Entrada para o 1º Ciclo | Retenções no pré-escolar
O sucesso nos primeiros anos de escola prediz o sucesso escolar a longo prazo. – Rimm-Kaufman & Pianta, 2000
A entrada de um filho para o 1º ciclo é um momento muito importante na vida da criança e dos pais.
Os pais encaram esta mudança como uma transição do lúdico para o trabalho. “Agora é a sério”– Transmitem como se o período pré-escolar não fosse essencial para o amadurecimento da criança e o desenvolvimento das competências necessárias para prepará-los para este momento.
A criança passa agora a ser um aluno.
Cada vez mais, o bom desempenho escolar dos filhos faz parte das objetivos dos pais. Muito pais, acabam por elevar as expectativas e privilegiar o aluno em detrimento da criança. Se a criança é um bom aluno, muito bem. Se não é, está o caldo entornado. É-lhe exigido mais e melhor. É criada muita tensão à volta dos resultados escolares. Muitas vezes são-lhe atribuídas horas extras de trabalhos e actividades que não deixam tempo para descansar, muito menos para brincar. Todas estas sobrecargas físicas e emocionais podem levar a uma consequente diminuição do desempenho do aluno, e o aumento de uma baixa autoestima derivada do sentimento de falhanço perante os pais.
É essencial que os pais ajustem as suas expectativas em relação à escola, e que dêem tempo para que os filhos progridam. Não se esqueça, que as crianças absorvem todos os sentimentos e atitudes dos pais. Se os pais se apresentam stressados e ansiosos com a entrada no primeiro ano, também para elas esta transição será tensa, e com uma adaptação difícil, vindo a piorar a obtenção de bons resultados.
Crianças Condicionais | Entrada para o 1º ciclo
Em Portugal, “A matrícula no 1º ano do 1º ciclo do ensino básico é obrigatória para as crianças que completem 6 anos de idade até 15 de setembro. As crianças que completem os 6 anos de idade entre 16 de setembro e 31 de dezembro podem ingressar no 1.º ciclo do ensino básico se tal for requerido pelo encarregado de educação, dependendo a sua aceitação definitiva da existência de vaga nas turmas já constituídas (..)”[Despacho n.º 5048-B/2013]
Há umas décadas atrás, os pais de crianças de matricula condicional, ou seja, que completam os 6 anos entre 16 setembro e 31 dezembro, preocupavam-se em que os filhos não perdessem um ano letivo, apenas por terem nascido uns meses mais tarde do que as restantes crianças do mesmo ano civil.
Se não houvesse vaga no agrupamento de escolas da área de residência, dava-se a morado dos avós, dos tios ou outra pessoa qualquer. Escreviam-se cartas ao Ministro da Educação. Reuniam-se condições para inscrevê-los num colégio particular, mesmo quando o orçamento familiar não o permitia.
Porque nessa época havia uma certeza: perder um ano era atrasar os estudos.
Nessa altura, ainda não tinha sido criada qualquer relação entre o fraco desempenho escolar e a entrada precoce na escola.
Nos anos 80, Steve Biddulph, desenvolve uma teoria em que defende que atrasar estas crianças um ano para que iniciem a sua vida de estudante apenas após os 6 anos concluídos, será a opção mais benéfica para o aluno. Sugere que as crianças mais novas se sentem inseguras, ansiosas e inadaptadas. Que retê-las por um ano, proporcionando-lhes mais um ano de brincadeira, é uma boa forma de lhes dar uma vantagem em relação aos mais velhos. Que os pais, ficam menos tensos em relação a resultados, pois estão a apostar numa criança mais confiante mais autónoma e mais madura.
Muitas vezes, a diferença de idades entre crianças que frequentam a mesma turma é de quase um ano.
Steve Biddulph defende que os alunos mais novos não estão fisicamente, emocionalmente ou linguisticamente preparados. Muitas vezes não são suficientemente autónomos ou não têm maturidade para passar a esta fase. Refere ainda o facto de não terem as motricidades finas e motora desenvolvidas como os mais velhos, vindo apresentar-se como uma dificuldade acrescida no aprender a escrever, por exemplo.
Tais factos, vão reflectir-se na sua (não) progressão ao longo do ano letivo. Um desempenho escolar esforçado, sobrecarregado e com resultados medianos pode desenvolver outras características negativas na criança: a baixa autoestima, falta de confiança, desinteresse escolar, isolamento etc.
