As mães também têm direito a escapadinhas
Hoje acordei assim ao som da “balada astral”, com um sorriso nos lábios e de alma lavada.
Regresso a casa depois de quatro dias completamente sozinha, sem marido e sem filhos. Quatro dias em que dormi e acordei sem horários, almocei sem alvoroço e jantei em restaurantes tudo menos “kids friendly”. E soube tão bem.
Vou voltar cheia de saudades de quem deixei em casa e pronta para mais um ano “non-stop”.
Todas as mães deviam ter coragem de se permitirem a uma escapadinha de vez em quando , arrumar na mala um livro, um cd e rumar para um qualquer cantinho só seu. Ter tempo para si, para chorar, rir, cantar e dançar sem ninguém ver, dormir ou passear, ter tempo para sentir saudades, para desejar voltar rápido. Tudo isso é saudável e devia ser um direito adquirido de todas as mães! Não é fácil assumirmos que precisamos do nosso tempo, eu sei, é “esquisito”, e o que vão pensar os outros? Eu sei. Desde que casei e já vão oito anos a esta data que tiro uns dias só para mim. No primeiro ano de casada suportei comentários como “estás casada há pouco tempo e já vais sozinha de férias? isso não vai durar muito….” Depois de ser mãe são comentários como “Como é que consegues deixar as miúdas?“ E ainda agora, não falha o fatal como o destino ”está tudo bem entre vocês?”, ou “Aconteceu alguma coisa?”.
SIM, ESTÁ TUDO BEM.
Está tudo bem porque quando me afasto sou mais eu, e isso não quer dizer que não goste da pessoa que está comigo, sou mais eu e não gosto menos das minhas filhas por isso! Morro de saudades deles, mas descubro-me de novo, não sou a mulher de alguém ou a mãe de alguém, sou só eu. Alguém sem rótulos, uma desconhecida na multidão, uma turista na solidão. Alguém que que passeia com um livro na mão, que vai á praia só com uma toalha, que pede uma mesa só para um.
E quando chega o dia do regresso, acordo bem cedinho com o tal sorriso no olhar. Ansiosa por voltar, dar beijos e abraços aos molhos. Vou gritar menos nos próximos tempos, vou ser mais paciente, os banhos serão mais divertidos e os jantares vão ter outro sabor.
Vou ser certamente melhor mãe, melhor mulher e uma versão melhorada de mim mesma.
Até para o ano “ só eu”!
Escrevo sobre o que me faz feliz, escrevo sobre o que me faz triste. Escrever faz-me feliz. Adoro desafios! Ser mãe é o maior desafio da minha vida.