Um dos desafios parentais mais frequentes é lidar com o tumulto emocional negativo dos filhos.
Exigências, nervos, birras, raiva, gritos são manifestações habituais que apanham os pais de surpresa e os deixam sem saber o que fazer.
Há uma forma fácil e eficaz de ensinares ao teu filho a compreender e gerir o que se passa “lá dentro” em dois passos.
1º PASSO – CHAMA A EMOÇÃO PELO NOME
Saber identificar as emoções pelo seu nome é fundamental e a criança deve conhecer o nome correto das suas emoções: medo, frustração, ira, susto, tristeza, aborrecimento, raiva. Os pais devem incentivar a criança a identificar a emoção que sente, em vez de a abafar ou esconder, e saber (lembram-se do filme Divertida-mente) qual delas está a falar naquele momento: É o Medo? É a Tristeza?
Depois da criança aprender o nome das emoções e saber identifica-las, segue o próximo passo – gerir a emoção.
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2º PASSO – TORNA O TEU PENSAMENTO VISÍVEL
A gestão das emoções é um esforço cognitivo consciente e uma criança pequena ainda não sabe fazer isso muito bem, mas pode aprender. Gerir as emoções é uma competência que se aprende e desenvolve com o tempo. E nós, os pais, somos os melhores exemplos para os nossos filhos.
Muitas vezes, também nós temos problemas em gerir as emoções. Algo que pode ter sido causado pelo facto que, na nossa infância, nunca fomos ensinados, não fomos deixados ou não fomos encorajados a expressar os nossos sentimentos.
Qual a razão pela qual muitos adultos não conseguem hoje gerir o seu tempo ou resolver os seus conflitos internos? Uma das razões é que este tipo de coisas não se conseguem ver. No momento em que, numa situação crítica, uma pessoa se mantém calma e todos, mesmo tu, entram em pânico, parece difícil compreender como é que ela consegue manter a “cabeça fria”. Ou quando alguém consegue sempre realizar as suas tarefas e ter êxito, questionas-te qual será o segredo.
Este tipo de habilidades não são visíveis, por isso é que é difícil para os outros compreenderem o mecanismo que levou a pessoa ao sucesso. Passa-se o mesmo com os nossos filhos. Eles não entendem como tu consegues ter certos resultados ou fazer certas coisas. E no caso da gestão emocional, estas ações devem ser faladas em voz alta para que possam ser entendidas. Torna o teu pensamento “visível”!
O objetivo da gestão emocional não é de ignorar que a emoção existe ou de a fazer desaparecer, escondendo-a o mais rapidamente possível. O objetivo é de lidar com ela de forma aberta, eficaz, construtiva, para conseguirmos ultrapassar o momento sem sofrimento.
Em vez de guardarmos tudo lá dentro, vamos mostrar o que sentimos e como procedemos. E explicar isso à criança. Por exemplo, imagina que estás no carro com o teu filho e um outro condutor faz um desvio perigoso à tua frente para avançar na fila. Enervas-te e queres verbalizar isso, mas apercebes-te que a criança está atrás e não queres que ela oiça aquelas palavras. Por isso, guardas para ti. Mas os nervos já estão instalados e mesmo que pareças calmo à frente da criança, a situação continua a chatear-te. Ao guardares tudo lá dentro, o mais provável, é que estes nervos sairão mais tarde à superfície. Talvez logo à noite, quando estás cansado(a) e outra coisa te provoca. E a criança não irá compreender e não saberá qual foi, de facto, a fonte da tua frustração.
E então, o que pode ser feito?
Em vez de guardares tudo lá dentro, partilha com a criança. Diz-lhe que aquela pessoa fez algo perigoso e isto chateou-te um pouco. Isto é suficiente. Não tens que continuar a alimentar mais esta emoção negativa ou continuar a falar sobre isso, porque, de qualquer forma, o condutor já se foi embora e não podes alterar nada do que se passou. Por isso, de seguida, acendes a rádio e começas a cantar em voz alta. Se tiveres algum humor, e como Mãe ou Pai tens que ter algum, começas a brincar com a canção que ouves e nalguns minutos ficas a rir-te, e todo aquele incidente vai passar sem deixar marcas.
O MAIS IMPORTANTE: a criança vai perceber e registar o evento para, mais tarde, recordar: “Aha! Em vez de se chatear, a Mãe/o Pai, disse o que a/o incomodou e depois mudou de assunto. Focou-se noutra coisa mais divertida. E ficou tudo bem.”
Assim, a criança entende que está tudo bem se tiver uma emoção negativa, desde que a gere adequadamente, sem se deixar afetada por muito tempo. Porque gerir as emoções é uma escolha de cada um, e pode escolher ficar calma e fazer algo melhor.
Ensinares o teu filho identificar as suas emoções e demonstrares o que sentes e como geres o que sentes, ajuda-o e orienta-o no seu próprio comportamento e ensina-o como pode gerir melhor as suas próprias emoções.
Fala-me sobre como gerem as emoções lá em casa. O que costumas fazer? O que mostras e o que dizes aos teus filhos? Gostava de ouvir a tua experiência!
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