Sente que a sua agressividade está mais descontrolada. É como uma chama que vive dentro do seu peito ligada a um rastilho que quando acende, dispara para todos os lados sem avaliar as consequências.
Assim é a agressividade. Não olha a meios e simplesmente bombardeia.
Sei agora que a minha agressividade é uma forma de mostrar o meu poder aos outros, esconder a minha insegurança interna e proteger o meu lado mais frágil, mas encontrei esta forma de me defender. Quando sinto oposição, expludo ainda mais! Parece que o mundo não compreende isso e constantemente abrem campo para que o meu rastilho se acenda.
As crianças têm consciência, mas ainda assim não conseguem controlar os seus sentimentos para agir e reagir dentro de limites saudáveis.
Quando os filhos evidenciam comportamentos agressivos, a difícil tarefa de ser pai, para a qual nenhum de nós foi ensinado e que resulta de forma diferente para cada criança, torna-se ainda mais complexa e muitas vezes angustiante. Ouvimos tantas vezes os pais dizerem que parece que vivem num campo de batalha, que estão exaustos, tristes e que já não têm forças para mais.
Embora a agressividade seja algo que faz parte do ser-humano, directamente relacionada com a afirmação do EU ela também é um sinal de alerta para qualquer ameaça real ou imaginária, interna ou externa. A expressão da raiva surge sobretudo quando a criança sente que o seu bem-estar ou a sua sobrevivência podem estar ameaçados, despoletando emoções que as impedem de empreenderem os seus mecanismos de auto-regulação e adequação comportamental. A raiva alerta para o perigo e dá à criança a energia necessária para actuar e nesse sentido é positiva. No entanto ela também é uma forma de cada criança se expressar como pessoa. Qual de nós não se lembra de fases da sua vida em que a agressividade esteve mais à tona e quase sem percebermos ela se foi tornando uma forma mais habitual de agir e reagir, um círculo vicioso no qual nos sentimos incapazes de controlar os nossos impulsos agressivos, de escutar e de equilibrar as nossas necessidades com as necessidades dos outros…. É nesse momento que ela deixa de ser positiva e de cumprir a sua função.
Os pais, como educadores, precisam estabelecer limites firmes para que a criança possa continuar a desenvolver-se forte, independente mas também segura.
Ensinar uma criança a lidar com os seus sentimentos de agressividade e saber canalizar os seus impulsos para acções construtivas em vez de destrutivas é um trabalho moroso, no qual o amor, a disciplina e os limites têm que estar sempre presentes.
É fundamental que os pais compreendam e aceitem as diferenças de temperamento em cada um dos seus filhos, que os fará ter níveis de reacção diferentes, por vezes mesmo opostos, aos estímulos que o mundo lhes envia constantemente. Mas, seja qual for o temperamento deles, todos terão que aprender, com a ajuda dos pais, a identificar e nomear as suas emoções, tudo aquilo que o corpo sente, mas que ainda não tem nome. Saber que aquilo que estão a sentir é medo, raiva, alegria ou tristeza, é o primeiro passo para que se possa aprender a lidar e eventualmente controlar/adequar o comportamento, sem que sejam necessárias explosões desmedidas e por vezes descontextualizadas.
Depois da criança aprender a nomear e falar sobre o que sente, fica então preparada para começar a aprender a acalmar a intensidade e o desconforto desses sentimentos para eventualmente poder vir a compreender a sua origem.
Por Ana Galhardo Simões, Psicoterapeuta Corporal
para Up To Lisbon Kids®
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Considero a psicoterapia como uma ferramenta fundamental no desenvolvimento pessoal, na qualidade de vida e de relação com os outros. A psicoterapia é para todos e não apenas para alguns.