É por isso que devemos abraçar os nossos filhos.
Se os olhos são “o espelho da alma”, os braços são os seus fieis executores.
Os braços recebem, contêm. Podem apertar, aprisionar, mas também podem libertar, deixando vir e deixando ir, ao ritmo do bebé, da criança, do adulto.
Com os abraços abrimo-nos ao outro e aceitamos recebê-lo e acolhê-lo em nós. Com os braços dizemos coisas simples como “eu estou aqui”, “aceito-te como és” e “quando fores, levarás este sentir dentro de ti”.
É por isso que devemos abraçar os nossos filhos.
É por isso que nos devemos deixar abraçar. E é por isso que os abraços são uma das melhores coisas do mundo. No abraço está a sintonia, a comunhão, o corpo rendido. E é por isso que os braços, têm um especial poder mágico. Não esquecendo, porém, que também com os olhos, o sorriso e a escuta, se pode abraçar a Alma de outro alguém.
Mas, estes mesmos braços, podem ainda viver em si fantasmas do passado e ansiedades do futuro. Só isso explica as inúmeras vezes que ainda se ouve dizer às mães: “não dês muito colo, olha que o bebé fica mal habituado” (como quem diz “cuidado com esse pequeno devorador de carinho”).
Só isso explica que se guardem os abraços, “religiosamente”, para momentos específicos (casamentos, funerais, aniversários, etc), como se fosse necessário prevenir uma eventual escassez deste bem precioso. E também existem os braços que empurram, e empurram, e por mais que a criança volte (porque não é o seu tempo), os braços repetem para si mesmos “é importante autonomizar a criança“. Como se a autonomia de um Ser nascesse do desejo do outro (mãe/pai) e não de si mesmo (um contra senso).
Não deixe que os seus braços tenham medo. Não deixe que os seus abraços sejam ansiosos mas, principalmente, não deixe que os seus braços estejam paralisados (por uma qualquer razão).
O maior desafio não está em mudar, está em fazer escolhas.
As nossas escolhas. Mas é também aí que está o maior poder. Na escolha do que queremos ser, ter e dar. E nós pais, devemos perguntar a nós mesmos, como é que nos deixamos tocar. O que diz a nossa pele quando é tocada por outra pele? Como, e quem, é que eu abraço? Como, e por quem, me deixo abraçar?
E com as respostas a estas perguntas, podemos querer continuar, ou aprender, a fazer “magia”.
Um abraço bem apertadinho.
imagem@tavovaikas.lt
2 comentários
É isso Inês… o poder mágico dos (a)braços… mesmo quando não nos tocam fisicamente, sentimo-los no coração.
Abraço para si,
Não há jóia mais valiosa, que uma mulher possa usar, do que os braços do seu filho/a à volta do seu pescoço!
Os abraços …curam feridas, envolvem! Nos instantes em que ele dura, somos invadidos de uma paz e de uma certeza de que “nada de mal nos acontecerá”. Imaginemos o sentir de uma criança, quando abraçada.
Ainda hoje, há momentos, e ao ver a minha filha e neta pelo skype, pois derivado à distância é lá o nosso ponto de encontro …repentinamente a minha neta levantou-se e abraçou-se à mãe, entregando-se em toda a sua plenitude. E sabem???? Eu senti aquele abraço, senti-o em mim!
Abracem …abracem sem olhar a quem! Mas principalmente ABRACEM …todas as crianças!