E se o meu filho tiver dificuldades de aprendizagem e de atenção?
Se for o caso do seu filho, saiba que não está sozinho. Uma em cada cinco crianças manifesta dificuldades de aprendizagem e de atenção
Não desespere, nem fique apreensivo. Más notas na escola não significam necessariamente falta de inteligência ou qualquer perturbação intelectual. Não. Podem indiciar várias coisas, por exemplo, falta de estudo, desorganização e até fracasso no acompanhamento que a criança tem em casa e na respetiva instituição de ensino.
Antes de mais, tenha a certeza da origem do problema. Um diagnóstico errado pode comprometer o sucesso da intervenção. Hoje em dia já existem terapêuticas especializadas que permitem às crianças desenvolver percursos normais, tanto nas aulas, como na escola da vida.
Se for o caso do seu filho, saiba que não está sozinho. Uma em cada cinco crianças manifesta dificuldades de aprendizagem e de atenção. Procure um especialista logo que perceba que a criança não está a conseguir acompanhar o ritmo dos desafios escolares.
Há importantes passos que podem e devem ser seguidos. Conheça alguns:
1 – Identifique as principais dificuldades, como se manifestam e as competências já adquiridas
Os desafios superados e não superados na escola e em casa devem ser devidamente identificados. Dificuldades de aprendizagem e de atenção podem revelar-se em idade pré-escolar e refletir-se ao nível da leitura, escrita, matemática, organização, concentração, compreensão auditiva, habilidades sociais ou habilidades motoras. Não raras vezes confundem-se estes problemas com preguiça e falta de inteligência. Fique atento aos primeiros indícios. Podem ser importantes sinais de alerta.
2 – Saiba identificar as diferentes fases do desenvolvimento da criança
A tarefa até pode não ser fácil, mas saber distinguir as diferentes etapas desenvolvimentais é muito importante. Identifique as características de cada etapa e as respetivas competências que devem ser apreendidas em cada momento. Identificar eventuais problemas pode ser complexo se não tiver a certeza das competências específicas expetáveis para cada uma das diferentes idades da criança. Saiba o que esperar desde o pré-escolar ao ensino superior.
3 – Tome nota das suas preocupações
Observe a criança e anote os pontos fracos e fortes. As coisas aparentemente insignificantes, por vezes, têm mais importância do que aquelas que lhe queremos dar. Os padrões de comportamento podem abrir caminho às soluções. Por exemplo, se perceber que a criança tende a ficar frustrada com a leitura, escrita ou com a falta de acerto nos exercícios de matemática, ajude-a a ultrapassar esse sentimento, apoiando-a na busca de respostas. Saber identificar onde está a fonte do problema é meio caminho andado para que consiga ter uma vida normal e feliz. Se, por outro lado, tiver referenciadas as principais competências da criança, tornar-se-á mais fácil ajudá-la a melhorar.
Anote as principais dificuldades que vão surgindo no dia a dia.
4 – Mantenha-se em contacto permanente com a escola e com a própria criança
É essencial manter a porta do diálogo aberta, na escola e em casa. Fale com os professores. Oiça a criança e nunca desvalorize as queixas. Tente perceber, se possível diariamente, as suas dificuldades, as principais angustias e os maiores receios. Não consegue ler e escrever? Não acerta as contas da matemática? Tem dificuldades em concentrar-se nas aulas e, por exemplo, fazer amigos? É muito importante que a criança consiga verbalizar o que sente. Só conseguindo identificar as dificuldades as podemos ajudar a resolver.
5 – Fale com o médico da criança
Marque uma consulta e discuta todas as preocupações que anotou anteriormente. Partilhe com o pediatra as dificuldades que a criança sente na escola e em casa ao nível do desenvolvimento global. Avalie a necessidade de uma intervenção precoce através de uma equipa multidisciplinar. Um especialista definirá o melhor plano terapêutico em função da especificidade de cada caso concreto.
6 – Discuta a necessidade de uma intervenção precoce
Há múltiplas possibilidades de ajuda, dependendo da idade da criança. Procure uma avaliação em intervenção precoce. Essa avaliação fornece informações que podem ser essenciais no sentido de identificar eventuais problemas da criança e, posteriormente, definir estratégias capazes de o orientar em casa e na escola. Fique atento, por vezes a escola pode falar sobre dificuldades de aprendizagem e de atenção de maneira diferente dos especialistas. E os desafios da criança nem sempre são vistos da mesma forma.
7- Considere consultar com um especialista
Questione o pediatra sobre um possível encaminhamento para um especialista que possa confirmar ou descartar eventuais problemas de aprendizagem e atenção. Existem intervenções eficazes, mesmo para os casos que se afiguram mais difíceis, podendo, por vezes, ser aplicados em diferentes contextos de interação, quer em casa, quer na escola. Uma avaliação psicopedagógica representa o primeiro passo para o bem-estar da criança.
8 – Conheça outras realidades
Conhecer outras histórias ajuda-nos a enfrentar os nossos problemas. Leia experiências pessoais de pais de crianças com dificuldades de aprendizagem e atenção. Descubra o que aprenderam. Considere fazer parte de associações de pais cujos filhos foram diagnosticados com os mesmos problemas. Partilhar experiências pode contribuir para esclarecer dúvidas e encarar a realidade com mais confiança.
Somos uma equipa multidisciplinar de especialistas em dificuldades de aprendizagem (dislexia, disortografia, disgrafia e discalculia), dificuldades de atenção, hiperatividade e outros desafios do desenvolvimento.