Tolerância: De pequenino é que se torce o pepino
É meu e não te empresto. Não quero dar um beijinho à avó. O teu casaco é horrível. Ele cheira mal. Já não sou teu amigo.
As crianças pequenas não costumam ser os melhores modelos de tolerância. Apesar disso, elas estão ansiosas por aprender boas maneiras. Por esse motivo, não adie interminavelmente o momento de introduzir no vocabulário e no comportamento do seu filho a noção de tolerância. Esqueça o “ele é tão pequeno, não vai entender”. Lembre-se que a criança aprende e apreende observando e experimentando… Por isso, nunca é cedo para começar! O seu filho é como uma pequena esponja, nomeadamente de valores. E os valores ensinam-se melhor, através da observação de modelos. E onde e quando? Nas rotinas do dia a dia, nos acontecimentos quotidianos, nas experiências vividas pelos vários elementos da família. Virtualmente, “tudo” é uma oportunidade de aprendizagem, mesmo no que aos valores diz respeito.
Demonstre tolerância. Respeite a criança na mesma medida que exige respeito dela. Escute, olhe o seu filho nos olhos, baixando-se “à sua altura” e demonstre interesse genuíno por aquilo que ele tem para lhe contar. Em relação a outros adultos, e principalmente quando o seu filho é um observador da situação, antes de criticar, mostre-se interessado por compreender o ponto de vista dos outros e realce a possibilidade de diferentes opiniões poderem ser igualmente válidas.
Ensine boas maneiras. A tolerância pode ser demonstrada através das boas maneiras. Quando a criança começa a comunicar verbalmente ela estará pronta para aprender a dizer contextualmente “por favor” e “obrigado”. Mais uma vez, mostrar boas maneiras funciona melhor do que dar uma palestra sobre o tema ao seu filho. Use “por favor”, “obrigado” e “desculpe” regularmente, tanto no contacto com o seu filho, como nas interacções com outras pessoas. A criança compreenderá que estas expressões fazem parte da comunicação habitual, no seio da família, assim como noutros contextos, passando a usá-las com naturalidade, sem ser necessário recorrer ao “faltou a palavra mágica”.
Evite reacções exageradas. Em resposta um comportamento pouco tolerante do seu filho, olhe-o nos olhos e diga de forma calma, mas firme, como é reprovável aquilo que disse ou fez e, em seguida, sugira-lhe uma alternativa mais ajustada e que expresse tolerância.
Seja tolerante!
As crianças pequenas têm dificuldade em partilhar. Dificuldade em partilhar o seu espaço, os seus cuidadores, os seus brinquedos. Aprender a partilhar é um processo. Algo que se vai construindo ao longo do desenvolvimento, a par e passo, com o desenvolvimento de competências cognitivas, emocionais e sociais. As crianças, por se encontrarem num processo de descoberta e de diferenciação entre o “eu” e os “outros” ou o “eu” e o “mundo”, tendem a comportar-se de modo mais egocêntrico, ao olhar dos adultos. Ora, sendo esta dificuldade algo normativo em termos de desenvolvimento, em idades precoces, percebê-lo e aceitá-lo é um primeiro passo, para que pais e cuidadores possam incentivar a partilha e a tolerância de acordo com os ritmos de desenvolvimento da criança.
Explique à criança que o desacordo é algo esperado nas relações humanas e que quando alguém tem uma visão diferente da nossa, tal não é sinónimo de desrespeito. A tolerância emerge precisamente da diferença.
A tolerância “torce-se” de pequenino… Observando modelos de tolerância. Percebendo que quando se é tolerante, se é valorizado, admirado e respeitado.
Cada flor, com as suas características próprias, constitui um desafio especial e único em terapia.