A propósito das comemorações de mais um aniversário do 25 de Abril, ouve-se por estes dias falar muito em liberdade. E é esse também o nosso mote para este artigo: liberdade… para brincar.
Quem pensa que brincar é apenas um intervalo no quotidiano escolar e familiar de uma criança ainda não percebeu a sua verdadeira importância para o desenvolvimento infantil. Mas não estamos a falar apenas do papel do brincar. Mais importante é ainda o brincar livremente, isto é, sem a tentadora mediação dos pais e educadores.
Significará isto que a criança deve brincar sozinha ou apenas com outras crianças? Não, nada disso. Deixar brincar livremente significa participar das brincadeiras, mas resistir à tentação de as organizar e/ou as decidir. Dos adultos espera-se que dêem espaço e segurança à brincadeira e que dela participem, mas devem ser as crianças a definir “as regras do jogo”, brincando de forma livre e espontânea.
Dar prioridade ao brincar livremente é possibilitar o desenvolvimento pleno das crianças. É através desse processo que elas socializam e reforçam as suas capacidades sociais, criativas, cognitivas, emocionais e físicas. Quando a brincadeira é livre estamos a favorecer a autonomia da criança.
Na escola e, tantas vezes, em casa, os momentos lúdicos são vistos como um mero intervalo na agenda de uma criança. Nada mais errado! Brincar deveria ter, pelo menos, tanta importância quanto os programas curriculares impostos. E mesmo nesses intervalos, brincar deixou de ser totalmente livre: os espaços são fechados e quase estéreis, substituiu-se a natureza pelos materiais sintéticos “seguros”, privilegiam-se quase em exclusivo os chamados brinquedos didácticos. É claro que a brincadeira deve ser segura, mas é também fundamental ser simultaneamente desafiadora. É com os desafios que crescemos de forma saudável. É com eles que aprendemos a conhecer os limites e a querer ir mais além. É com eles que amadurecemos.
Não é preciso haver sempre um objectivo para a brincadeira: a criança necessita de desenvolver a sua espontaneidade e criatividade. Há que dar a oportunidade às crianças de conduzir o seu interesse e o seu tempo, deixando-as aprender naturalmente.
Boas brincadeiras… livres!
Por Vilma van Harten, Directora Geral da B de Brincar®,
para Up To Lisbon Kids®
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