Como vive o Bullying na pandemia?

Como vive o Bullying na pandemia?

Como vive o Bullying na pandemia?

Quando estava a escrever o texto da semana passada, sobre o regresso à escola, acabei a ponderar que – como acontece em tudo na vida – nem tudo é positivo.

Se para muitos o fecho das escolas significou a perda de contacto com os amigos, para muitos também, infelizmente, significou a possibilidade de estar em segurança, diariamente. Muitas mais crianças do que imaginamos passam por terrores psicológicos contínuos. Muitos, e esses são talvez os mais “fáceis” de identificar, são alvo de agressões físicas diárias.

Ao recolher a casa, puderam aprender sem medo.

Sem receio de encontrar A ou B no corredor. Sem medo de apanhar, de ter de entregar o dinheiro que levam na carteira, sem serem alvo de troça, de gozo, de humilhação.

E agora regressam à escola, regressam ao local que deveria ser – para todos – sinónimo de segurança e ainda não é.

O meu coração fica apertado por eles e pelas suas famílias, pelas que sofrem em conjunto e pelas que nem sonham com o que se passam.

A véspera do regresso às aulas deve ter sido terrível.

E espero, muito sinceramente, que consigamos todos estar alerta para os sinais: pais, irmãos, avós, educadores, auxiliares, professores.

Que não se desvalorize, nunca, uma queixa. Que as nossas crianças sejam ouvidas. E que se forem as vítimas, tenham a capacidade de verbalizar o que estão a viver. E se são os agressores, que nos dêem sinais para que possamos agir. Porque todos parecemos pensar “Deus queira que o meu filho nunca passe por isso”, mas penso ainda mais vezes “Deus queira que a minha filha nunca esteja do outro lado, a maltratar alguém”. Porque os bullys, os agressores, não são entidades abstractas, nem são crianças que vivem em ambientes desfavoráveis. Não são isso (e a maioria que vive em ambientes desfavoráveis não é bully…). Muitos são criados com os princípios certos, por pais ditos normais, vivem vidas simples e sem o menor motivo aparente para fazerem o que fazem. E é por isso que a responsabilidade dos pais é tão grande. Não basta ensinar, é preciso ver, presenciar, como os nossos filhos são com os outros. E quando não correspondem ao que lhes ensinámos, devem ser corrigidos. E quando nos fazem queixas sobre eles devemos morder a língua e não activar o modo defesa e achar que o problema está nos outros, que os nossos filhos se fizeram X é porque isto ou aquilo. Não, muitas vezes esquecemos que os nossos filhos são humanos, erram, estão a crescer e a encontrar o seu lugar no mundo. E às vezes têm maldade dentro deles, são cruéis, não sabem gerir a raiva.  É essencial que não os desculpemos, não lhes demos palmadinhas nas costas quando há algo errado, é imprescindível que os nossos filhos cresçam com a certeza que todo o acto tem consequências. E que não estão acima de ninguém.

Que sejamos todos capazes de olhar para as situações de forma verdadeira, para sermos capazes de identificar onde é preciso agir e quem é preciso ajudar.

Bullying nas aulas à distância.

Bullying na pandemia

Lembrei-me agora que partilharam comigo que houve também muito bullying nas aulas à distância. Que os miúdos capturavam as imagens das aulas, dos colegas (o que era expressamente proibido, mas quando não está lá ninguém a vigiar, as crianças só obedecem se forem capazes de identificar o certo e o errado de forma clara e sem pressão de grupo), dos professores, e depois as usavam para gozar.

E que muitos usavam as suas capacidades informáticas para mudarem os nomes dos colegas de forma a humilha-los. Que, mesmo em casa, alguns miúdos passaram mal nesta fase. E, quem sabe, se muitos não se tornaram vítimas só agora. A tecnologia também é uma porta aberta a este tipo de comportamentos e… insisto, não deixemos as crianças largadas à sua mercê, deixemos claro que estamos perto, vigilantes. E se, possível, conversemos sobre solidariedade, entreajuda e os efeitos nocivos que muitas vezes advém de um simples “gozo”. Pode ser o início de um pesadelo.

A todas as famílias cujas crianças sofrem diariamente, deixo a minha solidariedade e desejo de que o sofrimento seja breve. E que nunca se sintam sozinhos.

image@weheartit

MÃE DE UMA MENINA, É PARA E POR ELA QUE ESCREVE SEMANALMENTE, PASSANDO PARA PALAVRAS OS MAIORES SEGREDOS DO VERBO AMAR.

Autora orgulhosa dos livros Não Tenhas Medo e Conta Comigo, uma parceria Up To Kids com a editora Máquina de Voar, ilustrados por aRita, e de tantas outras palavras escritas carregadas de amor!

Gostou deste artigo? Deixe a sua opinião!

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Verified by MonsterInsights