.
Os irmãos são companheiros inseparáveis mas por vezes querem mesmo estar separados:)
A Leonor que é a mais velha diz muitas vezes que não quer os rapazes no quarto dela porque desarrumam tudo, mas outras vezes quer partilhar brincadeiras com o mais novo e tem paciência para emprestar brinquedos e dar-lhe sugestões de brincadeiras: “Olha leva os copinhos da Nô e faz um chá...”.
E também pede ao do meio para brincar com ela. Nesta fase em que estamos, a Leonor e o Miguel brincam mais juntos e o Francisco assalta as brincadeiras deles ou vai andando pela casa atrás da mãe:)
Os mais velhos podem ajudar os mais novos a superar dificuldades ou a desmistificar algum medo”.
Sofia, 30 anos. | Irmã de duas gémeas. | Mãe de três raparigas.
“Ter irmãos é o melhor do mundo! Crescer numa casa cheia ajuda-nos a aprender a viver com pessoas com feitios diferentes e até gostos! Há sempre alguém para brincar, para partilhar, para aprender ou ensinar, para emprestar coisas, para ajudar, para embirrar, para defender, para chatear, para dormir agarradinhos, para cantar em coro, para ter cumplicidades imensas…
Ter segredos que os pais não podem saber! Ter irmãos é partilhar uma vida, uma casa e dividir as melhores memórias da infância!”
Margarida, 33 anos. | Irmã de dois rapazes. | Mãe de um rapaz e duas raparigas.
“Ter irmãos-mais-velhos…
É o melhor presente que os Pais podem dar aos seus filhos. Ter irmãos (ou irmãs) mais velhos é ter sempre, e para sempre, com quem partilhar – alegrias e tristezas, brincadeiras e birras, saltos na cama e quedas de bicicleta, bolachas e brócolos! Contas feitas, os nossos irmãos (mais velhos ou mais novos) são os nosso primeiros melhores-amigos e aqueles que nos ensinam o que é o Amor”.
Afinal como diz o filósofo Agostinho da Silva:
“Ninguém reprovará o seu irmão por ele ser o que é; mas com paciência e persistência, com inteligência e com amor; procurará levá-lo ao nível mais alto”
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