Apagar o ex das redes sociais é banal entre adolescentes
Nesta era digital em que tudo fica registado na net para sempre, nos namoros dos adolescentes é tudo ao contrário.
No dia em que acabam deixa de haver qualquer vestígio dessa pessoa ter estado na vida do outro.
As fotografias desaparecem, os “estados” passam a qualquer coisa banal, as juras de amor nunca existiram. E se só existe o que se publica nas redes sociais, então esse namoro não existiu, não há prova dele, não sobra nada.
As promessas segredadas ao ouvido, os abraços, os beijos, de tudo o que foi, nada será.
Os fundos de ecrã mudam-se de imediato. Já nem sequer é preciso olhar nos olhos para terminar. Manda-se uma mensagem, um texto, um whatsapp, não é preciso ter coragem de dizer a quem nos ama, “já não gosto de ti”. Assim ao longe, no conforto do seu sofá, não tem que se ver o desgosto nos olhos do outro, a sua expressão triste, a surpresa. Afinal estava tudo bem, ainda ontem se fazia “posts” com a pessoa amada dizendo “amo-te muito”, “juntos para sempre”, porque é fácil escrever, o difícil é olhar nos olhos e sentir.
Hoje em dia já não é preciso falar aos pais e ficar tímido. Basta acenar de longe um “olá tudo bem”. Aqueles nervos de ir pela primeira vez a casa dos pais do namorado ou namorada já não existem, já todos sabem quem são todos através do mundo digital.
O que é hoje não é amanhã, o que foi ontem já passou, serão eles mais leves? Mais práticos, menos sentimentais?
E se não é preciso acabar ao vivo, muitas vezes ao vivo não falam, estão cada um no seu mundo, enfiados nos ecrãs, sem nada para dizer, não conversam apenas trocam mensagens. Hoje és tudo, amanhã nada.
Não existes, não existimos, não existiu.
Então nesta confusão de sentimentos, éramos tudo – não somos nada, o que é que sobra? E se já não existe nada porque está tudo apagado, será que se pode ficar triste pelo que não existiu?
Quem é que apaga primeiro quem? O que acaba ou o que é rejeitado? E se voltarem, começa tudo de novo como se fosse a primeira vez?