Andamos a Sensibilizar bem as nossas crianças e jovens?

Gostava de partilhar uma pequena reflexão sobre sensibilização, pedagogia e atividades para crianças e jovens.

Faço-o porque há mais locais de aprendizagem do que as salas de aula. Porque há entrelinhas nos programas escolares. Porque acredito que os adultos responsáveis querem desenvolver mais do que (apenas) o conhecimento…
Por isto, e porque queremos o melhor para os nossos filhos, apresentamos uma lista com  10 reflexões sobre as chamadas ações de sensibilização e sobre atividades no geral para crianças e jovens.

1 – Ir ao teatro, não é o único modo de sensibilizar crianças e jovens. Na verdade, muitas peças de teatro são “apenas” lúdicas. Isso não é bom nem é mau. É mesmo assim. O teatro tem uma nobre e profunda missão. Mas há vida além do teatro, no que à sensibilização diz respeito. No entanto, viva o teatro! Claro. Pela arte.
Quando queremos formar, mudar atitudes, há outras formas mais sistemáticas de o fazer.

2 – Podem criar-se momentos dinâmicos, pedagógicos e verdadeiramente interativos, capazes de mobilizar a “Geração Z” usando os princípios da Psicologia Educacional. Usando os princípios da Formação. Adaptados para os públicos alvo, claro está. Devemos procurar qualidade. Não podemos entregar os nossos filhos apenas a quem “tem muito jeito para crianças”. Há que haver conhecimento teórico. Preparação. Devemos perguntar quais as competências, a formação dos “animadores infantis” ou dos “monitores”. Formação não é sinónimo de qualidade, mas pode ajudar.

3 – Para um evento ser pedagógico não basta querer, ou ter pedagógico no nome. Ou fazer sobre as temáticas em causa, frases a rimar. Se assim fosse, se bastasse cantar, toda a minha geração teria sempre comido a papa. Já agora, grande José Barata Moura. Grande Avô Cantigas. Mas sensibilização a sério, pedagogia, mudança de atitudes, isso é outra coisa.

4 – Sim, um jogo, com cartas, dados ou algo do género, pode chamar-se “Ler a Brincar” ou “Bullying Trocado por Miúdos”. E mesmo assim, pode não ajudar a Promover a Leitura ou a Prevenir o Bullying. Cuidado com os verdadeiros interesses da iniciativa. Há alguma marca a patrocinar? Porquê? Em que moldes?

5 – Falar para (com) crianças e jovens não é o mesmo que falar (com) “adultos em miniatura”.

6 – Vê-se bem nas fotos que colocam no “Face” (por exemplo) que há bastantes ações de sensibilização em Escolas, feitas por Polícias, Bombeiros,  Enfermeiros, com salas demasiado cheias! Não é por se encher uma sala que a mensagem passa melhor. Enchem-se as salas por questões políticas. Querem mostrar os números. Este é um caso em que a quantidade colide com a qualidade.

7 – Não é porque alguns alunos dizem “foi muito giro” que a sessão foi verdadeiramente boa. Quais eram os objetivos? Como se vai avaliar? Dá para medir? Vai existir mudança comportamental?

8 – Conhecer as necessidades das crianças e jovens é fundamental para se escolher a informação que se pretende passar. O desejo de mudar vai surgir, se quem transmite a mensagem entender as necessidades do público alvo. Entender as necessidades das crianças e jovens implica também entender (ou pelo menos ser sensível) a aspetos da sua forma de pensar e de aprender. Há processos psicológicos básicos (como a memória, a percepção, a atenção, as emoções,…) e quem deseja educar deve estar atento.

9 – Apresentar, discutir e colocar em prática. Esta é uma das formas de se ver a sensibilização. Sensibilizar também é entender de emoções. E o que sabem sobre emoções aqueles que sensibilizam os nossos filhos? Sensibilização apenas com slogans e spots publicitários é má sensibilização. Ou sensibilização do “mal”. A sensibilização “do bem” deve ajudar a pensar. A refletir. Deve incluir debate.

10 – Os Pais, por serem Pais, pelo vínculo afetivo, podem impor determinados valores e conceitos. Na sensibilização deve procurar-se a discussão. Para que surja uma resposta dentro das crianças e jovens. Não queremos “papagaios”. Certo?

Façamos a reflexão sobre a diferença entre o entretenimento e a sensibilização. Entre a visita de estudo “para curtir” e aquela com objetivos.

Exigir qualidade ( moral, técnica,…) àqueles que lidam com os nossos filhos, é missão de Pai.

Por Alfredo Leite, Mundo Brilhante
para Up To Lisbon Kids®

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Gosto de iniciativas “sem tretas” e com alma. Como a Up to Kids, por exemplo.

A criação do Mundo Brilhante permite-me visitar escolas de todo o país e provocar os diferentes públicos para poderem melhorar. Agitamos. Queremos deixar marcas.

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