A ponte para a diversidade – crianças com necessidades educativas especiais
Vivemos uma sociedade que tenta apresentar valores cada vez mais inclusivos. Por isso, faz todo o sentido pedir agora à escola o desafio de conseguir que todos os alunos, independentemente das suas diferenças, sejam capazes de obter sucesso em meio escolar.
No entanto, esta é a mesma sociedade que se baseia ainda em inúmeros estereótipos e preconceitos, nomeadamente no que diz respeito à deficiência e outras necessidades especiais, sendo que os mesmos são baseados nas ideias e valores das sociedades em que se inserem. Assim, a ideia de integração social, e consequentemente de escola inclusiva, vão estar dependentes do nível de conhecimento de uma sociedade e sua interpretação da diferença, que se vai refletir na organização social, legislação e preparação dos restantes membros e professores para lidar com a diferença.
Por isso a ideia de escola inclusiva e de integração social está altamente dependente da colaboração dos diferentes meios da sociedade, nomeadamente pais e professores.
Segundo o famoso decreto de lei 3/2008 de 7 de janeiro, a escola apresenta a obrigação de aplicar medidas e respostas que sejam adequadas para os alunos com necessidades educativas especiais (NEE) de forma a que estes possam estar enquadrados no ensino regular. Estas alterações implicam a diversificação e a flexibilização do currículo consoante as necessidades do aluno, tanto sentidas na escola, como as apresentadas em outros contextos, sendo que este processo requer o envolvimento tanto de professores como de pais e mesmo terapeutas.
Contudo, na prática é possível denotar um clima de grande oposição entre estes dois intervenientes, muitas vezes pautada pela indiferença e pela recriminação, sobretudo em casos de crianças com NEE em que a forma de agir da família é muitas vezes própria e específica segundo a criança.
Os pais de crianças com necessidades educativas especiais sentem-se frequentemente desvalorizados e pouco compreendidos.
Estas famílias são frequentemente rotuladas, com falta de apoio, o que leva a família a centralizar os problemas vivenciados, aumentando portanto o sentimento de estigmatização. O problema alastra-se mais quando se pensa no impacto que a deficiência ou que a incapacidade tem na dinâmica familiar no geral, tornando-se em crianças extremamente desafiantes, comportando um stress adicional tanto a nível financeiro, como logístico e familiar.
Por outro lado os professores apontam que com a mudança provocada pelo decreto de lei, foram obrigados a receber alunos para os quais não têm formação específica para lidar, admitindo a falta de apoio pedagógico tanto para lidar com as crianças, como com as próprias famílias. Ou seja, hoje os professores deparam-se com a falta de apoio, materiais e formação para conseguirem dar resposta às necessidades apresentadas pelas crianças.
Mas tanto pais como professores sabem da importância destas crianças serem aceites e integradas no meio escolar.
Não só para elas como também para as outras crianças, permitindo uma sociedade heterogénea. Por isso é importante compreender os sentimentos e frustrações associadas tanto para as famílias como para os professores, criando um processo empático entre ambos.
Depois é necessário capacitar os professores no sentido de os preparar para as dificuldades encontradas em sala de aula. No entanto, a solução não passa apenas pelos professores. A integração de alunos na sala de aula necessita de pais que sejam interventivos, colocando os professores mais no papel de mediadores.
Por isso, a família tem de ter um contacto regular e uma maior compreensão sobre o trabalho realizado ao nível da escola. Em contraponto, os professores devem apostar no foco nas competências fortes do aluno e da família, respondendo às necessidades apontadas pela mesma. Os pais têm de passar a ser chamados a apresentar as suas necessidades. Têm de ser ouvidos. Construindo assim uma ponte de comunicação entre pais e professores, o que tão bem sabemos é o melhor e necessário para as nossas crianças.
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Da necessidade de comunicar com os pais, educadores e restantes intervenientes nasceu a plataforma Terapeuta Ana Fonseca que não é nada mais do que uma forma de comunicação sobre a temática mais fascinante do mundo: as crianças.
3 comentários
Olá sou mãe de uma criança de 9anos esta na quarta classe esta com o artigo 54.É ainda não sabe ler. Está com está professora desde. 2classe. A minha questão é que o artigo 54 obriga a .minha filha passar para o 5ano.como podem passar uma criança que não tem bases nenhumas para um 5ano.se me poder ajudar agradecia. Obrigada
Olá sou uma jovem do Seixal que estuda no profissional e estou a fazer a minha PAP de final de ano e resolvi criar uma empresa de festas infantis que inclua atividades para criancas especiais, pois considero não haver nada no mercado.Gostaria de colocar o vosso trabalho como parceria na minha apresentação.
Olá Beatriz, obrigada, mas nós não organizamos festas infantis. Mas podes colocar-nos como parceiros na divulgação e apoio a crianças com nee. Boa sorte. Se precisares de alguma ajuda contacta-nos por e-mail. Uptolisbonkids@gmail.com