
As histórias que ouvia…
As histórias que ouvia…
Ultimamente tenho me interessado muito pelas histórias tradicionais e as de tradição oral. São contos que sobreviveram ao longo dos tempos, que foram sendo contados de geração em geração e que de alguma forma conseguiram sobreviver até aos nossos dias e são muito importantes. Quem não conhece uma história que ouviu contar quando era criança devia procurar rapidamente alguém mais velho e pedir que lhe conte uma. Todos os adultos devem conhecer pelo menos uma história do antigamente para que estas possam chegar ao futuro.
“Mas as histórias tradicionais nos tempos de hoje já estão desatualizadas! Porquê contá-las?”
É dos comentários que mais ouço, especialmente da parte dos pais. Eu digo-vos que a forma de escutar essas histórias é diferente hoje em dia, mas a essência não mudou. Elas continuam a servir para aproximar as crianças de sentimentos e de vivências no plano da imaginação para estas depois saberem lidar com eles na realidade. As histórias preparam-nas para a vida e as suas personagens como as bruxas, os lobos, os ogres e outras, têm uma função muito importante, que é a de estabelecer uma limitação entre o mundo das coisas reais e o das imaginárias.
Isto da tradição oral tem ainda muito que se lhe diga…
Diz o sábio povo que “quem conta um conto aumenta um ponto” e no caso das histórias tradicionais ainda bem! A história raramente é recontada tal como nós a ouvimos. Há uma coisa chamada imaginação que nos leva a acrescentar ou retirar algo da história quando a recontamos. Por isso há tantas versões diferentes das mesmas histórias de tradição oral. Nalguns casos é com mais intenção do que outros.
Por exemplo Gianni Rodari (Jornalista, escritor e pedagogo nas décadas de 60 e 70) brinca com as histórias tradicionais baralhando-as ou alterando-as com um fim especificamente terapêutico e lúdico. Ele defendia que pessoas diferentes podem levar as histórias por caminhos diferentes e até mensagens diferentes. E este para mim é a beleza e o poder das histórias de tradição oral.
Na falta de melhores palavras para terminar este texto, peço emprestadas as do Eduardo Sá quando diz “(…) as histórias dão-lhes a História (que faz com que se chegue, no mesmo instante, ao passado e ao futuro)”.
Boas leituras, tradicionais e não só…
Com a sensação de missão cumprida, dei início a uma nova viagem. O caminho passa pelos livros infantis, pelas histórias, pela infância e pela parentalidade.