“Para compreender o coração e a mente de uma pessoa, não olhes ao que ela já alcançou mas sim àquilo a que aspira.” Kahlil Gibran
Sim, as crianças que conheço não têm tempo para sonhar! Faz-lhes falta tempo para “não darem pelo tempo passar”. Falta-lhes tempo para percorrerem os castelos da sua imaginação.
Quer seja pelos seus pesados horários escolares, com pouco tempo de actividade nos recreios, quer seja pelos horários de trabalho dos pais, com avós que (ainda) trabalham, as crianças acabam por ficar muitas horas em contexto escolar. E na escola, os currículos para cumprir, e as metas para atingir, parecem fazer com que se esqueça a importância das horas do recreio. É nos recreios que as crianças mais sonham! E mais crescem. Em tamanho, físico mas também emocional e social, e em sonhos! Sem dúvida, num recreio a criança cresce de forma completa e plena, nas suas dimensões cognitiva, emocional, social e física.
As agendas das crianças, entre escola e actividades estruturadas, é tão ou mais preenchidas que a dos seus pais. E onde fica a mais importante – o brincar? Onde fica a possibilidade da criança se deitar no chão do seu quarto a rebolar ao sabor da imaginação? Onde fica o tempo para acriança se deitar na relva do jardim e olhar para o céu a sonhar? Onde fica o tempo para as cócegas, as lutas de almofadas e os colos e festinhas na cabeça?
Aprende-se a fazer escolhas. Leio um livro ou faço um desenho? Brinco sózinho ou procuro companhia?
Usa-se a criatividade. Como me vou entreter? Vou transformar esta caixa em quê? Como finjo ser um urso? E onde arranjo um chapéu de bombeiro?
Desenvolve-se a capacidade de raciocínio. Explora-se o mundo e o espaço. Observa-se o eu e a sua relação com os outros.
O tempo de sonhar é o tempo que gera os porquês. É o tempo das perguntas e das respostas.
O tempo de sonhar é o tempo dos sorrisos. O tempo de sonhar é o tempo da brincadeira.
Que nunca lhes falte tempo para sonhar!
Cada flor, com as suas características próprias, constitui um desafio especial e único em terapia.
1 comentário
Tratei este tema no meu livro infantil O GAFANHOTO GAROTO NÃO PODE BRINCAR, onde o stress infantil e a importância de brincar são retratados numa fábula onde os pequenos animais são saturados com escola, trabalhos, castigos, retenções e actividades extra-curriculares, a ponto de já nem conseguirem saltar.