A magia do desfralde
Todas as etapas de crescimento de um filho são importantes. Algumas são divertidas, outras cansativas e há ainda as que nos assustam.
Para mim, como mãe de primeira viagem, houve sempre dois momentos na minha cabeça que temi: a introdução de alimentos sólidos e o desfralde. Conheci de perto a angústia de se ter um filho que não come e pedia a todos os santinhos que no meu caso não fosse assim. Não foi, a Mariana sempre comeu bem e quando isso não acontece é sintoma de que algo se passa. Antes assim.
E, sem darmos bem por isso, aos vinte e dois meses da Mariana, começámos o desfralde. Pode ainda ser cedo, mas como ela mostrou bastante autonomia neste campo, decidimos, em parceria com as educadoras, experimentar. Se correr bem, maravilhoso. Se não correr tão bem há tempo. É assim que se pretende que esta fase corra: sem pressões, sem ralhetes quando não corre bem, apenas com toda a paciência do mundo.
Começámos há duas semanas e meia.
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Há duas semanas e meia que de quinze em quinze minutos pergunto “queres fazer xixi?”.
Há duas semanas e meia que temos o ritual de escolher as cuecas mais giras para levar para a escola.
Há duas semanas e meia que a minha filha, orgulhosa, mostra que não tem fralda.
Que nos chama às quatro da manhã, porque a vontade não tem horas certas e horas erradas.
Que se despede das suas necessidades e bate palmas pela pequena vitória que conseguiu.
Que, quando estou a deitá-la, me avisa que quer ir “tratar de um assunto muito rápido” antes de dormir.
Que a ponho com o redutor na retrete mil vezes por dia para evitar acidentes.
Que procuramos debaixo das saias das Minnie, dos Nenucos e todo um sem fim de bonecos, para chegarmos à conclusão que usam cuecas e não fraldas.
Que oiço elogios porque ela pede sempre e não se descuida na escola.
Que tenho o coração cheio de orgulho pela minha pequenina.
Que sei que pode ser uma fase passível de sofrer uma regressão, mas já valeu a pena ver o esforço dela.
Que percebo as palavras da minha mãe quando me falava da experiência que teve comigo e com o meu irmão.
Que entendo o stress do meu irmão quando vamos na rua e a minha sobrinha tem vontade de fazer alguma coisa e não há wc à vista.
Tem sido uma aventura.
Teve acidentes no primeiro dia, nos restantes tem sido pacífica.
A minha pequenina está a crescer.
E parece que o desfralde serviu de destrava línguas, porque ela começou também a falar muito mais.
É o meu bebé e tento não me esquecer disso.
Mas é o meu bebé crescido.
Que orgulho!
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