
A mania de perguntarem às crianças se já têm namorado/a
Já tens namorado/a?
A criança tem direito a ter afinidades e preferências, mas isso não quer dizer que namore propriamente. Muitas vezes são os próprios adultos que catalogam uma amizade de amor ou de namoro. “Já tens namorado/a?”
Na realidade trata-se de uma amizade e descoberta normal e saudável para um bom desenvolvimento evolutivo. Deve dar-se nome a esses sentimentos, não criando confusão de termos.
É importante salientar que gostar de alguém é algo muito bom mas que exige também responsabilidade e limites.
Quando a família valoriza a afetividade e demonstra os sentimentos.
Se promove a inteligência emocional desde cedo, é natural que a comunicação acerca dos sentimentos dos filhos relativamente a outros surja. Essa será uma excelente oportunidade para questionar e tirar dúvidas. Os pais podem mostrar que a comunicação desses sentimentos é importante e não há prejuízo no desenvolvimento por si só, em a criança falar de “namoro”. No entanto, deixar que não sejamos nós adultos a induzir desde logo o conceito sob pena de deturpar o mesmo.
Mas então em que idade falamos em namoro propriamente dito?
Não há uma resposta única e certa. Mais importante do que a idade cronológica, cabe aos pais ou figura significativa de referência, compreender como está o desenvolvimento do seu filho em termos de maturidade. Claro que essencialmente na adolescência o gostar de alguém se destaca de modo mais significativo.
E o que podem aprender os filhos com o relacionamento dos seus pais?
A perceção que as crianças e jovens têm do(s) relacionamento(s) dos seus pais (ou outros significativos) terá um contributo fundamental na fase de descoberta de outro alguém. Se o casal comunica de forma honesta entre si e com os filhos, provavelmente dá espaço para que estes, sobretudo na fase da adolescência se sintam mais confortáveis em partilhar as dúvidas e os sentimentos. Claro que nestas temáticas, a vergonha pode ser normativa. Os pais devem demonstrar o respeito pelo momento em que o mesmo partilha ou mesmo se este não quer partilhar.
E quando os pais proíbem o(a) filho(a) de namorar?
Será que o “fruto proibido é o mais apetecido?”. Muitas vezes sim. No entanto, por vezes, mais do que a tentativa de quebrar a proibição instaurada ou provocar os pais, o perigo pode ser o começar a privilegiar o uso da mentira para não desiludir os mesmos e fugir de alguma possível consequência/castigo.
Isabel Costa – Psicóloga Clínica
Conta com uma equipa multidisciplinar de cerca de 30 profissionais especializados em diversas áreas da psicologia e do desenvolvimento humano, prestando serviços nas áreas da psicologia para adultos, infantil e juvenil, aconselhamento parental, terapia de casal, terapia familiar, sexologia clínica, neuropsicologia, hipnose clínica, orientação vocacional, psiquiatria, terapia ocupacional, terapia da fala, nutrição, naturopatia, osteopatia, entre outros.