Mas decisão de não colocar os nossos filhos na escola, e optar por retê-los, numa espécie de chumbo no último ano do pré-escolar, nem sempre é fácil…
No entanto, é importante notar que, apesar da crescente popularidade dessa teoria, as opiniões não são unânimes no que refere benefícios a curto e a longo prazo da aplicação desta medida.
Reter uma criança, oferecendo-lhe tempo para amadurecer, também pode ter impactos significativos a longo prazo. Especialmente no que refere ao desenvolvimento emocional e autoestima da mesma.
Nos estudos que têm vindo a ser realizados, conclui-se:
- O atraso no ingresso parece não ter quaisquer vantagens; pelo contrário, as crianças retidas apresentam autoconceitos diminuídos e atitudes negativas perante a escola . Revela-se ser uma metodologia ineficaz, e não se veio a verificar quaisquer diferenças nas competências académicas destas crianças após a retenção, para além de que contribuiu para a estigmatização social das crianças com dificuldades. (Carlton & Winsler)
- Em vez de fornecer um impulso para o desenvolvimento do capital humano das crianças, esta teoria simplesmente adia a aprendizagem. A longo prazo não se verificam vantagens nesta opção, sendo que, o ano perdido já não se recupera. (Elder & Lubotsky )
Cada criança é uma criança
Todas as opções que tomamos relativamente aos nossos filhos têm sempre prós e contras. Numa situação como o desenvolvimento físico ou intelecto, não podemos pautar duas crianças diferentes por padrões como a idade.
Cada criança é única. Os pais devem tomar a sua decisão relativamente ao facto do filho estar ou não pronto para ingressar o 1º ano, tendo em conta as características da criança. Enquanto que para uma criança pode ser benéfico atrasar um ano, para outras pode ser prejudicial, por isso, deve tomar esta decisão de acordo com o perfil do seu filho. Não existe uma regra. Há de facto competências que se estiverem mais desenvolvidas podem ajudar a realizar esta transição de forma tranquila. Mas também há crianças que chegando aos 6 anos (quase 7anos) ainda não têm estas mesmas competências desenvolvidas.
Idade cronológica e idade emocional
Também é importante lembrar que a idade cronológica nem sempre equivale a maturidade emocional ou mental, e que o tempo não é o único fator de desenvolvimento do seu filho. Na verdade, se há alguém que pode ajudar no desenvolvimento dos nossos filhos, somos nós, pais.
Se até à idade de ir para a escola (entrada no 1º ciclo) os ensinarmos a brincar, se os estimularmos, se lhes lermos histórias, se fizermos atividades plásticas e atividades ao ar livre, eles desenvolverão muito mais a maturidade do que em qualquer ano extra na escola.
Sabemos que cada vez temos menos tempo para estar com os nossos filhos. Por isso temos de transformar este crescimento em momentos de qualidade realizando atividades divertidas, e que os ajude a crescer. Partilhar do crescimento deles, e ter noção real das suas características e capacidades, é essencial para os ajudar na transição para o 1º ano.
Lembre-se, essa transição deverá ser um grande momento para os nossos filhos. Não um momento de stress e tensão para toda a família.
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34 comentários
Os estudos mais recentes mostram que a melhor idade para iniciar o ensino formal são os 6,5 anos. Claro que cada criança é um indivíduo único e, por isso, devem ser os pais em conjunto com os Educadores e outros profissionais que conheçam a criança a decidir o que será melhor. Não me parece correto o uso da palavra “retenção” no pré-escolar. Deveriam chamar “Adiamento da entrada no 1. Ciclo”. Retenção tem uma conotação negativa e dá a sensação que a criança está a perder um ano, quando na verdade pode estar a GANHAR… Ganhar tempo para crescer, para ficar mais autónoma, mais madura e mais capaz de pensar de forma abstrata – que será esperado ao tornar-se aluno do 1. Ciclo. Falam sobre o fabuloso sucesso escolar da Finlândia onde as crianças entram apenas com 7 anos. Conselho de uma Professora de 1.o ano do 1. Ciclo: vão espreitar os manuais do 1. Ano e vejam a complexidade daquilo que será exigido aos vossos educandos. Ao fim de 181 dias letivos, os vossos filhos têm de ser capazes de ler 55 palavras por minuto, já para não falar em todas as outras aprendizagens. Leiam este artigo do ISCTE com referências bibliográficas: https://primeirosanos.iscte-iul.pt/2020/04/22/antecipar-ou-adiar/ Boa sorte! 🙂
Bom dia,
a minha filha faz 6 anos a 12/Outubro.
