Educar também é isto
Com um estrondo descomunal, o prato caiu no chão, depois de ter sido jogado com muita força pela raiva que emanava daquele adulto cansado, desmotivado, frustrado,…descontrolado…
À noite, a menina dormiu profundamente, talvez nem tenha tido pesadelos.
Quando acordou, já nem se lembrava da discussão que presenciara. Mas assim que chegou à cozinha, já preparada para mais um dia de escola, olhou para o chão, e lembrou-se das veias marcadas no pescoço daquele adulto, na hora de jogar o prato ao chão.
O outro adulto que a acompanhou à escola, fingiu nem reparar, disfarçando ingenuamente. Quando a deixou com a Auxiliar, disse qualquer coisa como : “ela hoje não dormiu muito bem, por favor esteja atenta”. A Auxiliar tranquilizou o adulto.
Durante a tarde, o Educador de Infância, sentiu que algo se passava com a menina. Ele observava. Ele dava-se. Absorvia e aprendia com cada uma das crianças.
E, por isso, teve gestos que a acalmaram. E usou palavras que a tranquilizaram. Juntos, criaram dinâmicas que a envolveram, bem como a todo o grupo. E aos poucos, aquele acontecimento, aquele prato no chão, aquelas veias marcadas, ia tudo perdendo o impacto negativo na cabeça da menina, porque educar também é isto.
Educar também é isto.
Quantas crianças não chegam à escola depois de terem presenciado “uma cena” entre os adultos?
Quantas crianças não chegam à escola depois de terem visto um prato cair?
E quantas crianças não chegam à escola depois de terem sido testemunhas de agressões entre os mesmos que deviam educar, orientar e cuidar? E tantas, tantas vezes, são as práticas assertivas e intencionais dos Educadores, das Educadoras, dos Auxiliares e Professores tendencialmente seguros e conhecedores de quem são, as responsáveis pela verdadeira salvação de uma criança.
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