Algumas horas após ter deitado o meu filhote, oiço um grito aflitivo e um choro assustado vindo do seu quarto. Corro ao seu encontro. Chora aflito sentado na cama. Parece estar a dormir e nada do que diga ou faça parece acalmá-lo. De repente, ao fim de breves instantes, volta a pegar no seu ursinho, aninha-se nos lençóis e dorme tranquilamente, como se nada se tivesse passado. Na manhã seguinte, não se recorda de nada.
Esta é uma situação que parece descrever um terror nocturno. Estes são diferentes dos pesadelos, que são “sonhos maus”, fazendo despertar a criança que, por vezes, corre para a cama dos pais, contando em pormenor o que estava a sonhar. Um terror nocturna é algo que pode ser perturbador para quem está a assistir, no entanto, não constitui uma situação perigosa, parecendo ocorrer com maior frequência entre os 18 meses e os 6 anos de idade.
O sono é uma necessidade vital do ser humano, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento e crescimento harmonioso das crianças. O sono é um importante pilar para o bom funcionamento cerebral, boa saúde física e psicológica e capacidade de aprendizagem.
Nos primeiros anos de vida, a quantidade e qualidade de sono é ainda mais importante porque as crianças passam por etapas de desenvolvimento cerebral fulcrais que requerem boas condições internas e o estado reparador que o sono proporciona. Por esse motivo, cuidar do sono das crianças, logo desde o seu nascimento é uma tarefa verdadeiramente importante a levar a cabo pelos cuidadores.
Deixamos algumas dicas orientadoras, para ajudar a promover um soninho descansado dos pequenotes.
- Valorize a higiene do sono – salvaguardando rotinas, horários e ambientes promotores do descanso.
- Tome atenção a experiências de elevado stress, ou dias de maior cansaço e desgaste, uma vez que estes podem estar associados a sonos mais agitados;
- Garanta que a criança dorme as horas de sono adequadas à sua idade;
- Evite bebidas estimulantes ao final do dia;
- Evite actividades muito agitadas antes de dormir, bem como actividades que impliquem o recurso a televisão, computador ou telemóvel;
- Introduza uma actividade de relaxamento antes de ir dormir;
- Evite assuntos que podem despertar emoções difíceis de gerir, perto da hora de deitar;
- No decorrer de um episódio de “despertar” nocturno, mais ou menos agitado, não tentar acordar a criança, nem demonstrar apreensão ou desorientação. É importante falar com calma, reconduzi-la para o quarto, caso tenha saído do mesmo, esperando que volte a acalmar-se e a “adormecer”.
Bom soninho e bons sonhos!
Por Inês Afonso Marques, Psicóloga Clínica Coordenadora área Mindkiddo –
equipa infanto-juvenil, Oficina de Psicologia, para Up To Kids®
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Cada flor, com as suas características próprias, constitui um desafio especial e único em terapia.