Em julho de 2020 mudou de escola e ingressou na turma da sua idade, dos 5 anos, num colégio privado. Mudou sozinha, sem nenhum amigo. Adaptou-se bem mas levou tempo à sua integração. Gosta da escola e chega a casa todos os dias muito entusiasmada.
Agora estou na duvida sobre a sua entrada no 1º ciclo, mantendo-a no mesmo colégio. A educadora refere que, no caso em concreto da minha filha, a menina deva prosseguir com o grupo, pois o dano de ficar um ano e voltar a integrar uma nova turma é maior que prosseguir. Sei que a deveria ter colocado na sala dos 4 anos e evitava toda esta situação e dúvida, mas não o tendo feito, não sei qual será a melhor decisão.
Devo procurar alguma ajuda profissional em termos de avaliação psicológica?
Muito obrigada
Olá Carla, sim, se tem dúvidas deverá mesmo recorrer a um psicólogo que a possa ajudar a avaliar o desenvolvimento da criança. É muito importante balançar depois com a pare emocional. A decisão final será sempre dos pais, mas o psicólogo ajudará a responder a diversas questões quer do foro do desenvolvimento com da parte emocional.
Obrigada
Olá. Parabéns pelo artigo. Li também todos os comentários, e realmente só quem passa por esta situação sabe que custa horrores…
Estou na mesma situação neste momento. O meu filho tem 5, só fará os 6 em dezembro. Todos os “melhores” amigos passarão para o 1ciclo, os com 6 anos e todos os condicionais. Mesmo aqueles que não estão preparados, mas que insistem com a professora que os querem passar…
Eu então sou ao contrário. Pus na minha cabeça que ele ficaria na pré. Mais um ano de brincadeira, de “alguma liberdade”. Quase não teve pré por causa do Covid, é o que sinto. É muito tímido, envergonhado, penso que também a nível emocional não está preparado para seguir. Queria muito que ficasse, para mim não é perder nada.
Mas todos os amigos vão seguir, tenho o meu coração desfeito… Não sei que fazer. Sei que não me posso reger pelos amigos, pois o que conta é ele, a aprendizagem que terá. Mas por outro lado, também o grupo em que está inserido é muito importante no seu desenvolvimento…
Não sei que fazer, só tenho vontade de chorar, sem saber o que decidir…
Olá Hélia, se acha que o seu filho não estava preparado é mesmo melhor ficar um ano retido. Provavelmente poderá combinar programas com os amigos aos fins de semana para manter sempre o contacto. Com tempo irá adaptar-se à nova turma e fará novos amigos. Passados uns anos verá que o que agora parece ter muita importancia, de futuro não terá. Mas a aprendizagem comprometida poderá ser um fardo que carrega ao longo de vários anos de escolaridade.
Olá! E o que decidiu! Mãe já ansiosa pela decisão a tomar
Qual a vossa opinião, uma retenção feita em creche. Sabendo que quando a criança ingressa em jardim de infância segue com o grupo até ao 1.º ciclo. Obrigada
Bom dia,
se os pais estão efectivamente decididos em reter a criança um ano, permitindo assim que desenvolva algumas das competências com mais maturidade, consideramos benéfico que essa retenção seja feita na sala conjunta dos 3, 4 e 5 anos, pois reduz o impacto emocional nas crianças. Aos 5 anos, uma criança é preparada para ser “finalista” da pré, preparada para ir para “a escola dos crescidos”, já tem um grupo de amigos que a acompanham nos últimos anos. Se ficar retida nos 5 anos, ou seja, na pré-primária, terá uma maior preceção dessa retenção que poderá (ou não) ser entendida como um “ficar para trás” e perder os amigos, criando problemas de insegurança e autoestima.
Boa sorte
Olá! Minha filha completa 6 anos final de janeiro. Acho ela bastante avançada para a idade dela. Ela poderia entrar no primeiro ciclo em setembro do ano anterior de alguma forma? Com requerimento ou declaração dos professores do jardim de infância?
