A vida não é um conto de fadas!
Não, não é! Mas os contos de fadas fazem parte da nossa vida!
Brincar e fantasiar é essencial na vida! E começa em pequenino…
Todos gostamos de ver os nossos filhos brincar…vê-los a fingir que são polícias, professores, cabeleireiros ou imitando personagens da animação ou dos filmes de ficção.
A liberdade, espontaneidade, convicção, com que as crianças brincam, fantasiando, é a essência da infância, característica única e universal, e que faz desta a melhor fase da vida!
Ao brincar simbólico, chama-se jogo simbólico e que é exatamente isto, a capacidade de através do lúdico a criança simbolizar e “fingir” ser o que quiser, quem quiser e vencer todos os perigos.
Através do jogo simbólico a criança inventa um mundo só seu, onde é rei ou rainha!
Quem são estas personagens que povoam o mundo da fantasia? Porque são elas tão especiais?
Será que brincámos aos super heróis porque queremos ser super-heróis? Ou queríamos ter super poderes?
Quando lemos as histórias e os contos de fadas, temos a agradável sensação de poder partilhar com os nossos heróis as suas belas aventuras e por momentos sentimos que temos os seus poderes e acreditamos que todas as aventuras acabam bem e com um final super feliz.
A esperança, a ilusão, o acreditar que a vida pode ser assim, que de tudo somos capazes!..São esses sentimentos que devemos transportar para a nossa realidade, sabendo distinguir a fantasia do real mas deixando-nos invadir por sentimentos de coragem, valentia, determinação, esperança…Por isso é que todos gostamos de contos de fadas, em qualquer idade e promovemos a sua leitura e o visionamento de filmes fantasiados.
As crianças identificam-se com a coragem do príncipe, a valentia do guerreiro, a sabedoria do rei, a amabilidade e vulnerabilidade da princesa, a maldade da bruxa. Todos nós nos identificamos com alguma personagem em diferentes fases da vida.
Mesmo sabendo que não têm super poderes, as crianças fantasiam e nas situações imaginárias que criam conseguem resolver os seus problemas, o que as deixa na realidade mais fortes para enfrentar a sua realidade.
Os contos de fadas ajudam a lidar com dificuldades da vida como a rivalidade entre irmãos, os medos, invejas, ciúmes, sentimentos de inferioridade.
A vida interior da criança é enriquecida e esta aprende a lidar melhor com as suas emoções…e assim vai crescendo! Lidar com emoções e sentimentos ajuda-a a crescer, ultrapassar problemas, encontrar soluções.
A leitura de contos de fadas e histórias deve ser estimulada pelos pais promovendo a criatividade, a imaginação e por consequência o desenvolvimento intelectual das crianças. Por outro lado, as crianças ao lerem e principalmente ao dramatizarem as histórias, conseguem viver as emoções, os sentimentos e dessa forma resolver muitos dos seus dilemas internos. Para além disso acreditam…acreditam num mundo melhor, e essa esperança alimenta a sua vida e fá-los crescer como pessoas que poderão e tentarão fazer a diferença, estando sempre no lado do bem e lutando contra o mal. Os pais podem brincar com as crianças, ajudar a construir a fantasia e criar o hábito de ler.
A opinião de alguns autores:
Radino (2003) diz que o pedido de contar mais uma vez a história, é uma “forma de a criança apropriar-se de suas emoções e elabora-las” (p.143). A criança conta várias vezes a mesma história, brinca e dramatiza. Utilizando o simbolismo das histórias, consegue expressar as suas angústias. A criança também terá sempre uma história preferida que remete diretamente a algum conflito importante que decorrente nessa altura. Em momentos diferentes, a criança identifica-se com determinado personagem, logo que despertada a sua angústia.
Através de uma linguagem fantástica, os contos procuram explicar a existência humana (RADINO, 2003). Segundo Postic (1993), a criança identifica-se com o herói da história e capta significados a partir de seus interesses e necessidades momentâneas. Radino (2003) defende que os contos mostram à criança muitas questões humanas que ela vivência, mas não consegue verbalizar. Dão forma a desejos da própria criança, aguçando a imaginação e favorecendo para o seu processo de simbolização que, segundo a autora, é de grande importância para a sua inserção no mundo civilizado e cultural. “(…) [A criança] troca de identidade de acordo com os problemas que tem que enfrentar” (POSTIC, 1993, p.20). Os contos de fadas sugerem, de forma simbólica, como convém resolver os conflitos internos (POSTIC, 1993).
Os contos de fadas, bem como os mitos, usam a mesma linguagem que o inconsciente. Pavoni (1989) diz que os contos falam diretamente com a criança, sem conselhos, explicações ou sermões.
Os contos de fadas tendem muito para o lado do encantamento, do fantástico. Um mundo habitado por seres maravilhosos, todos convivendo naturalmente. Nada é considerado estranho. Tudo é maravilhoso no mundo da magia, do sonho e da fantasia. Não há limitações da vida humana e os conflitos são resolvidos por meios sobrenaturais (RESSURREIÇÃO, 2007).
Fonte: ©Psicologado.com
Segundo Freud, as crianças identificam-se com os contos de fadas, pois estes desencadeiam temas universais dos seres humanos. Eles transmitem a garantia de sucesso na resolução de problemas das crianças.
Termino com um pequeno filme:
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Deixem-se levar!…
Por Maria João Cosme, Psicologa Clínica,
para Up To Lisbon Kids®
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imagem capa@MundoMulheres