
A psicomotricidade e as necessidades educativas especiais
A psicomotricidade e as necessidades educativas especiais
A Psicomotricidade assume-se como uma nova vertente clínica em expansão no nosso país.
Apresenta-se como uma área de conhecimento transdisciplinar, que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas entre as funções psíquicas e a motricidade.
Desta forma, a Intervenção Psicomotora permite que o indivíduo se conheça a si próprio e ao meio que o rodeia (Martins, 2001). O Psicomotricista é responsável por ajudar o indivíduo a adaptar-se e a corrigir aspetos comportamentais ou de aprendizagem (Fonseca, 2010), permitindo ao indivíduo desenvolver vários domínios e otimizar a ação, utilizando o corpo, o espaço e o tempo (Matias, 2005).
Dirige-se a todas as faixas etárias, com base em três modelos de intervenção:
- preventivo, é utilizada para estimular e desenvolver competências sociais;
- educativo, porque promove o desenvolvimento psicomotor e potencia a aprendizagem;
- reeducativo/terapêutico, é utilizada para adaptar o indivíduo com um desenvolvimento comprometido às suas alterações quer sejam motoras, psicológicas, afetivas e cognitivas (Morais, 2007; Morais, Novais e Mateus, 2005).
Nas sessões de intervenção Psicomotora é sobretudo utilizado:
- instrumentos específicos;
- atividades lúdicas;
- técnicas de relaxação e consciencialização corporal;
- atividades expressivas e motoras;
- e ainda permite experiências com o mundo exterior (Matias, 2005).
Através do corpo, desenvolve-se a atividade valorizando-se a intencionalidade e consciencialização da ação, explorado várias formas de expressão (Martins, 2001).
A Intervenção Psicomotora dá ênfase à qualidade da relação afetivo-emocional e têm como base sete fatores psicomotores:
- Tonicidade,
- Equilibração,
- Lateralidade,
- Noção de corpo,
- Organização espácio-temporal,
- Praxia global
- Praxia fina
Psicomotricidade nas Necessidades Educativas Especiais
As atividades psicomotoras facilitam o acompanhamento e desenvolvimento de alunos especiais – Psicomotricidade nas NEE. Ajudam a que a criança ponha em prática a sua capacidade de perceção, ação e contacto, de acordo com as suas possibilidades.
O trabalho dos fatores psicomotores, como é o caso do esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial, orientação temporal e pré-escrita são fundamentais na aprendizagem (Magero e Moussa, 2011). Um défice num destes elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem. E é aqui que a Intervenção Psicomotora vem dar o seu contributo, além de trabalhar em simultâneo a socialização e crescimento pessoal (Fonseca, 1988).
A Intervenção Psicomotora
A Intervenção Psicomotora é uma aliada ao processo de inclusão educacional, pois permite observar as limitações do aluno, entendê-lo e verificar os seus avanços na aprendizagem, mesmo que sejam mais lentos que o normal (Bagatini, 2002). Através de atividades psicomotoras, as crianças e jovens têm a possibilidade de construir e vivenciar as relações entre corporeidade, afetividade e aprendizagem.
É uma ferramenta valiosa principalmente para os portadores de necessidades educativas especiais, pois torna a ação mais significativa para eles. Dá-lhes a oportunidade de experienciar, de descobrir mais de si e do meio que o rodeia, propiciando o seu desenvolvimento (Magero e Moussa, 2011).
A psicomotricidade vai ajudar crianças com:
- Dificuldades de coordenação motora (ex. problemas de equilíbrio e falta de destreza)
- Dificuldades na motricidade fina (ex. cortar, pintar dentro do risco)
- Problemas na concentração
- Dificuldades na motricidade grafológica (ex. pega no lápis e pressão fraca ou forte)
- Dificuldades de aprendizagem
- Problemas de comportamento (por exemplo agressividade e comportamento
- Dificuldade de aprendizagem específicas (por exemplo discalculia)
- Dificuldades de comunicação
- Atraso no Desenvolvimento Psicomotor
Joana Gonçalves, Psicomotricista e Explicadora na How to…
para Up To Kids®
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Bibliografia:
Bagatini, V. (2002). Psicomotricidade para deficientes. Editorial Gymnos: Madrid
Fonseca, V. (1988). Psicomotricidade: psicologia e pedagogia (2th edition). São Paulo: Martins
Fontes
Fonseca, V. (2001). Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares. Lisboa: Âncora editora.
Fonseca, V. (2010). Manual de Observação Psicomotora – Significação Psiconeurológica dos seus Fatores (3th ed.). Lisboa: Âncora Editora.
Magero, C. e Moussa, I. (2011). A Psicomotricidade no processo de aprendizagem de portadores de necessidades educativas especiais.
Martins, R. (2001). Questões sobre a identidade da Prática da Psicomotricidade – As práticas
entre o Instrumental e o Relacional. In V. Fonseca & R. Martins (Eds.) Progressos em Psicomotricidade (pp. 29-40). Lisboa: Edições FMH.
Matias, A. (2005). Terapia Psicomotora em Meio Aquático. A Psicomotricidade, 5, 68-75.
Morais, A., Novais, R. e Mateus, S. (2005). Psicomotricidade em Portugal. A Psicomotricidade,5, 41-49
Morais, A. (2007). Psicomotricidade e Promoção da Qualidade de Vida em Idosos com Doença de Alzheimer. A Psicomotricidade, 10, 25-33
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Mais do que uma marca associada a um espaço o nome HOW TO é um conceito! Um conceito pedagógico, aliado às tecnologias, que pretende transmitir o valor da aprendizagem e de como ela nos torna pessoa.