A pandemia tornou-nos pessoas diferentes. O que mudou no último ano?
Se recuarmos um ano certamente não desejávamos nessa altura que o ano vindouro ano fosse como foi.
Mas hoje podemos entender que mais importante que desejar é o que fazemos perante algo que não almejámos para as nossas Vidas e que desconhecemos por completo.
A acção perante um problema, a coragem perante o medo, a busca de fé perante o caos e a força de vontade para cada novo amanhecer.
O nosso corpo enfraquece quando a nossa alma não consegue acolher o Novo (seja bom ou mau). Por vezes precisamos ir mesmo ao fundo, onde o desespero vive. Precisamos perguntar-nos o porquê de estar a vivenciar isto? O que posso transformar? O que trouxe de bom?
Pois bem, para mim estou ciente que esta Pandemia pode ter abalado muita coisa, desde a economia à vida social entre tantos outros aspectos. A pandemia tirou vidas, abalou famílias. Mas fez o mundo parar. Agora, virando tudo do avesso e vendo as costuras, perguntemos: o que isto nos transformou? O que mudou no último ano?
A mim trouxe-me mais consciência de mim para mim, de mim para os outros, de mim no Mundo.
A pandemia abalou-me por dentro e por fora. Tive muito medo pelos meus, por mim, por todo o mundo.
Chorei, contorci-me por sentir a impotência de resolver esta situação. Passado um tempo parei, quase que congelada.
Senti que esta era uma longa respiração que nos estava a ser dada e uma abertura de consciência para uma mudança de perspectivas. Após alguns meses em casa eu vi no espelho da minha Alma aquilo que na correria do dia a dia eu não queria ver. Porque tinha igualmente medo e sentia-me igualmente impotente.
Eu não parava para olhar o que estava ao meu lado, à minha volta.
Não parava para acompanhar o crescimento das minhas filhas no dia a dia. Não pode ser só no final do dia onde as minhas forças estão no limite, nem só ao fim de semana onde continuo a correr porque o tempo não pára. Tenho que lavar a roupa para a semana, preparar refeições, limpar a casa e ir às compras. Corre corre que já é quase domingo e amanhã começa mais uma semana.
Constatei que eu não sei parar.
Que me dá dor ver o que em movimento não consigo. Se pararmos o corpo também a cabeça, o pensar fica mais ativo. E talvez por isso tenha iniciado processos que há muito quis fingir que não sabia existirem. De dor, de perda, de saudade. Aí chorei mais, mas com uma dor tão consciente que me assustou.
Passado ainda mais tempo percebi que das duas uma: Ou nos entregamos à nossa fraqueza ou fazemos algo para mudar. Foi quando comecei a sentir-me e a transformar-me. A (re)conhecer-me.
Sou outra mulher.
Neste processo os sentimentos veem de dentro e por vezes nem sabemos lidar com este novo ser que somos e surpreendemo-nos.
Por outro lado, para fortalecer os nossos ideais temos que implementar novas rotinas, novas ações, novos movimentos e até paragens, porque temos novas prioridades. As minhas tão simples, mas as mais importantes.
A minha grande aprendizagem
Para estarmos no Mundo temos que nos tornar conscientes como individualidade e olhar primeiramente para o que está mesmo ao nosso redor.
Tenhamos coragem para mudar o Mundo. Se virarmos as costas à nossa essência e aos nossos ideais, se taparmos os olhos para o que nos rodeia e para quem todos os dias nos acolhe, se não chegamos a nós, seja às nossas alegrias ou tristezas mais profundas, então não chegamos a mais parte nenhuma no Mundo.
Que eu seja a mudança e que ela me acolha.