Andamos a adiar. Sempre a adiar.
Depois das nossas resoluções de final de ano começarem a ficar difusas, depois daquela segunda-feira* a que chamaram a mais triste do ano, depois dos erros do passado voltarem, começamos a adiar.
E sofremos. E sofrem os nossos filhos, os nossos companheiros e as nossas famílias.
Há que implementar as resoluções!
E alguns amigos até nos relembram:
“Olha que estás mais gordinho.”
“Ainda não trocaste de carro.”
“Olha que os teus putos não param quietos.”
Já quase ninguém se lembra das promessas batizadas com espumante e passas.
E você ? Já se esqueceu dos objetivos para alcançar no próximo ano? Falou em melhorar a forma física. E também pensou em mais tempo de qualidade com os filhos. Também eu. Espero sair mais vezes do sofá. Espero interromper mais vezes as gravações automáticas. E espero ir ao quarto dos meus filhos brincar mais e melhores vezes! Temos de parar de adiar!
Em forma de lista, lá vão meia dúzia de mandamentos para o mês de Fevereiro que está quase aí a chegar. Não adiemos mais! Há que implementar as resoluções!
1. Mais perguntas, menos lamurias.
Porque é que adiei o fim de semana em família? Ou porque é que estou triste? Porque não invento uma brincadeira? E não vou só fazer perguntas a mim próprio. Eu vou tentar coloca-las também aos meus filhos. Tentar coloca-los a pensar. Se conseguir, estou a dar-lhes uma ferramenta excecional para o futuro, ao mesmo tempo que o ajudo no presente.
2. Mais tomar as rédeas, menos desculpas.
Falta tempo? O tempo é sempre o mesmo.
Sabemos que passa de forma diferente de acordo com as situações. É a nossa perceção que o muda. Então, da próxima vez que estiver a sentir o sol de inverno na cara naquele jardim que frequentamos em família, vou fechar os olhos uns segundos para tentar congelar aquele momento dentro de mim. E vou convidar os miúdos a fazer o mesmo. Eles vão achar piada (ou talvez não) mas no futuro vão recordar com saudades momentos daqueles.
3. Mais explorar, menos GPS.
É uma grande invenção, mas nem sempre a melhor rota, a mais rápida, vai trazer aventuras. E nós precisamos de aventuras! Numa das viagens de rotina à casa dos sogros, leve a família por um caminho diferente. Partam mais cedo e permitam-se explorar um novo troço. Até podem parar o carro duas ruas mais abaixo do habitual e descobrir algo novo no caminho. Há sempre algo novo à espera de ser explorado.
4. Mais escutar, menos ouvir.
Há uns anos as pessoas davam pouca atenção às conversas das crianças . Hoje há educadores capazes de repetir esses padrões sem se aperceberem. Quando escutamos uma pessoa, tudo muda. Claro que estragava a história, mas se a mãe da capuchinho tivesse escutado ativamente quando a filha respondeu à indicação de não se desviar do caminho, podia ter evitado a tragédia. Vamos escutar mais os nossos filhos. E, já agora, os nossos companheiros. Vamos escutar os sinais e não apenas as palavras.
5. Mais aceitação, menos manipulação.
É importante recomeçarmos o exercício que nos relembra: Os nossos filhos têm a sua personalidade. Não são, nem devem, ser cópias de ninguém.
6. Mais ação para ser melhor pai.
Há aqueles momentos em que os miúdos parecem não fazer nada do que pedimos. Ser Pai não é fácil. O tempo parece sempre a fugir, as teorias psicológicas parecem ser demasiadas, a relação com a Escola e com as Professoras nem sempre é perfeita. E todos queremos o melhor para os nossos filhos. Infelizmente, nem sempre passamos do desejar ao praticar. Praticar é, por exemplo, comprar um livro sobre um tema que nos preocupe. E começarmos a pensar: Será que estou a fazer bem? Será que estou a ajudar o meu Filho a crescer de forma a conquistar o Mundo? Ou será que alimento as inseguranças dele? Independentemente das dificuldades, do comportamento, das notas, da “educação” ou falta dela, das críticas dos Avós e das exigências da Escola, independentemente de tudo, há a vontade de sermos melhores como Pais. Tem vontade de melhorar? Há que implementar as resoluções!
Não fiques à espera que as coisas aconteçam!
* Esta “teoria” da segunda-feira mais triste tem o seu lado cómico. Alertava para o dinheiro desaparecido nas prendas de Natal. Para o recomeço do trabalho depois das férias. Para as resoluções de final de ano falhadas. E também li algures que alertava para o facto de se aproximar o “dia dos namorados”. De acordo com o artigo, para os solteiros seria um problema. O “dia dos namorados” nunca pode ser um problema! Mas disso falarei no próximo artigo…
imagem capa@aqui
A criação do Mundo Brilhante permite-me visitar escolas de todo o país e provocar os diferentes públicos para poderem melhorar. Agitamos. Queremos deixar marcas.