Desde já obrigada!
Bom dia. Estamos de facto muito indecisos quanto à entrada de um dos nossos filhos que faz anos no inicio de novembro no 1º ciclo. Apesar de acharmos que tem desenvolvido algumas competências nos últimos dois a três meses (poque puxámos por ele), não contactámos ainda uma psicóloga que nos desse uma opinião mais profissional da ida ou não do menino para o 1º ano. Acresce que a situação da pandemia veio problematizar mais toda a situação, porque não temos a opinião da educadora que o acompanhou no inicio deste ano letivo (até ao encerramento dos estabelecimentos). Se as aulas vierem a ser on-line a situação poderá vir a comprometer ainda mais o sucesso do menino se vier a inscrever-se no 1º ano, mas não sabemos… defendo as aulas online, mas para meninos do 1º ano não sei até que ponto iram resultar. É depois necessário que esteja o pai ou a mae com ele, o que devido às nossas vidas profissionais, pode tornar-se dificil. No entanto gostaria de saber a vossa opinião, se possível. Por último dizer que gostei muito do vosso site, que apenas vi hoje. Obrigada.
Olá Maria de Jesus, de facto a situação da pandemia veio a comprometer o desenvolvimento de todas as crianças, porque obviamente o acompanhamento online não é igual ao presencial. Na nossa opinião, quando os pais têm dúvidas o melhor é deixar a criança mais um ano no pré-escolar onde terá a oportunidade de brincar mais um ano, amadurecer, e desenvolver competências básicas como a motricidade. Boa sorte com a vossa escolha. Um beijinho
Olá. Dom Domingo.
O meu filho faz 6 anos no final de Novembro. E estou muito angustiada pois eu e o pai nao partilhamos da mesma opinião. Eu penso qe deveria ficar mais um ano no pré escolar e o pai pensa que deve iniciar o ensino primário. O menino tem algumas dificuldades a nível de linguagem e chora imenso quando tem de executar qialquer tipo de trabalho… faz sempre contrariando… eu já nem durmo a pensar nisto. Gostava de saber a vossa opinião
Olá Fátima,
o importante é perceber se a criança se encontra preparada para ir para o primeiro ano. Se trabalha contrariado e chora, é provavel que não tenha maturidade para avançar, e que seja um ganho futuro para ele ficar mais um ano na brincadeira!
Obrigada
Bom dia,
O meu filho tem 5 anos (3/7/2010) e cheguei agora en Portugal ( vivia na Suica) nao sei aonde tenho que ir para fazer a inscricao pra o pre escolar. Estou en Odivelas e sei que as matriculas erao ate o dia 22 de junho. Para pessoas que acabao de chegar como é que se pode fazer?
Olá Alexandra, o melhor é informar-se na Junta de Freguesia da sua área de residência. OIbrigada!
Excelente artigo.
Tenho uma filha condicional na escola pública. Este ano ficará no pré-escolar. No próximo ano, quase com 7 anos, irá para o 1º ano. Feliz da vida por ficar mais um ano com a Educadora que adora. São 8 crianças na turma nas mesmas condições.
Consideramos essencial mais um ano de pré-escolar depois serão pelo menos 12 anos de estudos e trabalhos para casa e exames. Nós, os Pais, após 18 anos de estudantes continuamos a estudar como tal acreditamos que não será 1 ano que a atrasará.
Bom dia,eu estou com esse problema querendo deixar o meu filho mais um ano na pré escola porque a Psicolga e eu achamos que ele não esta preparado para ir para a 1classe e disseram me por ele já ter os seis anos feitos não o posso reter.o que posso fazer
Bom dia,eu estou com esse problema querendo deixar o meu filho mais um ano na pré escola porque a Psicolga e eu achamos que ele não esta preparado para ir para a 1classe e disseram me por ele já ter os seis anos feitos não o posso reter.o que posso fazer
Olá Ana, se ele já completou os 6 anos, não sei se há hipótese de reter. No ensino privado, consegue-se, no ensino publico terá de ver. Pode seguir, e depois ficar no segundo ano, onde se deixam muitas vezes crianças retidas por questões de maturidade. Até lá, pode ser que dê um salto e deixe de ser preciso 🙂
Olá Ana! Não deixe o seu menino entrar na Escola, mesmo tendo 6 anos feitos, se ele não estiver preparado!
