Autoestima infantil. Qual o papel da família?
A autoestima diz respeito à avaliação que cada indivíduo faz sobre si próprio.
Um conjunto de perceções, avaliações, pensamentos, sentimentos e comportamentos. Esta autoavaliação é muito influenciada pelas interações nos primeiros anos de vida. Pode mesmo afirmar-se que a nossa autoestima é formada nestes primeiros anos, principalmente através da comunicação pais-filhos, onde lhe são transmitidas mensagens importantes para definir o seu autoconceito e perceber qual o seu valor e capacidades.
A criança cria um conceito sobre si própria através destas interações através de questões constantes, tais como: “Quem sou eu?”, “Como é que se deve agir nesta situação?”, “Quais são as regras que são aplicadas em cada circunstância?”…
Os pais, ou os adultos cuidadores, são então a principal referência na aprendizagem das regras gerais acerca de “como as coisas funcionam”, mas também acerca de “quem é que eu sou”.
Durante os 3 ou 4 primeiros anos, a autoestima vai sendo formada e as opiniões dos adultos significativos, assim como os seus comportamentos e todas as interações provenientes dessa relação serão fundamentais. Providenciar um ambiente de aceitação e desenvolvimento positivos é então um elemento fundamental para a criança tomar consciência do seu valor pessoal e sentir segurança e confiança nos outros e em si própria.
Podemos perceber que uma criança tem uma autoestima positiva quando:
- Demonstra capacidade de resolver os seus problemas,
- É capaz de aceitar o seu valor e dos outros enquanto pessoas,
- É colaborativa,
- É sensível às necessidades dos outros,
- Não perde demasiado tempo a pensar no passado ou futuro,
- Está consciente das suas qualidades e defeitos.
Autoestima infantil. Qual o papel da família?
O autoconceito é modificável e pode ser reforçado ou diminuído ao longo da vida, independentemente das bases adquiridas na infância. É expectável que com a entrada na idade escolar, essa avaliação seja também influenciada pelos diferentes grupos de pares (amigos, colegas..) onde a criança se insira. O feedback positivo ou negativo destes será também fundamental para o seu desenvolvimento. A família e o ambiente familiar não são o único elemento-chave neste processo. A autoestima acaba por ser causa e consequência. Por um lado os sucessos pessoais (como as boas notas) poderão ser fatores que proporcionem ao indivíduo uma avaliação positiva das suas capacidades, por outro lado, uma avaliação positiva das mesmas permitirá o alcanço de objetivos com mais sucesso. Sendo que os sucessos pessoais favorecem autoestima mas não a determinam por si só.
O Clima Familiar
Uma vez que as bases da autoestima são formadas na idade pré-escolar até à escolar, um fator determinante para o seu desenvolvimento são os modelos educativos familiares, ou seja, o ambiente e relações familiares.
Os elementos-chave dizem respeito a um clima familiar de respeito e afetos, ao tipo de socialização, à valorização (mesmo perante uma má conduta), aceitação (das qualidades, defeitos, erros, sentimentos…), regras morais e de conduta bem definidas mas flexíveis q.b., castigos bem implementados e justificados, previsibilidade (saberem o que se espera delas e o que podem esperar do ambiente), de modo a proporcionar um crescimento pessoal positivo.
Se o clima familiar se pautar pelo desapego, critica e repreensão constante, falta de interesse e atenção, haverá a tendência a serem desenvolvidos sentimentos e crenças de inferioridade, vergonha, pouco valor pessoal e pouca confiança.
Obviamente, e como já foi discutido acima, outros fatores terão influência na formação e manutenção da autoestima, nomeadamente o ambiente escolar (académico e social), a capacidade de resolução de problemas, as capacidades sociais…
Contudo, a base será sempre a família e os pais terão um papel fundamental neste processo.
Por Sara Cruz – Psicóloga no Centro Catarina Lucas
Conta com uma equipa multidisciplinar de cerca de 30 profissionais especializados em diversas áreas da psicologia e do desenvolvimento humano, prestando serviços nas áreas da psicologia para adultos, infantil e juvenil, aconselhamento parental, terapia de casal, terapia familiar, sexologia clínica, neuropsicologia, hipnose clínica, orientação vocacional, psiquiatria, terapia ocupacional, terapia da fala, nutrição, naturopatia, osteopatia, entre outros.