Como as crianças vêem a escola…
O meu filho entrou este ano para o quinto ano, uma nova escola, novos amigos.
Passou a ir de autocarro, a ter que gerir o “dinheiro” de um cartão para comprar senhas da escola e material escolar. A adaptação fez-se de forma muito natural, porque apesar de ser considerado “especial”, o meu filho é um menino inteligente, que como todos da sua idade, gosta de experiências novas e de autonomia.
Tudo isto me deixou feliz.
O crescimento causa-nos uns certos arrepios, mas também nos faz sorrir.
No início do ano, ao aperceber-se das novas disciplinas disse-me: “Vou ter Educação Visual e vou ter negativa não é mãe? Eu não sei desenhar”
Senti este momento como uma bofetada na cara. Apercebi-me que o meu filho, tal como muitas outras crianças, via a escola como um local de avaliação e não de aprendizagem. Expliquei-lhe que a escola era um local onde os meninos aprendiam, que era para isso que os professores lá estavam: para ensinar, para ter paciência com os alunos, para eles enriquecerem os seus conhecimentos e que isso deveria deixa-lo feliz – afinal, ia aprender muita coisa nova. Disse-lhe que, quando tivesse dúvidas, o professor iria sentar-se e ajudá-lo, pois essa era a sua principal função.
Eu própria não estava muito confiante do que lhe tinha dito.
Há professores que querem mesmo ensinar e estimular o gosto pela a aprendizagem.
Mas o sistema escolar é tão estanque que mesmo estes acabam por se render e os seus objetivos passam a ser cumprir as metas curriculares e seguir o programa.
Quanto aos pais, também não os vejo preocupados com que os filhos aprendem. Raramente se ouve um pai a dizer: “hoje, o meu filho aprendeu isto ou aquilo... ” O que ouço são pais a falarem das notas! A aferirem resultados baseados em números, em testes, e em pautas. Onde fica a verdadeira essência do ensino?
O conceito de escola devia ser muito mais abrangente.
No entanto tornou-se para muitos alunos “uma seca”, um local onde se mostra o que cada um vale de uma forma muito redutora e padronizada, onde a curiosidade da criança não é tão aguçada quanto devia, onde as dificuldades e particularidades são vistas como falta de eficiência e de capacidades para. É a era da educação em massa.
- A escola deveria receber todas as crianças de uma forma mais equilibrada e acolhedora.
- A escola deveria focar-se no verdadeiro ensino das matérias num modelo mais livre de aprendizagem e não tão encurralado num plano curricular. As linhas condutoras que definem as matérias deveriam ser meras orientações, em que cada professor traçava o seu caminho para lá chegar.
- Os alunos deveriam poder adquirir os conteúdos propostos de várias formas e serem avaliados de acordo com a aprendizagem, o desenvolvimento, e o caminho percorrido.
- As avaliações deveriam ser menos estanques e mais abrangentes a todo o percurso escolar de cada aluno.
- A escola deveria ser vista como um local onde os alunos aprendem e não um local onde são avaliados
É importante que as crianças entrem para escola felizes por inaugurarem uma etapa onde vão aprender coisas novas, fazer novos amigos e ter novas responsabilidades, em vez de entrarem assustadas e preocupadas porque vão para um local onde irão ser avaliadas.
A avaliação é, obviamente, indispensável para que se afira resultados, mas o gosto pela aprendizagem e o empenho dos alunos deveria ser estimulado para que se conseguisse enaltecer o melhor de cada um.
O meu filho entrou este ano para o quinto ano e embora seja um menino “especial”, vê a escola como todos os outros: um local onde o vão avaliar e não como um porto seguro para a aprendizagem!
Por Marisa Duarte, 37 anos , Economista e mãe de três filhos, para Up To Kids®
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