Como ensinar uma criança a lidar com a frustração
Uma das características das crianças que mais preocupa os pais, é a falta de tolerância à frustração.
A certa altura temos sempre a ideia de que se não for no sentido que as crianças querem, não aguentam essa frustração. A consequência, têm comportamentos que não só zangam como preocupam os adultos, como as birras ou os amuos, por exemplo.
A verdade é que ensinar uma criança a ser capaz de lidar com a frustração, perante uma contradição, uma derrota ou um imprevisto, é uma das melhores aprendizagens que lhes podemos dar.
Essa aprendizagem prepara uma criança para a vida nas mais diversas versões, nomeadamente, prepara-a para adolescência, para o mundo académico para o mercado de trabalho e para as suas relações. Contextos onde – quer queiramos, quer não – uma criança ou um adulto, terá sempre frustrações e contrariedades.
Por isso, desde muito cedo as crianças devem ser ensinadas a olhar para as suas emoções. A reconhecer as suas vivencias e a aprender a tolerar as suas frustrações.
No entanto, é importante termos consciência que tolerar as frustrações não é sinónimo de aceitarmos tudo o que nos acontece, sem nos mobilizarmos para a mudança ou simplesmente não termos a garra de lutar pelo que queremos de “ir a jogo” e de vencer.
Ser capaz de tolerar a frustração implica, que uma criança seja capaz de:
- Aceitar que não será sempre a melhor ou a vencedora. Que tem partes frágeis e que isso não significa que seja incapaz ou incompetente.
- Ter a gestão emocional necessária para integrar a fragilidade, a derrota ou o imprevisto. Conseguir em tempo real dar significado ao que sente, de forma a que, não se dê a ‘quebra’ emocional.
- Ter garra para, depois do momento de frustração, ser capaz de perceber o que falhou e mobilizar-se com energia para, da próxima vez, ser capaz de sair vencedora ou de ter um melhor desempenho.
Se a par disto, os pais forem sendo capazes de aplicar linguagem emocional e direcionar a criança no sentido de transformar – tendo em conta tudo o que implica ser tolerante à frustração – teremos, seguramente, crianças cada vez mais capazes e mais felizes.
Por Cátia Lopo & Sara Almeida, Psicólogas Clínicas
No mundo infantil, a Escola do Sentir prima e anseia por uma educação holística, focada na criança/adolescente, alicerçada numa intervenção com pais e numa forte vertente de intervenção social e comunitária.