Com o que não deve, nunca, castigar! Os castigos sempre fizeram parte da humanidade. Por mão divina, recriações mitológicas ou julgamentos humanos vem punir o erro, a atitude e o comportamento desviante. 

Com o que não deve, nunca, castigar!

Com o que não deve, nunca, castigar!

Os castigos sempre fizeram parte da humanidade. Por mão divina, recriações mitológicas ou julgamentos humanos vem punir o erro, a atitude e o comportamento desviante. 

Até há bem poucos anos eram essencialmente corporais. Os países do norte da Europa foram dos primeiros a considerar crime os castigos violentos a crianças e adolescentes.

Com a introdução dos estudos comportamentais começaram a ser postas em prática outras técnicas de regulação comportamental, como por exemplo, o time out (ou tempo para pensar) que até pode ser interessante na medida em que promove a capacidade reflexiva da criança. Mas quando se lhe diz “agora ficas aí de castigo a pensar no que fizeste” todo o objetivo é desvirtualizado. O pensar sobre as atitudes fica associado a uma punição, ou seja, algo a evitar.

Os castigos foram então “evoluindo” para uma forma mais aceite e mais intelectual – os castigos restritivos. Provavelmente já terá ouvido pais comentarem – eu não bato nos meus filhos, eu castigo-os!

As punições trazem consigo a manutenção do auto-conceito de bons pais, exigentes e que educam os filhos corretamente.

Conhece alguma criança que não teste os limites, fazendo tudo certinho, sem erros e correspondendo automaticamente ao que lhe pedem? Se a sua resposta é sim… algo estará mal com essa criança.

E se as dinâmicas familiares têm vindo a sofrer alterações, as respostas pelos castigos são, também, o resultado disso. Então, fará sentido ter castigos ou enfrentar consequências? Qual a diferença?

Castigos ou consequências?

Os castigos não têm uma lógica associada à ação praticada. De uma maneira simples, seria idêntico a você não parar num sinal vermelho e em vez de pagar a multa ser-lhe descontado um dia de férias!

Já as consequências têm diretamente a ver com a ação ou comportamento incorreto e por isso existe uma lógica interiorizável. E se a aprendizagem for positiva em vez punitiva o comportamento desejado é conseguido de forma mais saudável. Dito de outra forma, se em vez de castigos optar por consequências e objetivos a alcançar a criança aprende a regular-se não pelo medo de represálias, mas pelo desejo de conquista e porque se sente bem.

Se ainda assim, lhe faz sentido usar castigos para punir comportamentos, há situações a que NÃO deve jamais recorrer:

  • Usar as atividades de lazer ou desporto.

Se o desporto é algo bom e saudável, castigar com ausência destas atividades cria associações negativas e, com a recorrência, desmotivação para a prática. Lembre-se – desporto é saudável, não pode ser usado para punir

  • Hora de dormir

Dizer “agora vais para a cama de castigo” é meio caminho andado para arranjar vários problemas na hora de dormir, que se arrastam por vezes até à idade adulta. Há adultos que, curiosamente, dormem muito bem no sofá mas quando vão para a cama perdem o sono… porque será?

  • Ficar sozinho e/ou fechado.

Fechar a criança no seu quarto ou dizer-lhe “agora vais sozinho para o teu quarto” é dar corda às angústias de separação e alimentar a ideia de que estar sozinho é algo negativo e a evitar. Mais tarde tenderá a isolar-se para não ser criticado ou a criar distanciamento quando discorda ou quer mostrar desagrado.

  • Usar os trabalhos escolares.

Felizmente são cada vez menos os professores que passam TPC’s como castigo ou que mandam escrever repetidamente uma ou duas folhas com “não vou voltar a portar-me mal”. Há pais que ainda usam os TPC para castigar, algo do género “agora como castigo não vais ver mais desenhos animados e vais fazer os TPC’s”. Escrever não pode ser castigo, aprender não pode ser castigo, pelo contrário as aprendizagens escolares devem ser reforçadas positivamente. 

Compreender o ser humano, perceber os seus comportamentos e sentimentos é algo que me fascina, quase tanto como perceber as mudanças que vão ocorrendo pela intervenção psicológica.

É, para mim, um privilégio poder ser facilitadora dessa mudança e do conhecimento próprio.

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