
Caminhar Juntos e Determinados pelas crianças
Caminhar Juntos e Determinados pelas crianças
Vivemos momentos complexos.
Não bastava este ritmo acelerado do mundo, esta forma de ser em constante e acelerada mudança, ainda veio a pandemia. Penso que este enquadramento é importante, não para repisar o óbvio, mas porque sinto que, por vezes, não nos lembramos disto, por exemplo, na hora de educar os nossos Filhos.
À saída de um colégio onde estive, inspirado pela adesão dos Pais às “verdades difíceis”, lembrei-me de que Educar à altura destes tempos complexos, precisa da reflexão à volta destes 5 pontos:
1. Não basta dizermos que “desejamos filhos felizes”.
Isto é (muito) pouco. Temos que ter uma ideia concreta do que é essa “tal da felicidade”. Que tipo de competências queremos que os nossos Filhos tenham, porquê e como podemos ajudá-los a desenvolvê-las. Educar não se prende com um tipo de pensamento mágico. Temos também, que sair do nosso círculo fechado das redes sociais, observar e escutar o mundo. Isto pode significar sair de casa numa sexta-feira à noite para ir aprender/crescer.
2. A autenticidade é fundamental na hora de educar.
No entanto, com autenticidade, eu não quero dizer “deixar andar”, nomeadamente em relação ao ponto anterior. Definir “felicidade “ é possível. E é importante. Para si, o que é a felicidade do seu Filho?
Ser autêntico é, por exemplo, não seguir modas, não imitar os vizinhos. Como se consegue? Consegue-se retirando tempo para o autoconhecimento, para o estudo de boas fontes e para formações com especialistas. Assim, vamos poder agir de acordo com a nossa verdade, enriquecida com estas boas fontes.
3. A vida vai trazer frustrações.
Aos Pais cabe saber dizer os “nãos” certos, de preferência, nas horas certas. E sim, preocupa-me a aparente tendência para o facilitismo do “sim a tudo”.
Agora que voltei às escolas, com sessões presenciais, reforço a visão de que se os Pais e as Famílias não tiverem em atenção que há perigos no dizer sim a tudo, fazendo todas as vontades e ficando reféns das vontades dos Filhos, as Escolas vão ter muitas dificuldades.
As Escolas já estão a ter dificuldades. E as dificuldades das Escolas, têm óbvias repercussões na saúde mental dos Alunos, num círculo vicioso: filhos mal-educados – professores exaustos / professores exaustos-alunos mal-educados. O contrário existe! Miúdos fantásticos-professores motivados / professores motivadores – alunos felizes.
4 . Além de ter voltado ao presencial com os Alunos, também já voltei ao presencial com os Pais.
Por vezes parece que toda a gente pode falar da Escola. Parece que toda a gente pode “mandar bocas”, só porque andou na Escola (com os equívocos que isto traz). E também parece que toda a gente pode dar indicações sobre parentalidade, sempre dizendo que “são apenas sugestões”, ou “reflexões”, sempre dizendo que “comigo funcionou” (como se isso fizesse ciência), muitas vezes misturando filosofia com crendice e o tal pensamento mágico.
Tenho sentido os Pais baralhados. Eu não quero levar frases feitas, lugares comuns quentinhos. Por vezes, dizer a verdade, quando ela responsabiliza, é difícil. Mas precisamos fazê-lo. E os Pais estão sedentos de clareza.
5. A esperança é algo muito bonito e importante.
Talvez seja um dos antídotos para a ansiedade que corrói tantos de nós. Se olharmos para as nossas forças, para as nossas virtudes, vamos fazer melhor. Se olharmos para as virtudes das nossas Crianças e Jovens, vamos ajudar a desenvolver a inteligência emocional, e não apenas, saber sobre o tema. Quando somos entusiasmados e estudamos um pouco, vamos deixar Crianças e Jovens resilientes de verdade, porque nos soubemos também dar de verdade. Educar pela positiva não é retórica. A autoestima não se aumenta por decreto, como a empatia não se atinge por dizer: sejam empáticos. Precisamos de caminhar juntos e determinados.
Os tempos estão complexos.
Precisamos de refletir com intencionalidade para dar o melhor às Crianças e Jovens. Pela nossa consciência. Caminhemos então. Juntos. E determinados. Vamos Caminhar Juntos e Determinados pelas crianças.
A criação do Mundo Brilhante permite-me visitar escolas de todo o país e provocar os diferentes públicos para poderem melhorar. Agitamos. Queremos deixar marcas.