Estaremos a preparar os filhos para a adolescência?
Pensando nesta viagem entre o planeamento do nascimento (quando o há) até à vida adulta dos nossos filhos…
Já pensaram nesta questão em voz alta? Ou mesmo em silêncio?
Acredito que a maternidade e paternidade são muito mais do que dois cromossomas unidos e sobre isso já teci várias considerações .
A primeira infância
A primeira infância passa a correr. Entre mudas de fraldas, as primeiras colheres de sopa, algumas quedas e visitas frequentes ao centro de saúde. As febres, viroses e afins, as birras e as noites sem dormir. Passa a correr. E quando finalmente desacelaramos, a criança atingiu os dois primeiros anos de vida. Se o trabalho de casa foi bem feito (e deve ter sido), ela tem em si muitas ferramentas que facilitarão a etapa seguinte. Estou, evidentemente, a falar da estimulação do desenvolvimento global do bebé, que é crucial para o desenvolvimento futuro.
Apercebi-me, há alguns dias, que está novamente em desuso contar histórias em ambiente familiar, falar com a criança ou cantar. Permitir a brincadeira ao ar livre, as quedas, o sujar e o brincar…
Isto preocupa-me.
Entrada para a escola e 1º ciclo
Numa segunda fase, a criança transita entre o pré escolar e o primeiro ciclo e inicia-se a fase das aquisições consideradas importantes. A educação do currículo evidencia-se em detrimento das artes. Pintar, desenhar, dançar ou cantar são atividades de preenchimento de horários. Com sorte, terão pais e mães atentos que lhes permitirão trabalhar estas áreas de expressão em casa ou noutros contextos.
Surgem as atividades extracurriculares que dão aso à liberdade da criança quando estas têm a possibilidade de as escolher por iniciativa própria e não por imposição de elites sociais, caindo no erro de não contribuírem efetivamente para as necessidades da criança.
A adolescência | Estaremos a preparar os filhos para a adolescência?
O tempo passa a correr e logo o segundo e terceiro ciclo chegam e o bebé, é de repente, adolescente. E agora?
Foram criados os laços afetivos necessários na infância?
O jovem adolescente sente a sua casa como um lar onde poderá partir e voltar, sendo acolhido nas suas escolhas?
Poderá partilhar as suas ansiedades, dúvidas e questões?
Irão respeitar o seu espaço, a sua integridade física e moral? Os seus silêncios…
Às vezes sim , outras não…E assim vamos modelando adultos que nunca ouviram um Acredito em ti , És capaz, Estou aqui se não der certo, Tenho orgulho em ti, Gosto de ti, Apesar do teu comportamento estou aqui contigo!
O verbo amar nem sempre se resuma a: tens fome, tens sede, tens escola, tens roupa, tens dinheiro…
O tic tac do relógio está a contar, já pensou neste caminho?
É igual ao seu? Talvez sim, talvez não!