Como impor limites com amor e firmeza
Há uns anos atrás, disciplina era sinónimo de autoridade pelo medo e de punição física.
Presentemente, em algumas situações, passamos para o outro extremo, a ausência de limites, que poderá vir a ter graves consequências não só no desenvolvimento das crianças de hoje, como nos adultos de amanhã.
Torna-se essencial rumarmos agora para encontrar o meio-termo e a melhor forma de impor limites, sem recorrer à agressão física, com os contributos científicos a que temos acesso na actualidade.
Em primeira instância, é importante ter em consideração que os pais não podem ser apenas “bons” para os filhos. Os bons pais são efectivamente bondosos, mas, por vezes, também têm de ser “maus”. É fundamental ter sempre presente, que por muito desafiadora que a criança se possa tornar, quem estabelece as regras em casa são os pais!
Como impor limites
A imposição de limites começa desde cedo. A um bebé que durante a amamentação tenta morder o mamilo da mãe, pode ser dito um “não” com ternura. E este trabalho, às vezes árduo, de educar e de ir “balizando” o comportamento da criança, para que ela vá adquirindo por si própria a capacidade de auto-controlo, é um trabalho contínuo que tem de ser feito pelos pais ao longo de muitos anos.
Os limites ensinam à criança até onde ela pode ir. Dão-lhe segurança e permitem que aprenda a respeitar o espaço do outro. Futuramente, permitirão que se torne num adulto que compreende que existem regras em sociedade importantes de cumprir. A ausência de limites torna as crianças ansiosas, instáveis emocionalmente, numa busca incessante pelos mesmos. Poderá levar a que estas crianças se tornem adultos que acham que podem fazer tudo. Ou pelo contrário, adultos oprimidos que acham que não podem fazer nada.
Mas, então devo passar o dia a dizer “Não” ao meu filho?
Não! Também é importante que os pais escolham as suas “batalhas” e que não utilizem constantemente a palavra “Não”. Guardá-lo para situações que envolvam perigo ou quando está em causa o bem-estar do outro é uma possibilidade. Por vezes, consegue-se ajudar a criança a sair de situações difíceis distraindo-a ou dando-lhe alternativas, privilegiando o discurso pela positiva, em vez de pela negativa, o que será também benéfico para a auto-estima da criança.
É ainda importante, que os pais se “emprestem” como modelos, como o exemplo a seguir.
As crianças são “esponjas”, absorvem e imitam tudo o que veem. Para elas, a observação é a ferramenta de aprendizagem mais poderosa. Às vezes, é necessário que os pais façam uma auto-reflexão sobre o seu próprio comportamento com as crianças. Um pai que pede a um filho para não bater nos colegas da escola e ele próprio, quando perde a paciência lhe dá uma palmada, não é uma atitude congruente com o discurso.
Ao longo da vida, o seu filho irá ouvir muitas vezes o “Não”. Se lidar com o “Não” desde cedo, irá garantir que no futuro, quando o ouvir, saberá lidar com a adversidade. Manterá o equilíbrio psíquico e poderá, de uma forma mais imediata, mobilizar recursos internos no sentido de encontrar outras possíveis respostas/soluções.
Também colaboramos com educadores e professores para potenciar estratégias educativas promotoras de crianças felizes.