A meditar é que a gente se entende

Hoje em dia a Meditação está em voga! A maioria das pessoas já sabe o que é ou, pelo menos, já tem uma noção… O stress, a ansiedade, a correria do dia-a-dia leva cada vez mais adultos a procurar actividades que os ajudem a relaxar, a parar e a desligar do frenesim diário. A Meditação, o Yoga, o Mindfulness e tantas outras actividades do género acabam, por ser a tábua de salvação de gerações que têm pautado a sua vida pelo sucesso que alcançam tanto na vida profissional, como na pessoal.

No entanto, ser O MELHOR parece já não ser suficiente…

Mas, a minha questão é a seguinte: se os adultos se sentem “perdidos” no meio de tanta agitação, como se sentirão as crianças?

No meu percurso pelas escolas, colégios e ATL’s tenho encontrado crianças desorientadas, desorganizadas, agitadas e descontroladas. Com pais mais ou menos ausentes, mais ou menos conscientes, mais ou menos atentos, as crianças de hoje em dia têm muita dificuldade em gerir as suas emoções; em respirar fundo; em compreender oque sentem, o que pensam e em medir as consequências do que fazem. Agem sem pensar e pensam sem agir… Têm medo de desiludir os pais, mas não sabem ao certo oque isso significa. Têm medo de falhar, mas não sabem bem no quê… Sabem que têm de se portar bem, sem saber ao certo o que isso é. Dizem-lhes que devem ser os melhores, para terem um bom futuro! Que têm de ter boas notas (logo no 1º ciclo…), senão não serão ninguém na vida… Todas estas questões estão a provocar ansiedade e medo nas nossas crianças! Cada vez mais, encontramos crianças perdidas, revoltadas, desafiadoras, que levam aos limites pais e professores.

Como é que a Meditação as pode ajudar?

Sendo uma técnica de relaxamento e de auto-observação, a Meditação ajuda as crianças a concentrar; a identificar e a observar os seus comportamentos; a autovalorizar-se; a conhecer o seu potencial… Quando meditam estão apenas e só no momento presente! O passado já não existe e o futuro ainda não é conhecido.

Mas meditar é muito mais do que relaxar! É ter consciência de nós próprios e dos outros; dos nossos actos; do que fazemos e do que dizemos; do respeito que devemos ter por nós próprios e pelos outros; é ter consciência do que sentimos e conseguir partilhá-lo com os outros, da melhor forma possível.

Com maior ou menor estranheza, as crianças apercebem-se que o que lhes é pedido nesta actividade não é só estar sentado em silêncio… É-lhes pedido para partilhar o que sentem a cada momento, sem juízos de valor, sem expectativas de resposta, sem certos nem errados. É-lhes restituída a liberdade de expressão, de pensamento e de acção. No inicio ficam meio baralhados, pois estão habituados a que lhes seja dada a forma certa de fazer cada coisa. Mas depressa valorizam a liberdade que lhes é dada e aventuram-se a ser quem realmente são.

Aprendem a respirar conscientemente e apreendem os benefícios que essa prática traz ao seu corpo e ao seu dia-a-dia. Percebem que respirar é bem mais do que apenas sobreviver. A respirar de forma consciente conseguimos acalmar o corpo, a mente e o coração. A respirar de forma consciente conseguimos energizar o corpo, a mente e o coração. Conscientes da nossa intenção somos capazes de gerir de forma inteligente e mais produtiva as nossas emoções, acções e pensamentos. Rapidamente, as crianças começam a perceber o que sentem, porque o sentem e o que podem fazer para gerir da melhor forma esse turbilhão.

Quando começam a olhar para si próprias, as crianças começam a questionar tudo. Quem sou eu? Do que gosto? Do que não gosto? O que me faz feliz? O que gosto de fazer? Quais são os meus talentos? E desafios? A pouco e pouco começam a compreender e a conquistar o seu papel num mundo que antes lhes parecia tão louco… Agora já não têm tanto medo de crescer, pois começam a ter confiança em si e nas suas forças. Deixam de resistir pela força e começam a questionar, a escutar e a dialogar. Conscientes de si, começam a olhar para os outros com outros olhos. Uns olhos mais presentes, mais atentos e tranquilos.

imagem@doutissima

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