Não faça isso! Ele ficará desde cedo com uma impressão muito negativa do seu desempenho escolar, andará a reboque dos outros e sempre com muita falta de auto estima e frustração!
Com o devido respeito, o conselho da UpKids de repetir a 2.ª classe é um péssimo conselho!
Nem acredito na ligeireza da resposta que lhe responderam! Pois, nessa altura, eles já são crescidos e já se apercebem que não estão a acompanhar o Grupo!
Vai fazer o seguinte:
Embora o prazo tenha acabado em 15 de maio, tente adiar a entrada na 1.ª classe , através de requerimento na Direção Geral do Estabelecimento Escolar da sua região ou no atual infantário que onde frequenta (que remete o pedido para a entidade competente) pedindo o adiamento.
Faz o pedido e e junta o PLANO EDUCATIVO INDIVIDUAL (PEI) feito pela educadora a propor a retenção (dec.lei n.º 3/2008) e o parecer da psicóloga e uma declaração da Escola a dizer que pode ficar mais 1 ano no Pré Escolar ou de outra Escola se naquele jardim infância não poder ficar!
E espere pela decisão.
Se não conseguir adiamento, escolha ( se tiver posses para isso) uma IPSS com primária, com turmas pequenas ( no máximo 12 alunos) para lhe darem mais atenção.
Se for para uma Pública ( com 20 e poucos alunos), peça e exija Apoio consoante as necessidades do seu menino ( terapia da fala para linguagem, terapia ocupacional para motricidade fina ou outras).
Não se deixe ficar com o argumento de que o sucesso na Primária depende da Sorte e do acaso!
Sabia que na Finlândia, nos Estados Unidos e até em Portugal ( noutros tempos), os meninos entravam para a Primária só com 7 anos, por questões de maturidade e Outras?
Decida o MELHOR para o seu FILHO. SEM MEDO.
Ele CONTA CONSIGO.
Cara Sofia, em primeiro lugar agradecemos a sua preocupação pelos outros leitores, mas pedimos-lhe que doravante, quando der a sua opinião não ataque as restantes. A nossa resposta, obviamente, não foi dada com ligeireza nenhuma.
Tal como a Sofia acredita que pedagogicamente é preferível reter uma criança na pré-primária, nós temos alguns especialistas que defendem que só se retém uma criança após os 7 anos completos, idade em que a criança (em principio) já definiu a lateralidade.
Que até aí, estamos a traumatizar emocionalmente uma criança que esteve todo o ano a ser preparada para avançar para o 1º ciclo, e depois fica retida. (Não pense que uma criança de cinco anos não tem a perfeita consciência que os colegas avançam e ela não.)
Posto isto, e por termos especialistas que acompanharam psicologicamente tanto crianças que foram retidas aos 5 anos, não se verificando depois a evolução esperada devido ao tempo ganho para desenvolver a maturidade; como também acompanharam crianças que avançaram com 5 anos e completaram os 6 anos já no 1º ano, que embora parecessem pouco preparadas e ainda imaturas, ao fim de pouco tempo revelaram um desempenho igual ao dos outros colegas, demos o conselho, após nos informarmos, que a criança poderia vir a ficar no 2º ano caso se verificasse essa necessidade mais tarde.
Compreendemos e respeitamos todos os princípios em que se rege para acreditar que é melhor reter uma criança na pré do que no 2º ano, mas como deve saber, não há nenhum estudo que comprove essa melhoria. Nem a curto nem a longo prazo.
Por isso, o melhor conselho perceber caso a caso o que será melhor para a criança.
Quanto ao seu conselho, convém fazer a ressalva de que a Ana e a psicóloga que acompanha a criança acham que não está preparado para ingressar no 1º ciclo. Uma criança não preparada não é necessariamente uma criança com NEE.
Agradecemos a participação e o esclarecimento técnico, que pode ser muito útil para quem se encontre em situação idêntica.
Obrigada
Olá, Up to Kids!
Não quis insultar ninguém e muito menos o Vosso Trabalho. Lamento que o tenha sentido assim.
