A fase em que os nossos filhos largam as fraldas é, sem dúvida, uma das mais importantes nos primeiros anos de vida. Trata-se de uma grande conquista para a criança, e para os pais, que constatam o desenvolvimento do/a filho/a – para além de dar lugar a uma etapa mais económica tanto no que respeita às finanças como ao tempo que se leva a trocar fraldas.
O desfralde ocorre geralmente por volta dos 2 anos e meio – 3. Por vezes ocorre mais cedo, outras mais tarde.
Habitualmente, o desfralde ocorre em 3 fases: desfralde diurno, desfralde na sesta e desfralde noturno. É uma altura em que precisamos de doses extra de paciência, até chegar o grande momento em que a criança efetivamente não precisa de mais fraldas.
Há que ter em atenção se a criança está preparada para o desfralde, de forma a que não seja um desfralde precoce, que, pode eventualmente levar à enurese – uma perturbação em que a criança faz frequentemente «xixi» na cama, numa altura em que essa questão já deveria estar ultrapassada.
Após detetar sinais que o fazem considerar que a criança está efetivamente pronta para iniciar o desfralde, então torne este processo contínuo e irreversível. Começar o processo e desistir rapidamente porque a criança por vezes não avisa a tempo que precisa de ir ao bacio, ou porque nos dá jeito (e muitas vezes, o facto é que nos dá), não ajuda.
E, se uma criança já deixou definitivamente de usar fraldas, mas por algum motivo atravessa uma fase de enurese (urinar na cama), jamais volte a usar a fralda. Para além de contraproducente, afetaria a auto estima da criança.
Esta fase será mais eficiente se resultar de uma parceria entre pais, avós/família, e educadoras. Se a ida ao bacio for semelhante em qualquer dos locais (casa/creche), será mais fácil para a criança.
Ajuda muito se encarar o desfralde tal e qual o que é: uma fase. Por isso, em vez de se irritar com os acidentes frequentes na roupa e na casa (irritação que a criança inevitavelmente sente) torne a sua vida mais fácil minimizando o cansaço e o desgaste. Comece por arranjar um bacio ou um redutor para a sanita, remova os tapetes de casa, peça colaboração às educadoras, observe a criança para captar mais sinais para a poder apoiar.
Outras estratégias que podem facilitar esta fase:
- perguntar de 20 em 20 minutos se a criança precisa de ir ao bacio/casa-de-banho
- diminuir a ingestão de líquidos antes de dormir
- adquirir um resguardo para a cama.
- usar cuecas de treino – um híbrido entre a fralda e a cueca (são menos absorventes e vestem-se como cuecas, não existem velcros). Padrões divertidos serão um bom estímulo.
- usar um tapete impermeável, fácil de limpar. Se for fácil de transportar ainda melhor, porque pode levar para a praia ou para um jardim
- fazer do momento do bacio uma brincadeira, um momento lúdico, tranquilo
- fazer «xixi» antes de ir para a cama
- usar uma capa impermeável que proteja a cadeirinha auto ou de comer.
- nunca envergonhar a criança
- quando há crianças próximas mais crescidas (por exemplo primos) pode pedir-lhes que mostrem ao pequeno como fazem
- se a criança tem algum boneco com que dorme, este pode ser um bom aliado. Peça ao boneco, diante da criança, que avise a criança (baixinho, durante a noite) quando precisar de acordar para ir ao bacio. Isto cria na mente da criança um alerta subtil para estar atenta à vontade de urinar durante o sono.
Quanto à tendência que temos para fazer uma “festa” quando a criança consegue utilizar o bacio a tempo, para que a criança se sinta recompensada, há que ter em conta, por outro lado, o cuidado necessário para que a criança não se sinta frustrada quando não conseguir.
Dê liberdade à criança para que ela «erre». Como é que a criança pode perceber as suas necessidades fisiológicas sem que as veja, que as sinta? Já todos passámos por isto ?
E haverá melhor altura do ano para se iniciar o desfralde do que o Verão?
imagem@bonpic
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