
Being the Best…Feeling the Worst
Nascemos, crescemos e morremos envoltos em verdadeiras teias de competitividade. Sem dúvida, que tudo na nossa vida se encontra pincelado de alguma disputa, muitas vezes em relação a nós próprios. Somos uma espécie em constante seleção natural, em que apenas os melhores sobrevivem. As expectativas, tendencialmente mais elevadas, fazem-nos avançar para além das nossas capacidades, e as limitações surgem apenas como impulsos para atingir objectivos. Se por um lado, esta ferramenta é essencial para combater a inércia e a estagnação, fazendo-nos viver em plenitude, por outro é castradora e asfixiante. Principalmente quando falamos de crianças, cuja sua estrutura emocional se encontra em desenvolvimento.
Considero, que o problema não reside em querer ser o Melhor…nem na competitividade inerente a este conceito. Mas sim, na verdadeira inversão de papéis e valores que se praticam, primeiramente no nosso ambiente familiar, que não é mais do que um microssistema social, os quais se irão extrapolar para a sociedade em geral. Atualmente, os pais valorizam de uma forma incontrolada o desempenho escolar, as notas, os números, os cargos, o dinheiro e o prestígio financeiro…ter, ter, ter!! Perdemos imenso tempo precioso em torno dos trabalhos de casa, despendemos imensos recursos em explicações, reforçamos positivamente os resultados escolares em detrimento de todos os outros. E ensinamos aos nossos filhos, que ser o melhor se resume a resultados…evidentes em escalas numéricas.
Quantos de nós, enquanto pais e educadores, valorizamos a partilha de objetos, a solidariedade entre colegas, a capacidade de persistência, a ajuda ao próximo, a honestidade, a resiliência, a simpatia. Recordo sempre uma imagem, que me marcou, como mãe, mas principalmente como ser humano. Numa festa escolar uma das crianças, caiu durante a atuação e outra foi em seu auxilio, na tentativa de a ajudar a recuperar, foi repreendida com o argumento que não deveria sair do seu lugar. Esta situação, reflete exatamente o que pretendo dizer, não foi o sentimento de solidariedade e ajuda mútua que foi ensinado, mas sim, o individualismo e a insensibilidade perante o outro.
Ser o melhor…é ser um exemplo enquanto ser humano. Uma referência primeiro que tudo em valores e afectos. Ser seguro, ser justo, coerente…humano!
Enquanto pais, temos que rever estes conceitos, esta estrutura de hierarquias…se não o fizermos…construímos uma sociedade na qual não iremos decerto querer envelhecer…uma sociedade de Melhores (Best) que vivem e sentem como os Piores (Worst)!
Being the Best…Feeling the Worst
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