Dizem que os filhos são um empréstimo de Deus
Há dias que nos despertam para a velocidade do tempo.
Para o alongar das pernas, o encolher de uma barriga de bebé, a queda de cada dente de leite, a evolução das palavras e o desabrochar da mente. Chama-se crescimento. Aquela mutação em que nos avassala o arrependimento de não termos tido mais e menos de tudo o que une as almas que se afastam nos caminhos da sua existência…
Dou por mim a fitar a minha filha, aquela que hoje me finta com palavras mágicas de uma pré adolescência que me encanta e assusta!
Não é carne nem peixe. Ora quer maquilhagem, ora quer um piny pon, quer ser crescida na roupa que usa mas, quer também trocar a fralda aos nenucos com que ainda brinca ao “faz de conta”. Dança com a inocência de um espírito livre, corre sem destino aparente, salta com molas que a transportam para mundos onde também eu já vivi e guardo no canto mais puro de quem sou.
Somos o espelho para onde olham quando se perdem, ou seremos nós que nos perdemos e vemos neles a luz que nos guia nesta estrada?
Às vezes gostava que o tic tac do relógio abrandasse.
Percebo em seguida que quem tem que abrandar sou eu, tenho que acompanhar o ritmo dela, muitas vezes alucinante, outras em câmara lenta. A verdade é que o meu tempo mudou quando cruzou o dela. Não quero perder pitada. Quero saborear cada tempero da sua essência, observar cada pétala que nela nasce, cada bocadinho do bocadão de pessoa que me trouxe a mais pura forma do sentimento que move cada partícula do universo, o amor!
Dizem que os filhos são um empréstimo de Deus
Dizem que os filhos são um empréstimo de Deus para que possamos fazer um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos. Sabem, para não fugir da verdade, confesso, no fundo comecei a amar-me quando percebi que alguém como ela me amava além dela própria!
Milhares são as vezes em que penso, “voa minha pequena gigante. Voa no baloiço da vida. Dança ao som de cada balada e balança a alma sem perderes a essência do teu eu…”. Rapidamente percebo que jamais largarei a ponta do cordão invisível que nos une para todo o sempre….
Julgo ser a única forma de assegurar que a amparo em cada queda nos tropeços do caminho. É como lhe demonstro que o meu colo é e, será sempre um porto seguro, mesmo quando só existir no seu coração!
Por Rita Torres Henriques para UpToKids
Autora do livro: Já Te Disse?
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