Dona Ansiedade. Vamos lá conhecer a D. Ansiedade

Dona Ansiedade. Vamos lá conhecer a D. Ansiedade

Dona Ansiedade

Todos os dias de manhã, acordo com dores de barriga e vómitos e o médico disse que não tenho nenhuma doença. Nas férias fico bem.

Estou sempre a pensar que a minha mãe não me vai buscar à escola porque pode ter um acidente de carro. Parece que estou sempre preocupada.

Sempre que tenho que ler em voz alta na turma, fico a tremer, com a cara vermelha e o coração a bater depressa. Não sei o que se passa.

À noite, dou voltas e mais voltas na cama, sem conseguir parar de pensar no que se vai passar nos próximos dias. Não consigo dormir. Fico com a sensação que tudo pode correr mal.

Estas são algumas partilhas de crianças e jovens que acompanho nas minhas consultas. Os pedidos de ajuda são variados e surgem por diferentes motivos mas, frequentemente, têm algo em comum: a “D. Ansiedade” a tentar fazer estragos.

Pois é, ansiedade e crianças são duas palavras que parecem não encaixar. A verdade, contudo, é que a ansiedade existe em todos os seres humanos, podendo manifestar-se desde tenra idade.

Vamos lá, então, conhecer a D. Ansiedade!

A ansiedade é frequente.  Existem alturas em que todos nós nos sentimos preocupados, ansiosos, chateados ou stressados.

A ansiedade é uma emoção como qualquer outra. Tem uma função. Ajuda-nos a lidar com a dificuldade, bem como com situações desafiantes ou perigosas.

Mas, a ansiedade às vezes pode transformar-se num problema, sendo muito chata para as crianças. Quando interfere no quotidiano, não permitindo que a criança experiencie a sua vida como habitual, por afectar as suas relações na escola e na família, as suas amizades e a sua vida social.

E quando a D. Ansiedade decide começar a fazer estragos, fazendo com que a criança se sinta constantemente insegura, sem saber o que fazer, é fundamental intervir e ajudar a criança a ultrapassar as suas dificuldades.

O que nos faz sentir, no corpo, a Dona Ansiedade?

Quando nos sentimos ansiosos, o nosso corpo prepara-se para reagir. Ele tem de tomar uma decisão para depois se poder sentir melhor. Enquanto o corpo se prepara podemos reparar em diferentes mudanças físicas, tais como:

  • dificuldade em respirar,
  • aperto na barriga,
  • tonturas,
  • coração a bater depressa,
  • dores musculares, principalmente na cabeça e pescoço,
  • tremores,
  • suores,
  • boca seca,
  • enjoos…

Lembraste de mais algum?

Nas crianças, a Dona Ansiedade resolve aparecer em situações como:

  • um teste de avaliação,
  • falar com alguém de quem não se gosta muito,
  • ter de ir a um local novo,
  • falar para uma plateia,
  • ter de fazer algo que parece assustador…

Certamente recordarás mais situações. Verdade?

Quando o acontecimento desagradável termina, ou quando percebemos que foi um “falso alarme” e nada havia a temer, o nosso corpo acalma, voltando ao seu estado habitual, o que nos faz sentir gradualmente melhor.

Então e a Dona Ansiedade fala?

Sim. Fazendo-nos pensar certas coisas. Por vezes, pode não existir uma razão óbvia para nos sentirmos ansiosos. Noutros momentos, a causa da ansiedade associa-se ao modo como pensamos sobre as coisas.

Podemos pensar que…

  • algo vai correr mal,
  • vamos fracassar,
  • todas as pessoas estão a reparar em nós,
  • não conseguiremos lidar com determinada situação.

E a Dona Ansiedade pode “obrigar-nos” a fazer coisas?

A ansiedade é desagradável e por esse motivo  procuramos encontrar formas para nos sentirmos melhor. Nesse sentido, podemos acabar por evitar as situações temidas. Podemos acabar por parar de fazer coisas que nos causam desconforto e preocupação. Quanto mais evitamos as situações temidas, menos fazemos e mais dificil se torna enfrentar os medos e ultrapassar as preocupações. Por esse motivo, ficares fechado numa carapaça como a tartaruga em nada te ajudará…

Um Psicólogo pode ajudar?

Aquilo que sentimos e aquilo que fazemos relaciona-se com o que pensamos.

Sabe-se que muitos problemas de ansiedade estão relacionados com a forma como pensamos. Como podemos alterar a forma de pensar, podemos aprender a lidar com a ansiedade.

  • Pensar mais positivamente pode ajudar a sentirmo-nos melhor.
  • Pensar mais negativamente pode-nos fazer sentir com medo, tristes, tensos, zangados ou desconfortáveis.

Compreender os nossos pensamentos é importante. Quando uma criança está ansiosa tende a:

  • pensar de forma negativa e crítica,
  • sobrestimar a probabilidade de ocorrência de acontecimentos negativos,
  • focar-se no que corre mal,
  • subestimar a sua capacidade para lidar com as situações,
  • esperar fracassar.

Em terapia, os psicólogos, ajudam as crianças a:

  • identificar formas negativas e inimigas de pensar,
  • descobrir a relação entre aquilo que pensam, como se sentem e aquilo que fazem,
  • procurar provas que sustentem, ou não, os seus pensamentos,
  • desenvolver novas competências para lidar com a ansiedade.

Como podem os adultos ajudar?

Bem, há algumas dicas…

  • Pede que modelem formas de tentar lidar com as situações ansiogénicas para tentares usar as mesmas estratégias.
  • Lembra-os que não estás a agir dessa forma por malandrice. Precisas de ajuda, porque te sentes assustado
  • Pede-lhes que sejam pacientes contigo e que te encorajem.
  • Pede-lhes que conversem contigo sobre as tuas preocupações porque isso te dá mais confiança e segurança.

Adeus D. Ansiedade…

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Acredito que cada criança tem dentro de si um potencial imenso.

Cada flor, com as suas características próprias, constitui um desafio especial e único em terapia.

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