Simplesmente exprimi a minha Opinião. Não me parece acertado ou sensato referir ” Pode seguir, e depois ficar no segundo ano, onde se deixam muitas vezes crianças retidas por questões de maturidade” a propósito de uma criança em relação à qual já existe um Parecer de um Psicólogo a propor o adiamento, sendo que os Encarregados de Educação também partilham da mesma Opinião.
Além disso, tendo a Up to Kids a visibilidade que tem, esperava-se uma Resposta mais completa a propósito de uma situação tão angustiante vivida por uma Mãe.
Obrigada pelo Direito de Resposta.
Cumprimentos e Continuação de um Bom Trabalho.
Olá Ana!
Se o seu menino não está preparado para entrar na primaria e já tem 6 anos feitos, faça o seguinte:
Peça adiamento da entrada na primária, através de requerimento na Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares ou no infantário que frequenta, e junte o PLANO EDUCATIVO INDIVIDUAL (PEI) previsto no Dec.Lei n.º 3/2008, PARECER DA PSICOLOGA a propor a retenção e DECLARAÇÃO DA ESCOLA a dizer que pode ficar mais 1 ano.
A retenção na 2.ª classe não é boa opção. Os meninos apercebem se que não estão a acompanhar o GRUPO e ficam desde cedo com uma impressão do seu desempenho Escolar negativa.
Se não conseguir adiamento, escolha uma Escola com poucos meninos por turma ( no máximo 12). Se for para uma Publica, peça e exija APOIOS na terapia da fala, terapia ocupacional (motricidade fina) ou Outros.
Sabia que na Filândia, Estados Unidos e Portugalnoutros tempos, os meninos entrava com 7 anos na Escola por uestões de maturidade ou Outras?
Decida o melhor para o seu Filho. Ele conta consigo.
Olá, sou brasileira e meu marido fará uma parte do seu doutoramento em Lisboa esse ano e vamos toda a família. Tenho um filho que completa 6 anos em Julho/15, já estuda aqui no Brasil. Em Portugal ele entrará no 1º ano do primeiro ciclo. Estou a buscar boas escolas em Lisboa, você indicaria algumas?
Olá Lúcia, já sabem em que zona vão residir?
Ainda não decidimos, talvez freguesia Alvalade ou São Domingos de Benfica. Mas podemos decidir a zona pela escola. Não conheço nada de Lisboa.
Lucia, primeiro tem de optar se vai colocar numa escola pública, privada ou semi-privada.
Onde se lê “espectativas” deve ler-se “expectativas”.
Tirando isso, muito bom!!!
Obrigada Silvia. Uma gralha que demorei a detetar. Num parágrafo estava correto no outro não 🙂
Pior é deixarem a criança entrar com 5 anos, ir passando com dificuldade, sentir-se inferior, na idade e nas capacidades, e não verem que durante 9 anos (do 3º ao 12ºano) tinha dislexia….
A angustia torna-se em frustração, medos, revoltas, desânimo, depressão e por vezes suicídio….
É importante estar atento e olhar caso a caso….
P. S.- Depois de muitas lutas esta criança formou-se, tem um curso proficional, licenciatura e mestrado. Mas muitas outras ficam pelo caminho…
e se essa criança de 5 anos tiver uma maturidade equivalente a uma de 8? e se tiver competências acima da média? Não se irá sentir frustrada por estar a estudar com colegas da mesma idade que não têm o mesmo nível de desenvolvimento? Não digo que seja uma criança sobre-dotada, mas que a verdade é que sente frustração em diversas atividades com crianças da mesma idade devido à sua superior capacidade motora e mental. Já agora, profiSSional.
Obrigado
Claro Tim, por isso o ideal é avaliar caso a caso.
Mais importante ainda é conhecer a criança e questionar os seus desejos a fim de tornar esta fase em algo bom e não num bicho. “Não vais porque não estas preparada”, a criança pensa que é inferior aos outros e fica angustiada. É importante falar com ela e perceber os seus interesses, capacidades e desejos.
É um assunto bastante relevante e complexo.
O que acaba por ser mais importante será olhar para cada criança e perceber em que aspetos se pode intervir para que a sua entrada no 1º ciclo aconteça com o maior sucesso possível… Intervir, preparar.
No fundo, passa por fazer a criança evoluir, tornar-se mais capaz e apta a fazer face aos desafios que lhe traz uma nova etapa da sua educação 🙂