Trocamos as canções de embalar por histórias
Cá em casa, contamos muitas histórias à nossa filha.
Principalmente eu. Confesso que sempre fui fã de livros e contos, mas o pai também não se sai nada mal…
A minha filha mostrou desde logo muita curiosidades pelos livros, por isso, estes têm estado presentes na sua vida quase desde que nasceu! Contudo, estes livros eram maioritariamente de exploração de imagens, vocabulário e texturas, com abas ou sons.
O primeiro livro de histórias que lhe despertou verdadeiramente a atenção nem era (supostamente) adequado para a sua faixa etária e entrou na sua vida por acaso…
A ovelhinha que veio para o jantar de Steve Smalllman e Joelle Dreidemy
Um dos muitos livros infantis que possuo, ficou por arrumar num qualquer lugar da sala de estar. A nossa filha deu com ele e, perante o seu interesse, acabei por lhe ler a história. Tinha pouco mais de um ano e meio e, nos tempos seguintes, folheou-o e analisou-o vezes sem conta. Do princípio ao fim. De trás para a frente e salteado!
Pediu-nos o mesmo número de vezes para lho lermos e, com o pouquíssimo vocabulário que possuía na altura, mas com a enorme expressividade que sempre a caracterizou, ia já antecipando algumas partes da história.
Foi então que, por ter o texto tão presente na minha cabeça, decidi contar-lho com as minhas próprias palavras, numa das noites em que a fui adormecer, em substituição da habitual canção de embalar.
Resultou… Ela adormeceu poucos instantes após ter terminado o conto… E é isto que se quer, não é?
Nas noites e sestas seguintes, a estratégia foi-se repetindo.
Eu entusiasmada a descobrir o meu novo talento de contadora de histórias, e ela a adormecer rápida e tranquilamente.
Gradualmente fui variando e experimentando outros contos mais tradicionais, de que me recordava, como a Branca de Neve, os três porquinhos, o lobo e os sete cabritinhos, Caracolinhos Dourados e os três ursos, etc.
Fui igualmente pondo mais livros infantis à sua disposição e, a partir deles, passou também ela a indicar-me frequentemente a história que queria ouvir antes de adormecer.
E assim se criou um hábito valioso, do qual hoje, aos 28 meses, dificilmente estará disposta a abdicar!
Andamos agora numa fase de Capuchinho Vermelho e de o patinho feio, depois de um breve reinado de Cinderela…
Conto-os com palavras minhas, mas também já aconteceu uma ou outra vez ler-lhe mesmo o livro, como no caso de O casamento da Gata, de Luísa Ducla Soares, que é todo em verso e perderia a essência se fosse contado de outra forma, e que (ainda!) não sei totalmente de cor (mas estou quase lá!!).
Porque é que acredito tanto no valor desses momentos diários?
Antes de mais, são momento de entretenimento e partilha, em que eu ou o pai estamos exclusivamente dedicados a ela, sem distrações de ordem alguma. Sentados na poltrona do seu quarto, com a luz apagada, somos só nós, ela e as personagens dessa história.
Nos tempos que correm, entre dias acelerados com as mais variadas solicitações e com a interferência que as tecnologias têm nas nossas vidas, parece-me essencial a criação destes momentos de entrega total aos nossos filhos.
Acredito que o facto de lhe contarmos histórias (e de, noutros momentos, lhe lermos livros) contribui para:
- o aumento do seu vocabulário;
- para que desenvolva a capacidade de encadeamento de ideias (tão importante no seu raciocínio e discurso oral e que o será também um dia na aprendizagem da escrita);
- fomenta o seu gosto por livros e futuramente pela leitura;
- desenvolve a sua imaginação, permite-lhe ampliar o seu conhecimento do mundo.
Os contos são também fundamentais para o seu crescimento emocional.
Existe sempre a “moral da história”, que lhe transmite valores. Com os três porquinhos aprendemos que o esforço compensa, com a Caracolinhos Dourados que não devemos mexer no que não é nosso sem autorização, com a Capuchinho Vermelho que devemos ouvir os conselhos dos pais… Ao longo das histórias, a criança é também confrontada com os vários sentimentos das personagens, revendo-se muitas vezes nesse sentir, o que a ajudará a lidar melhor com as suas emoções. Apreende a distinguir o bem do mal, e, como é regra que as histórias tenham um final feliz, ganha confiança no mundo, pois percebe que, apesar das adversidades da vida é possível que a justiça prevaleça!
Sofia, do blog Cá em casa somos três, adaptado por Up To Kids®
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